sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Percurso Pedestre Monte Escuro - Pico da Vela


Percurso Pedestre Monte Escuro - Pico da Vela


Hoje, terminamos uma série de textos, onde fizemos a sugestão de dez trilhos pedestres a percorrer na ilha de São Miguel, com a proposta de mais um trilho no concelho de Vila Franca do Campo.

O trilho Monte Escuro – Pico da Vela que tem a forma linear e com ponto de partida e de chegada no mesmo local, o Monte Escuro, possui uma extensão aproximada de 10 km e por não possuir grandes declives pode ser classificado como fácil.

O Monte Escuro, com 890 metros de altitude, encontra-se, hoje, em parte muito alterado devido à extração e inertes. No passado estava coberto de luxuriante vegetação como se pode constatar através da seguinte descrição de Gaspar Frutuoso: "... a alta Serra do Monte Escuro, que tem no cume uma grande alagoa, ao redor da qual, antes do segundo terremoto, havia tão cerrado mato maninho, de altíssimo arvoredo de muitos cedros, folhados, faias, louros e ginjas, que ninguém podia lá passar, nem o gado que entrava podia mais sair e ali morria de velho, aproveitando somente os donos algum que, com grande dificuldade, se lhe tornava a vir por si mesmo, que eles não podiam lá entrar para o tirarem”.

Inicia-se o percurso caminhando para Oeste num terreno onde, na sua maior parte, as árvores deram lugar a uma vegetação bastante rasteira, onde predomina a queiró. A dado passo observa-se, a Sul, a Lagoa do Areeiro. Esta ocupa o fundo de uma pequena cratera com um diâmetro médio de 200 m, cujo cone em parte está ocupado por um mato de vegetação endémica.

Prosseguindo, caminhando sempre no mesmo sentido chega-se a um marco geodésico que assinala o local designado por Cumeeira que possui uma altitude de 881 metros. Aqui a vegetação continua a ser bastante rasteira, com destaque para pequenas urzes e o queiró.

Vila Franca do Campo vista da Cumeeira, parece um pequeno aglomerado de construções e o “mais formoso ilhéu que há nas ilhas”, no dizer de Gaspar Frutuoso, aparece com outra fisionomia. Vale a pena uma visita ao ilhéu, não apenas por ser uma zona balnear mas sobretudo por constituir uma maravilha da natureza.

Depois de uns minutos de repouso, continua-se a caminhar em direção ao Pico da Vela, elevação com 863 metros de altura, que está coberto essencialmente por vegetação nativa dos Açores, como urzes, queirós, folhados, tamujos, louros, tomilhos, etc..

Depois de contornarmos parte do Pico da Vela, ficamos por cima da Lagoa do Fogo que daqui parece outra.

A Lagoa do Fogo, situada a uma cota de cerca de 610 metros, ocupa o fundo da caldeira do maciço vulcânico de Água de Pau que atinge o ponto mais alto, a 949 metros, no Pico da Barrosa. A lagoa possui uma área aproximada de 1,5 km2 e uma profundidade máxima de 30 metros, sendo o seu comprimento máximo de 2,4 km e a largura máxima de 1,2 Km.
Nas águas da lagoa vivem, entre outros peixes, a carpa e a truta arco-íris, esta última espécie introduzida, em 1941, pela Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada, bem como a rã.
Nas margens da Lagoa do Fogo nidificam duas espécies de aves marinhas: a gaivota, cuja população tem vindo a crescer muito, e o garajau-comum, que é uma espécie migradora que se encontra protegida por legislação nacional e internacional.
Depois de algum tempo de repouso e de um lanche junto ao Pico da Vela, recomenda-se o regresso ao ponto de partida, fazendo o mesmo trilho em sentido contrário.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31319, 1 de setembro de 2017, p.16)

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