Acácias
A
acácia, austrália ou acácia-austrália (Acacia melanoxylon R. Br.) é uma
planta da família Fabaceae, originária da Austrália, que foi introduzida nos
Açores em virtude dos vários usos que eram dados à sua madeira.
A
palavra Acacia deriva do grego akakia que era o nome de uma acácia de
espinhos existente no vale do Nilo, melan que significa negro e xylon
que significa madeira.
António
Emiliano Costa, num dos Boletins da Comissão Reguladora dos Cereais do
Arquipélago dos Açores, publicado no início da década de 50 do século XX, a
propósito da acácia-austrália escreveu o seguinte:
“A acácia tem
normalmente, em S. Miguel, um desenvolvimento superior ao da criptoméria, sendo
a sua madeira utilizada para quase todos os fins. Hoje constitui quase o único
recurso da marcenaria e tanoaria, sendo também utilizada na construção civil. A
sua grande rusticidade e rebentação de toiça, rivaliza com o incenso e o
eucalipto, permitem a sua exploração em talhadio, o que explica que a acácia
constitua hoje o revestimento de mais de 60% dos “biscoitos” - terrenos
cobertos de lava basáltica- onde se faz a exploração desta espécie para
lenhas”.
A
acácia-austrália é uma planta de folha persistente que floresce entre fevereiro
e abril. As suas flores são de cor creme ou amarelo-pálido.
Embora
possa atingir os 40 metros de altura, a acácia-austrália, que é uma espécie de
crescimento rápido, em média atinge os 15 m.
No passado existiu em Água d’Alto um exemplar notável que, segundo
António Emiliano Costa, possuía 0,88 m de diâmetro à altura do peito e um fuste
que devia “orçar pelos 25 metros”.
Não
se sabe quem introduziu a acácia-austrália nos Açores, mas de certeza José do Canto
foi um dos responsáveis pela sua introdução em São Miguel, a partir da Europa,
desde 1847, para substituir os vinháticos nas matas de corte. Para além daquela
espécie José do Canto introduziu no seu jardim em Ponta Delgada outras do
género Acacia, vindas de Inglaterra, Bélgica e da Nova Holanda (Brasil).
Em
1873, a espécie, segundo o francês Ferdinand Fouqué que visitou o nosso
arquipélago e publicou as “Viagens Geológicas aos Açores” já era bem conhecida entre
nós.
Num
relatório publicado em 1934, o eng. Gonçalo Estrela Rego estimava que a
acácia-austrália ocupava 25,24 % da área arborizada, a criptoméria 29,45% e em
primeiro lugar estava o pinheiro-bravo que ocupava a área de 32,79%.
Em
2007, as acácias-austrália estavam em 3º lugar numa lista de árvores mais
representativas dos Açores, ocupando 4,3 mil hectares, enquanto o primeiro
lugar era ocupado pelo incenso (23,9 mil hectares) e o segundo pela criptoméria
(12,4 mil hectares).
Em
2020, no que diz respeito à chamada floresta de produção regional, a acácia
-austrália estava em segundo lugar em área ocupada (20%) enquanto em primeiro
lugar estava a criptoméria (56%).
Nos
Açores, não só foram introduzidas acácias-austrália, outras espécies do género
Acacia que são originárias da Austrália, exceto a Acacia karroo Hayne que
é da África do Sul, também chegaram cá.
Em
1953, o Regente Agrícola Silvano Pereira escreveu que as acácias eram árvores
cultivadas em matas e mencionou a existência de outra espécie, a acácia-de-flor
ou acácia-negra (Acacia decurrens Willd.) que era cultivada em jardins.
Gonçalo
Teles Palhinha no Catálogo das Plantas Vasculares dos Açores, publicado em
1966, menciona como cultivadas nos Açores, para além da acácia-austrália, a acácia-mimosa
(Acacia dealbata Link) e a acácia-virilda (Acacia retinodes Schlecht.).
No Portal da Biodiversidade dos Açores,
consultado recentemente, há referência a duas espécies de acácias naturalizadas
entre nós, a acácia-austrália que existe em todas as ilhas e a
acácia-de-espigas (Acacia longifólia (Andr.) Willd.), que está presente apenas
em Santa Maria.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores,
32696, 30 de março de 2022, p.9)
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