Percurso Pedestre Praia de Água d’ Alto - Lagoa do Fogo
O percurso pedestre que hoje propomos é o mais visitado do concelho de Vila Franca do Campo e um dos mais procurados pelos turistas que visitam a ilha de São Miguel.
O primeiro roteiro do referido percurso foi editado pela primeira vez, pelos Amigos dos Açores, em 1987, com texto de Teófilo Braga e de Francisco Botelho e versão em inglês de Geoge Hayes. Depois da primeira edição, dada a elevada procura do mesmo, muitas outras se seguiram, a última das quais se não estamos enganados, em 2003.
O percurso pedestre sugerido pelos Amigos dos Açores, com uma extensão aproximada de 12,6 km, era diferente do que está homologado, segundo cremos pelo facto de uma parte do mesmo se realizar em caminho privado.
Com uma extensão aproximada de 11 km, o trilho que hoje descrevemos, com base no texto dos Amigos dos Açores, é de dificuldade média e tem um tempo médio de duração de 4 horas, dependendo sempre da condição física de quem o percorre.
Nos inúmeros passeios que os Amigos dos Açores promoviam, o ponto de partida e de chegada situava-se sempre na Praia de Água d’Alto. Hoje é costume começar o trilho um pouco mais a norte, no local onde o caminho bifurca e que está devidamente assinalado.
Na subida, à direita, encontram-se as ruinas de uma antiga fábrica de desfibração de espadana. A espadana ou linho da Nova Zelândia ou tabua é uma planta oriunda da Nova Zelândia que foi introduzida, segundo o Dr. Francisco Carreiro da Costa, na ilha de São Miguel, em 1828, por Francisco Lopes Amorim.
A exploração industrial ter-se-á iniciado depois de 1880, ano em que José Bensaúde e José Jácome Correia adquiriram uma máquina para a sua desfibração e a instalaram em Ponta Delgada, tendo-se expandido muito de modo que, segundo o autor referido, em 1930, laboravam “sete fábricas de desfibração de espadana cujo produto final durante a última grande guerra e mesmo depois atingiria cifras elevadas”.
Continuando o percurso chega-se à levada que serve para transportar a água da ribeira até à Central Nova, aproveitamento hidroelétrico que entrou em funcionamento em 1927 e que ainda se encontra em serviço.
Se no início do percurso o eucalipto era a espécie vegetal mais abundante, ao longo da levada podem ser observadas, entre outras, algumas espécies da flora nativa dos Açores, como o folhado, a uva da serra, o louro e o azevinho.
Continuando o percurso que conduz à margem da Lagoa do Fogo, chega-se a uma muito pequena barragem, onde começa a levada. Neste local e até chegarmos à lagoa, a vegetação é bastante baixa, com predomínio para a urze e para o queiró. Na água que é detida pela barragem ou nas suas margens podemos ver, entre outras, as seguintes espécies: rabaça , cavalinha e junco. Aqui, também, é possível a observação de algumas aves, como o tentilhão, o milhafre e a alvéola.
A primeira parte do percurso termina nas margens da lagoa do Fogo, uma das mais belas lagoas açorianas. De acordo com a descrição constante no livro “Lagoas e lagoeiros da Ilha de São Miguel”, editado pelos Amigos dos Açores, a Lagoa do Fogo localiza-se no topo do Vulcão do Fogo, numa caldeira de colapso que se formou há cerca de 15 mil anos, tendo a última erupção ocorrido no ano de 1563.
Nas águas da lagoa vivem diversas espécies piscícolas, como a carpa, a ruivaca e a truta arco-íris. Nas suas margens nidificam, entre outras, duas espécies de aves marinhas: a gaivota e o garajau- comum.
Nunca é demais lembrar todo o cuidado em termos de civismo que deve guiar todos os visitantes independentemente do trilho a visitar. Contudo, neste caso estamos perante uma zona de grande interesse geológico e possuidora de um rico património natural que desde 1974 se encontra classificada.
O regresso faz-se pelo mesmo percurso.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31296, 4 de agosto de 2017, p.17)
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