sábado, 6 de abril de 2024

Pastel

Pastel
O pastel, também conhecido por pastel-dos-tintureiros (Isatis tinctoria L.) é uma planta pertencente à família Brassicaceae, oriunda da Região Mediterrânica, Europa Central, sudoeste da Ásia; tendo sido introduzido noutras regiões do globo, nomeadamente nas temperadas da Eurásia, onde foi cultivado como planta tintureira e medicinal.

O pastel, também conhecido por pastel-dos-tintureiros (Isatis tinctoria L.) é uma planta pertencente à família Brassicaceae, oriunda da Região Mediterrânica, Europa Central, sudoeste da Ásia; tendo sido introduzido noutras regiões do globo, nomeadamente nas temperadas da Eurásia, onde foi cultivado como planta tintureira e medicinal.

O pastel é uma planta bienal, raramente perene, mas de vida curta, que pode atingir 1,5 m de altura com folhas oblongas e lanceoladas e flores, que surgem entre maio e setembro, amarelas são muito visitadas pelas abelhas.

A presença do pastel nos Açores data deste os primeiros tempos do povoamento, tendo Gaspar Frutuoso a ele feito referência por diversas vezes. A título de exemplo, no capítulo XXXVIII das Saudades da Terra podemos ver o seguinte: “…Era terra muito delgada, mas com a invenção do tremoço com que a outonam, engrossou já tanto que é tida em muita conta; não tem outras mais granjearias que as ditas, para sustentar seus moradores, e, se se faz algum pastel, é pouco ….”

Sobre o pastel, Ruy Teles Palhinha, no seu “Catálogo das Plantas Vasculares dos Açores” escreve que se cultivou até ao Século XVIII e “que Drouet ainda encontrou subespontânea, não voltando a ser observada ulteriormente.”

De acordo com o Dr. Carreiro da Costa, num texto de 1957 publicado no nº 25 do Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, a exploração do pastel foi “uma das principais fontes de riqueza dos Açores, durante aproximadamente os dois primeiros séculos da vida insular”. Ainda segundo o mesmo autor, “o pastel dava um azul muito fino e sólido, apreciadíssimo na Flandres”.

Depois do pastel ter deixado de ser cultivado, o azul passou a ser obtido por outros processos, um dos quais consistia na preparação de uma solução de anil ou pedra azul da loja, urina e aguardente.

Sobre a introdução do pastel e a sua importância na economia, o arquiteto paisagista micaelense José Marques Moreira no seu livro “Alguns aspectos e intervenção humana na evolução da paisagem da ilha de S. Miguel (Açores), publicado em 1987, escreveu o seguinte:
“Mas uma das culturas mais importantes introduzidas por Rui Gonçalves da Câmara, falecido em 1497, foi sem dúvida a do pastel- Isatis tinctoria L.- crucífera cujas folhas, “depois de moídas em engenhos de água ou de besta”, produziam uma anilina azul, melhor do que o anil, exportada em granulado para a tinturaria do Norte da Europa. …
O peso económico desta planta assumiu tal importância que a sua cultura, com uma produção que atingiu 60 000 quintais, chegou a sobrepor-se e a substituir alguma de trigo, cujo valor de 15 cruzados ficava muito aquém dos 250 cruzados do pastel.”

O pastel também se cultivou noutras ilhas dos Açores como o Faial ou a Terceira, onde nesta última, existiram grandes áreas cultivadas.

No livro “O pastel na cultura e no comércio dos Açores”, Valdemar Mota (1991), acerca do cultivo daquela planta escreveu o seguinte:

“No ano de 1537 a ilha Terceira produziria 15 ou 16 mil quintais e no ano de 1538 20 mil quintais, segundo uma previsão que fez ao Rei o provedor das armadas Pero Anes do Canto. Na vizinha ilha de S. Miguel, nos finais do século XVI ao que revela documento inserto no Archivo dos Açores andava por 60 mil quintais com um valor de 160 000 cruzados.”

No que diz respeito ao seu uso medicinal, “as propriedades antissépticas, antibacterianas e anti-inflamatórias da Isatis tinctoria são conhecidas desde a antiguidade greco-latina. A planta ainda é usada na medicina tradicional chinesa para tratar pequenas feridas.” (https://shop.herdadedopilriteiro.com/products/pastel_dos_tintureiros).

Atualmente o uso do pastel é quase limitado à tinturaria artística e até há poucos anos era possível encontrar o pastel no Quintal Etnográfico da Ribeira Chã que regularmente fazia a sua sementeira.

Teófilo Braga

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