Sábado, Outubro 04, 2008
A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) aprovou hoje, em Coimbra, uma resolução que repudia o Estatuto da Carreira Docente e que exige um modelo de avaliação de desempenho "que respeite os professores".
O documento foi aprovado no decorrer da conferência nacional subordinada ao tema "Professores de Qualidade em Escolas de Qualidade", para assinalar o Dia Mundial do Professor, que se realizou durante todo o dia de hoje em Coimbra, e será enviado aos grupos parlamentares na Assembleia da República. João Dias da Silva, líder da FNE, afirmou à agência Lusa que é "inaceitável a existência de uma prova de ingresso na carreira docente, a divisão dos professores em duas categorias, que é desnecessária, inútil e incompreensível," e um modelo de avaliação baseado em quotas para acesso aos níveis superiores de avaliação. O dirigente federativo critica o estatuto de carreira docente por este impedir que dois terços dos professores acedam automaticamente ao topo da carreira, não pela qualidade do trabalho, mas "porque burocraticamente se lhes impede, por muita qualidade que tenham", e denuncia atropelos nas escolas na marcação de trabalhos e reuniões. O secretário-geral da FNE garantiu ainda que aquele organismo vai construir uma proposta alternativa ao modelo de desempenho dos professores e "contribuir seriamente para uma solução que seja exequível e mobilize as pessoas". "Nós vamos já começar a discutir com os professores várias modalidades com vários intervenientes, vários critérios e vários instrumentos até sermos capazes de encontrar uma solução final", reiterou João Dias da Silva, adiantando que, em Abril de 2009, altura em que vai decorrer o período de negociação com o Governo, a FNE terá uma proposta para apresentar. "É um estudo que vai ser feito ao longo dos próximos tempos com os professores. Aquilo que nós queremos é um modelo que seja simples, que não seja burocrático, mas que seja sobretudo percebido pelas pessoas", acrescentou o responsável. O líder da FNE denunciou ainda situações de "autoritarismos e excessos que estão a campear" nas escolas, afirmando que o Ministério da Educação "tem obrigação de intervir para evitar que a avaliação de desempenho se torne no centro da preocupação dos professores, desviando a sua atenção daquilo que deve ser o seu motivo mais importante de atenção: o seu trabalho com os alunos". "Isto significa que o processo de avaliação tem de ser despido de tudo o que é excesso em burocracia, em papelada, em reuniões inúteis, que só servem para criar stress e medo", frisou.
(extraído de Luta Social)
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