quinta-feira, 10 de agosto de 2017
Percurso Pedestre da Praia da Viola
Percurso Pedestre da Praia da Viola
Este trilho foi percorrido pelos Amigos dos Açores durante muitos anos, sendo muitas vezes uma alternativa quando as condições meteorológicas impediam a realização dos passeios mensais em locais de maior altitude.
Trata-se de um trilho linear com cerca de 5 km de distância, entre a Igreja da Nossa Senhora do Rosário, na freguesia da Lomba da Maia e o Porto Novo, na freguesia da Maia. Embora o percurso possa ser feito em sentido contrário, ou ser feito na totalidade, isto começar e terminar no ponto de partida, para quem está a começar recomenda-se que se inicie na Lomba da Maia.
A construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que ter-se-á iniciado em 1868, só foi possível graças às esmolas colhidas junto de todos os habitantes da localidade. Destes, é justo destacar o contributo do Padre Manuel Moniz de Medeiros e do mestre José Fidalgo que tiveram que hipotecar parte dos seus bens para poder satisfazer algumas despesas relativas a mão-de-obra e materiais.
Junto à igreja localiza-se o "Largo Dr. Manuel Sá Couto", em homenagem ao professor de filosofia, licenciado pela Universidade do Porto, que se distinguiu através da sua participação social e política, a nível da sua freguesia e sobretudo concelhio.
Depois da decida de uma das ruas da freguesia chega-se a um conjunto de ruinas de antigos moinhos de água, recomendando-se, aqui, um pequeno desvio para a observação da queda de água da Ribeira do Salto. Neste local, podem ser apreciadas algumas espécies características da vegetação costeira, como a erva-leiteira, a figueira-brava, a faia, a urze, o queiró, a cenoura brava e o bermim.
Continuando o percurso chega-se à Praia da Viola, local convidativo para uma pausa e um refrescante mergulho no mar.
Na Praia da Viola também se observam ruínas de moinhos de água e é possível a observação de algumas plantas espontâneas, como a diabelha, o cubre, a figueira-brava e as chagas, e cultivadas, como a espadana, planta oriunda da Nova Zelândia, da ilha de Norfolk e da Austrália, que terá sido introduzida, em 1789, em Portugal, pelo Abade José Correia da Serra, e o inhame, planta que se adapta bem a terrenos alagados, como são os desta zona.
No troço final, que é um arranjo mais recente da responsabilidade da Junta de Freguesia da Maia, que teve o cuidado e o bom gosto de introduzir algumas plantas endémicas dos Açores, continua-se a observar as plantas características do litoral já referidas anteriormente e algumas ornamentais, com destaque para os malmequeres.
Nesta parte do percurso, passa-se pelo local, devidamente assinalado, onde as mulheres da freguesia lavavam roupa. A seguir, pelo menos quando fizemos o percurso pela última vez encontra-se uma exposição fotográfica ao ar livre com aspetos da vida antiga da freguesia que é uma homenagem à mulher trabalhadora.
O percurso termina junta da Igreja do Espírito Santo que, já existia em 1522 e que, devido ao aumento populacional da freguesia, foi sendo ampliada, tendo a sua grande reconstrução ocorrido nos finais do século XVIII.
Ao longo do percurso é possível observar algumas espécies da avifauna dos Açores, como o canário, o milhafre, a alvéola, também conhecida como lavandeira ou arvelinha e o pombo da rocha, subespécie endémica dos Açores que está presente em todas as ilhas, nidificando sobretudo em arribas e ilhéus costeiros.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31302, 11 de agosto de 2017, p.17)
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