sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Plantas de todo o mundo no Parque da lUSAlândia

 


Plantas de todo o mundo no Parque da lUSAlândia

O Parque da lUSAlândia é um pequeno espaço verde localizado nas instalações da Casa do Povo do Pico da Pedra que deve o seu nome ao escritor Onésimo Teotónio Almeida que criou a palavra para homenagear a diáspora da Nova Inglaterra.

Antes de abordar o tema, quero fazer uma recomendação e recordar uma tentativa falhada de criar, na área referida, um Jardim de Flora Indígena dos Açores com um espaço dedicado a plantas ameaçadas em todo o mundo.

Por já ter lido há muitos anos, mas por considerar que não perderam atualidade, sugiro a leitura de dois livros do autor mencionado: “Da Vida Quotidiana Na lUSAlândia”, editado, em 1975, em Coimbra pela Atlântica Editora e “Ah! Mònin dum Corisco!...”, publicado em 1978 pelas Edições Gávea-Brown.

Surgido em Janeiro de 1987 e inaugurado em Junho de 1988, foi criado, por iniciativa dos Amigos dos Açores, “com o objetivo de salvaguardar algumas espécies da flora indígena dos Açores e servir de instrumento de formação e informação para todos os que se dignem visitá-lo” o Jardim de Flora Indígena dos Açores que chegou a possuir 12 plantas nativas do nosso arquipélago e recebeu uma coleção de espécies exóticas ameaçadas de extinção em todo o mundo, enviadas pelo Dr. Peter Jackson, investigador do Botanic Gardens Conservation Secretariat.

 

A experiência falou por na altura não haver uma pessoa dedicada à manutenção do espaço e porque devido ao excesso de zelo, as plantas vindas de Londres terem ficado demasiado tempo na Alfândega, pelo que quando foram plantadas estavam em tão mau estado que já se previa que não sobrevivessem, o que veio a acontecer.

 

Hoje, quem visitar o local poderá ver duas das plantas do referido jardim, o dragoeiro e o vinhático.

 

O dragoeiro (Dracaena draco (L.) L. subsp. draco), árvore da família Asparagaceae que é originária da Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde), que se encontra sobretudo a baixas altitudes, normalmente abaixo dos 200 m.

 

O dragoeiro é uma árvore de folhas persistentes que pode atingir 15 metros de altura, com folhas lanceoladas agrupadas nas extremidades dos ramos. As suas flores, que aparecem entre junho e agosto, estão dispostas em panículas de cor branca e os frutos são drupas, globosas e amarelas.

 

O vinhático (Persea indica Spreng.), o mogno das ilhas, existe em todas as ilhas dos Açores e é uma espécie endémica da Madeira e das Canárias. Medindo até 20 m de altura, a sua floração ocorre de agosto a novembro.

 

A araucária existente no Parque da lUSAlândia, tal como a esmagadora maioria das araucárias presentes na ilha de São Miguel, é a Araucaria heterophylla (Salisb) Franco. oriunda da ilha de Norfolk, podendo ser encontrada em todas as ilhas dos Açores, exceto no Corvo. Com uma altura que pode atingir os 60 m, floresce nos meses de fevereiro e março.

 

O metrosídero (Metrosideros excelsa Sol. ex Gaertn.), por sua vez veio da Nova Zelândia. Podendo atingir 20 m de altura, a sua floração ocorre nos meses de maio, junho e julho. Apesar de muito bonita e muito útil como ornamental e como abrigo, entre nós é considerada uma espécie invasora.

 

Da América do Sul (Brasil, Argentina e Uruguai), encontra-se a bonita palmeira-da-geleia (Butia capitata (Mart.) Becc.), que está em flor nos meses de maio e junho e cujos frutos são muito apreciados.

 

Da América do Norte (Este dos EUA e Sudoeste do Canadá) existe o Carvalho-dos-pântanos (Quercus palustris Münchh.) que floresce nos meses de março e abril.

 

A estrelícia (Strelitzia reginae Banks), originária da África do Sul, que foi introduzida na europa há 200 anos, é uma bonita ornamental que está em floração todo o ano.

 

Por último, endémico dos Açores, pode ser observado o azevinho (Ilex azorica Loes.) que é um arbusto ou pequena árvore que pode atingir os 7 me de altura e que existe em todas as ilhas. Floresce nos meses de março, abril e maio.

 

13 de novembro de 2021

Teófilo Braga

(Voz Popular, nº 198, dezembro de 2021)

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