1 – A Associação Nacional
de Ambiente Iris vai passar a ter um núcleo nos Açores. Como surgiu a ideia de
alargar a sua atividade à Região?
Com estatutos aprovados a
27 de fevereiro de 2021, a IRIS- Associação Nacional de Ambiente é constituída
por cidadãos livres que estão unidos em torno de uma causa comum que é a de
voluntariamente contribuir para a construção de um mundo mais justo que passa
também pela alteração das políticas de ambiente em todo o país e no Mundo.
A nível internacional a
IRIS irá juntar o seu querer e meios disponíveis a organizações congéneres, a
nível nacional a associação tem plena consciência de que o seu âmbito de
atuação não se pode cingir ao território localizado na Península Ibérica, mas
deve ser alargado aos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Nesse sentido, fui
contatado por um amigo e companheiro de lutas ambientalistas para, com total
autonomia e apoio dos órgãos sociais nacionais, colaborar na criação/implantação
do Núcleo Regional dos Açores que agora está a dar os primeiros passos.
2 – O que distingue a
Iris das restantes associações ambientalistas?
Seria indelicado da minha
parte fazer comparações com outras associações ambientalistas com quem queremos
e devemos colaborar, por isso abaixo apresento, ainda que parcialmente, a nossa
visão e alguns valores.
A IRIS é sensível,
preocupa-se e combate a degradação da Natureza e do Ambiente e luta pela
alteração das práticas políticas responsáveis por ela, mas não ignora o flagelo
das guerras, da fome, da miséria em que sobrevivem muitos seres humanos,
sobretudo os mais frágeis, como os idosos, as mulheres e as crianças que
coabitam connosco na Terra.
A IRIS é independente do
poder político e económico, por isso não solicitará subsídios ao Estado
português ou aos governos regionais e não aceita subvenções de entidades privadas
com práticas ambientais e sociais reprováveis.
A IRIS irá, dentro das suas possibilidades e de forma imune a todas as
tentativas de controlo por parte de grupos económicos, partidários e sectários,
intervir e colaborar na discussão e resolução dos problemas ambientais, mas não
descurará a denúncia de atentados ao nosso património natural e cultural.
3 – Quais são as
prioridades da vossa associação no que se refere às ações a concretizar nos
Açores?
Sendo uma associação
jovem e sem descurar a intervenção social a grande prioridade, de momento, está
na organização de núcleos em todo o país. Nos Açores, a aposta é na organização
do Núcleo Regional, que passa em primeiro lugar pela adesão ao mesmo de mais
ativistas.
Em simultâneo, porque não
estamos cá para competir com as demais organizações formais e não formais que
já existem, a nossa tarefa, que já começou, é contatá-las no sentido de nos
apresentarmos e conversarmos sobre o nosso interesse em colaborar com elas, respeitando
a individualidade de cada uma. Assim, estamos, numa primeira fase, a propor a troca de informações,
documentação e apoio técnico, o desenvolvimento de ações conjuntas,
nomeadamente de informação, sensibilização, formação e educação ambiental, bem
como tomadas de posição sobre assuntos de interesse comum.
4 – Qual a avaliação faz a Iris dos
principais problemas e desafios que se colocam nos Açores no âmbito ambiental?
Como consideramos que os
problemas ambientais são problemas sociais e que só poderão ser debelados pela
sociedade no seu todo, achamos que a grande aposta tem de passar pela educação
ambiental que tem sido descurada entre nós.
Assim, a grande aposta da IRIS
nos Açores é a informação e a educação ambiental, pois urge uma sociedade
conhecedora dos problemas e com formação que a torne capaz de uma intervenção
cívica ativa.
Outra área em que a nossa
intervenção se fará sentir é a da defesa da biodiversidade ameaçada quer pelas
espécies invasoras, quer por práticas agrícolas incorretas. Intimamente
relacionada com a questão da biodiversidade estão as áreas protegidas,
terrestres ou marinhas, que merecerão a atenção da IRIS para que não o sejam
apenas no papel.
A efetiva proteção do arvoredo
urbano tão maltratado, quer por serviços públicos que por privados muitas vezes
por falta de formação dos trabalhadores, nomeadamente os que manobram as
roçadoras e os que fazem as podas é outra das áreas em que a IRIS atuará.
Como os Açores são mais mar do
que terra, a IRIS estará atenta aos impactos associados à extração de recursos
energéticos e minerais do mar profundo e aos impactos das alterações climáticas
nas zonas costeiras.
Embora, os problemas ambientais
não se esgotem nas questões que são enumeradas ao longo desta entrevista, a
IRIS também considera prioritária a efetiva classificação e proteção das
árvores e conjuntos arbóreos de interesse público.
(Entrevista publicada no jornal
“Diário Insular”, 20 de maio de 2022)
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