Plantas de todo o mundo no Parque da lUSAlândia
O Parque da lUSAlândia é um
pequeno espaço verde localizado nas instalações da Casa do Povo do Pico da
Pedra que deve o seu nome ao escritor Onésimo Teotónio Almeida que criou a
palavra para homenagear a diáspora da Nova Inglaterra.
Antes de abordar o tema, quero fazer
uma recomendação e recordar uma tentativa falhada de criar, na área referida,
um Jardim de Flora Indígena dos Açores com um espaço dedicado a plantas
ameaçadas em todo o mundo.
Por já ter lido há muitos anos,
mas por considerar que não perderam atualidade, sugiro a leitura de dois livros
do autor mencionado: “Da Vida Quotidiana Na lUSAlândia”,
editado, em 1975, em Coimbra pela Atlântica Editora e “Ah! Mònin dum
Corisco!...”, publicado em 1978 pelas Edições Gávea-Brown.
Surgido
em Janeiro de 1987 e inaugurado em Junho de 1988, foi criado, por iniciativa
dos Amigos dos Açores, “com o objetivo de salvaguardar algumas espécies da
flora indígena dos Açores e servir de instrumento de formação e informação para
todos os que se dignem visitá-lo” o Jardim de Flora Indígena dos Açores que
chegou a possuir 12 plantas nativas do nosso arquipélago e recebeu uma coleção
de espécies exóticas ameaçadas de extinção em todo o mundo, enviadas pelo Dr.
Peter Jackson, investigador do Botanic Gardens Conservation Secretariat.
A
experiência falou por na altura não haver uma pessoa dedicada à manutenção do
espaço e porque devido ao excesso de zelo, as plantas vindas de Londres terem ficado
demasiado tempo na Alfândega, pelo que quando foram plantadas estavam em tão
mau estado que já se previa que não sobrevivessem, o que veio a acontecer.
Hoje,
quem visitar o local poderá ver duas das plantas do referido jardim, o
dragoeiro e o vinhático.
O
dragoeiro (Dracaena draco (L.) L. subsp. draco), árvore da
família Asparagaceae que é originária da Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias
e Cabo Verde), que se encontra sobretudo a baixas altitudes, normalmente abaixo
dos 200 m.
O dragoeiro
é uma árvore de folhas persistentes que pode atingir 15 metros de altura, com
folhas lanceoladas agrupadas nas extremidades dos ramos. As suas flores, que
aparecem entre junho e agosto, estão dispostas em panículas de cor branca e os
frutos são drupas, globosas e amarelas.
O
vinhático (Persea indica Spreng.), o mogno das ilhas, existe em todas as
ilhas dos Açores e é uma espécie endémica da Madeira e das Canárias. Medindo
até 20 m de altura, a sua floração ocorre de agosto a novembro.
A
araucária existente no Parque da lUSAlândia, tal como a esmagadora maioria das
araucárias presentes na ilha de São Miguel, é a Araucaria heterophylla (Salisb)
Franco. oriunda da ilha de Norfolk, podendo ser encontrada em todas as ilhas
dos Açores, exceto no Corvo. Com uma altura que pode atingir os 60 m, floresce
nos meses de fevereiro e março.
O
metrosídero (Metrosideros excelsa Sol. ex Gaertn.), por sua vez veio da Nova
Zelândia. Podendo atingir 20 m de altura, a sua floração ocorre nos meses de
maio, junho e julho. Apesar de muito bonita e muito útil como ornamental e como
abrigo, entre nós é considerada uma espécie invasora.
Da
América do Sul (Brasil, Argentina e Uruguai), encontra-se a bonita
palmeira-da-geleia (Butia capitata (Mart.) Becc.), que está em flor nos
meses de maio e junho e cujos frutos são muito apreciados.
Da
América do Norte (Este dos EUA e Sudoeste do Canadá) existe o Carvalho-dos-pântanos
(Quercus palustris Münchh.) que floresce nos meses de março e abril.
A
estrelícia (Strelitzia reginae Banks), originária da África do Sul, que
foi introduzida na europa há 200 anos, é uma bonita ornamental que está em
floração todo o ano.
Por
último, endémico dos Açores, pode ser observado o azevinho (Ilex azorica
Loes.) que é um arbusto ou pequena árvore que pode atingir os 7 me de altura e
que existe em todas as ilhas. Floresce nos meses de março, abril e maio.
13 de novembro de 2021
Teófilo Braga
(Voz Popular, nº 198, dezembro de 2021)
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