quarta-feira, 2 de março de 2022

Apontamentos sobre o NPEPVS-DA, a primeira organização ambientalista dos Açores (3)

 


Apontamentos sobre o NPEPVS-DA, a primeira organização ambientalista dos Açores (3)

Hoje, terminamos a série de três textos sobre o NPEPVS-DA- Delegação dos Açores do Núcleo Português de Estudo e Proteção da Vida Selvagem.

 

Nos dias 30 e 31 de dezembro de 1983 e 1 de janeiro de 1984, esteve patente ao público, na sede da Junta de Freguesia do Pico da Pedra uma exposição de cartazes com o objetivo de sensibilizar a população para a necessidade e o dever de proteger o ambiente.

 

Esta exposição do NPEPVS-DA, foi visitada por cerca de 110 pessoas e foi amplamente divulgada junto dos órgãos de comunicação social, tendo a RTP-Açores transmitido imagens da mesma no dia 30 de dezembro.  Para que a exposição fosse possível, o NPEPVS contou com a colaboração de várias pessoas da freguesia, como o carpinteiro José Ventura Almeida que cedeu material diverso e algumas horas de trabalho. Igualmente foi indispensável o trabalho de Lúcia Oliveira Ventura, Maria José Almeida, Maria de Lurdes Ventura e Paula Almeida.

 

O segundo número do “Priôlo”, com 40 páginas, surgiu em março de 1984. No “edital”, Duarte Furtado apela à colaboração de mais pessoas para “darmos o exemplo da completa defesa e preservação da fauna e flora da nossa região, grandemente ameaçadas, se medidas concretas de salvaguarda não forem desde já postas em marcha” e acrescentou que “o que, desinteressadamente, pudermos fazer em prol da sociedade, é certamente o que amanhã nos dará por certo uma maior alegria, permitindo ao mesmo tempo encarar o dia a dia, imensas vezes desgastante”.

 

No referido boletim, Margarida Medeiros, da Divisão de Ambiente da SRES, publica um “Alerta- A nossa flora corre perigo”, Teófilo Braga, escreve contra a caça à baleia, Geráld Le Grand publica um pequeno texto sobre o priôlo, António Frias Martins escreve sobre “O ilhéu de Vila Franca”, Erik Sjogren é autor de um artigo sobre “Plantas dos Açores”, Fátima Melo escreve sobre a nossa ave de rapina noturna “O mocho”, Rolando Cabral escreve sobre “A Vida na Cidade”, Dalberto Pombo é autor do texto “Plantas e Saúde- a salsa”, Maria Furtado assina o texto “A importância dos espaços verdes nos Centros Urbanos” e Geráld Le Grand é autor do texto “«Satus» e Distribuição da avifauna nidificante no arquipélago dos Açores”.

 

No boletim é também referido o início de uma campanha em defesa das aves de rapina e são dadas a conhecer algumas informações, nomeadamente de avistamentos de aves, como um falcão (Falco tinnunculus) na zona do Pico das Camarinhas, em São Miguel, no dia 18 de janeiro de 1984, ou a chegada dos pardais (Passer domesticus) à ilha das Flores.

 

Com data de 25 de maio de 1984, foi lançado uma folha informativa com um texto intitulado “Porque se anilham aves?”., extraído de uma folha informativa do CEMPA.

 

Por último, a 6 de junho de 1984, foi enviada ao todos os sócios a informação de que os mesmos poderão passar férias, apenas durante o verão, na ilha de Lanzarote, nas Canárias, bastando para tal colaborar em trabalhos domésticos.

 

O terceiro número do boletim não chegou a ver a luz do dia, mas através da consulta do material que já havia sido recolhido, fica-se a saber que o mesmo contaria com um novo colaborador, o Eng.º. Fernando Monteiro com um texto intitulado “Mensagem”. Pelo seu conteúdo, transcreve-se um extrato:

 

 “A conceção de uma sociedade progressiva, justa, equilibrada, hoje mais do que nunca, passa pelo melhor uso da natureza, logo no entendimento e respeito pela sua integridade e pela compreensão da sua inocuidade.

Mas os inimigos da natureza são inúmeros e ameaçadores.

Nos Açores a dinâmica vertiginosa da pecuária é, por exemplo, a maior ameaça ao equilíbrio natural.”

 

O mesmo número contaria com um texto de Paulo Alexandre Vieira Borges intitulado “Espeleologia nos Açores”, com a colaboração de Geráld Le Grand com o texto “Azores tern expedition” e de Dalberto Pombo intitulado “Plantas e Saúde- o girassol”. Estava também prevista a saída de um escrito intitulado “Como e porquê se anilham aves?”, extraído de um folheto informativo do Centro de Estudos de Migrações e Proteção de Aves”.

Teófilo Braga

(Correio dos Açores, 32666, 2 de março de 2022, p. 13)

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