quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

António José da Silva Cabral, um vila-franquense pelo coração

 


António José da Silva Cabral, um vila-franquense pelo coração

 

António José da Silva Cabral nasceu nas Calhetas, concelho da Ribeira Grande, no dia 25 de abril de 1863 e faleceu, em Vila Franca do Campo, no dia 27 de outubro de 1953.

 

Chegou a Vila Franca do Campo, depois de ter concluído em Coimbra o ensino secundário e o bacharelato em Filosofia, em 1887, e em medicina, em 1891.

 

Em Vila Franca, o dr. António José da Silva Cabral foi médico municipal e da Misericórdia, entre 1892 e 1908.

 

O Dr. Augusto Botelho Simas, num discurso que proferiu em sua homenagem, referiu-se ao facto de o Dr. António da Silva Cabral em 17 anos da sua permanência em Vila Franca como médico ter dado tão boa conta dos seus encargos. Sobre os seus dotes de médico o Dr. Simas que o colocava “em lugar honroso no quadro dos higienistas portugueses” escreveu o seguinte:

 

“Quando entrava na casa do enfermo, com ele entrava a saúde, levada na face sorridente e nas duas palavras amigas que eram os melhores instrumentos duma psicoterapia involuntariamente exercida. Verdadeiro arquétipo nesta imposição de confiança, nesta chamada à fé, quando muitas esperanças estavam perdidas, quantas vezes nesse combate, que é a doença infeciosa, terá ele conseguido disciplinar defesas orgânicas, já votadas à rendição e salvado o seu doente?”

 

O mesmo Dr. Simas, no discurso que vimos referindo, publicado no volume XV, da INSULANA, relativo ao 2º semestre de 1959, recordou que “o sempre lembrado médico se tornou chefe político de supremo prestígio e servidor sem igual da sociedade em que se estabeleceu”.

 

Da sua atividade política fora do concelho de Vila Franca do Campo, no âmbito do Partido Progressista, foi eleito procurador à Junta Geral (1901) e deputado às Cortes na legislatura de 1906-07.

 

Foi devido à sua visão de futuro que Vila Franca do Campo foi uma das primeiras localidades do país a possuir iluminação pública e particular através de energia elétrica que cá chegou pelas mãos do Eng.º José Cordeiro.

 

Depois de assinado o contrato a 4 de março de 1899, a 18 de março de 1900 foi inaugurada a luz elétrica em Vila Franca do Campo que era produzida na Fábrica da Vila, localizada na Ribeira da Praia, onde foi instalado o primeiro grupo hidroelétrico dos Açores.

 

Foi no seu tempo que foram introduzidos assinaláveis melhoramentos, de que destacamos o jardim que ostenta o seu nome, o cemitério, alguns arranjos feitos no Aterro e melhorias no Largo Bento de Góis que recebeu muitas plantas oferecidas por Sebastião do Canto.

 

Por último, não poderia terminar este texto sem referir a sua paixão pelo tratamento das plantas que ainda hoje é visível através do seu jardim particular nas Hortas e no Jardim Dr. António das Silva Cabral, na freguesia de São Pedro.

 

Em relação ao jardim público, o Dr. António da Silva Cabral” justificou a sua necessidade em São Pedro por naquela freguesia não haver qualquer arborização, mas também porque servindo o jardim de distração, evita-se que principalmente a classe operária, passe os domingos nas tabernas”

 

Sobre a sua paixão pelas plantas, o Dr. Armando Cortes Rodrigues, na revista citada escreveu o seguinte: “…com quem se fixou nesta Vila a tal ponto, que nela quis vir fechar os olhos à vida na casa que tinha edificado, rodeada das árvores que plantara por suas mãos de magia, que pareciam dar vida a todas as plantas, que tocavam.”

 

Os seus conhecimentos de jardinagem e fruticultura foram transmitidos a quem com ele trabalhou, de tal modo que na Ribeira Seca de Vila Franca ainda deverá existir alguma planta enxertada devido aos seus ensinamentos.

 

(Correio dos Açores, 32598, 1 de dezembro de 2021, p.15)

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