sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Luís Rocha Monteiro: Biólogo, cientista e ambientalista notável

Luís Rocha Monteiro: Biólogo, cientista e ambientalista notável

A 11 de dezembro faz 23 anos que faleceu, no acidente aéreo ocorrido na ilha de São Jorge, o biólogo e investigador do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, Luís Manuel Ribeiro da Rocha Monteiro.

Luís Monteiro, que tem o seu nome perpetuado através do painho-de monteiro (Oceanodroma monteiroi), uma nova espécie de ave marinha que descobriu e estudou, foi muito mais do que um mero investigador universitário. Com efeito, nos seus curtos 37 anos de vida, desenvolveu uma atividade cívica digna de registo, quer através da sua participação associativa, quer através das campanhas de defesa do património natural que implementou.

No que diz respeito ao associativismo ambiental, Luís Monteiro foi o principal dinamizador do Núcleo do Faial da Quercus e foi membro dos Amigos dos Açores-Associação Ecológica.

No que concerne a ações de sensibilização e educação ambientais e de pressão política, destacamos o “Projeto Azorica”, a campanha “Um espaço para os Garajaus” e “A Escola e o Cagarro/SOS Cagarro”.

Entre 1990 e 1995, Luís Monteiro foi o criador e principal dinamizador do “Projeto Azorica” que consistiu numa petição intitulada “Pela Sobrevivência da Vegetação Autóctone dos Açores”. A petição tornada pública em março de 1990, recolheu 6527 assinaturas, tendo sido entregue, em 1992, aos órgãos de soberania regionais, nacionais e comunitários. Como resultado desta petição, em 1995, a Assembleia Legislativa Regional aprovou uma Resolução (nº 13/95/A) onde recomendava que o governo implementasse um plano visando a proteção e conservação efetiva das zonas ecologicamente mais valiosas do Arquipélago, do ponto de vista botânico.

Em março de 1993, por iniciativa de Luís Monteiro e com a colaboração dos Amigos dos Açores, foi lançada a campanha “Um espaço para os garajaus”, em defesa dos garajaus, comum e rosado, tendo naquele ano e nos seguintes sido editados milhares de folhetos sobre as duas espécies, que foram distribuídos essencialmente nas escolas, e foram promovidas pequenas exposições, também em escolas e em sedes de juntas de freguesia.

Por iniciativa de Luís Monteiro as ações em defesa dos cagarros começaram em novembro de 1993, altura em que foi lançada a campanha “A escola e o cagarro” no âmbito da qual foi aplicado um inquérito, sobre a espécie, destinado a alunos das escolas, nomeadamente do 1º e 2º ciclos do ensino básico e distribuídos 10 mil folhetos informativos sobre a espécie.

Dois anos depois também por iniciativa de Luís Monteiro, surgiu a campanha “SOS Cagarro”, no âmbito do projeto LIFE “Conservação das comunidades de aves marinhas dos Açores”. Para a concretização do projeto a Direção Regional do Ambiente colaboraria com o DOP na coordenação e execução das ações de conservação direta e participaria nas ações de inventariação e monitorização de espécies. Por seu turno, os Amigos dos Açores apoiariam as ações de conservação direta, nomeadamente informação e sensibilização.

Com a sua morte prematura a Ciência e a sociedade perderam um grande investigador e um ativista ambiental que muito teria a dar para a construção de uma sociedade açoriana mais respeitadora de todos os seres vivos.

O Núcleo Regional dos Açores da IRIS-Associação Nacional de Ambiente recorda-o com saudade e não o esquecerá.

Açores, 10 de dezembro de 2022

P'lo Núcleo Regional dos Açores da IRIS

Teófilo Braga

Fotografia: http://siaram.azores.gov.pt/.../luis-rocha.../galeria/2.html

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