quarta-feira, 30 de março de 2022

Acácias

 


Acácias

A acácia, austrália ou acácia-austrália (Acacia melanoxylon R. Br.) é uma planta da família Fabaceae, originária da Austrália, que foi introduzida nos Açores em virtude dos vários usos que eram dados à sua madeira.

 

A palavra Acacia deriva do grego akakia que era o nome de uma acácia de espinhos existente no vale do Nilo, melan que significa negro e xylon que significa madeira.

 

António Emiliano Costa, num dos Boletins da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, publicado no início da década de 50 do século XX, a propósito da acácia-austrália escreveu o seguinte:

 

“A acácia tem normalmente, em S. Miguel, um desenvolvimento superior ao da criptoméria, sendo a sua madeira utilizada para quase todos os fins. Hoje constitui quase o único recurso da marcenaria e tanoaria, sendo também utilizada na construção civil. A sua grande rusticidade e rebentação de toiça, rivaliza com o incenso e o eucalipto, permitem a sua exploração em talhadio, o que explica que a acácia constitua hoje o revestimento de mais de 60% dos “biscoitos” - terrenos cobertos de lava basáltica- onde se faz a exploração desta espécie para lenhas”.

 

A acácia-austrália é uma planta de folha persistente que floresce entre fevereiro e abril. As suas flores são de cor creme ou amarelo-pálido.

 

Embora possa atingir os 40 metros de altura, a acácia-austrália, que é uma espécie de crescimento rápido, em média atinge os 15 m.  No passado existiu em Água d’Alto um exemplar notável que, segundo António Emiliano Costa, possuía 0,88 m de diâmetro à altura do peito e um fuste que devia “orçar pelos 25 metros”.

 

Não se sabe quem introduziu a acácia-austrália nos Açores, mas de certeza José do Canto foi um dos responsáveis pela sua introdução em São Miguel, a partir da Europa, desde 1847, para substituir os vinháticos nas matas de corte. Para além daquela espécie José do Canto introduziu no seu jardim em Ponta Delgada outras do género Acacia, vindas de Inglaterra, Bélgica e da Nova Holanda (Brasil).

 

Em 1873, a espécie, segundo o francês Ferdinand Fouqué que visitou o nosso arquipélago e publicou as “Viagens Geológicas aos Açores” já era bem conhecida entre nós.

 

Num relatório publicado em 1934, o eng. Gonçalo Estrela Rego estimava que a acácia-austrália ocupava 25,24 % da área arborizada, a criptoméria 29,45% e em primeiro lugar estava o pinheiro-bravo que ocupava a área de 32,79%.

 

Em 2007, as acácias-austrália estavam em 3º lugar numa lista de árvores mais representativas dos Açores, ocupando 4,3 mil hectares, enquanto o primeiro lugar era ocupado pelo incenso (23,9 mil hectares) e o segundo pela criptoméria (12,4 mil hectares).

 

Em 2020, no que diz respeito à chamada floresta de produção regional, a acácia -austrália estava em segundo lugar em área ocupada (20%) enquanto em primeiro lugar estava a criptoméria (56%).

 

Nos Açores, não só foram introduzidas acácias-austrália, outras espécies do género Acacia que são originárias da Austrália, exceto a Acacia karroo Hayne que é da África do Sul, também chegaram cá.

 

Em 1953, o Regente Agrícola Silvano Pereira escreveu que as acácias eram árvores cultivadas em matas e mencionou a existência de outra espécie, a acácia-de-flor ou acácia-negra (Acacia decurrens Willd.) que era cultivada em jardins.

 

Gonçalo Teles Palhinha no Catálogo das Plantas Vasculares dos Açores, publicado em 1966, menciona como cultivadas nos Açores, para além da acácia-austrália, a acácia-mimosa (Acacia dealbata Link) e a acácia-virilda (Acacia retinodes Schlecht.).

 

No Portal da Biodiversidade dos Açores, consultado recentemente, há referência a duas espécies de acácias naturalizadas entre nós, a acácia-austrália que existe em todas as ilhas e a acácia-de-espigas (Acacia longifólia (Andr.) Willd.), que está presente apenas em Santa Maria.

 

Teófilo Braga

(Correio dos Açores, 32696, 30 de março de 2022, p.9)

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