Nogão
O
nogão ou nogueira-preta (Juglans nigra L.) é uma árvore da família Juglandaceae
oriunda do este da América do Norte.
De
acordo com Saraiva (2020), o termo Juglans deriva de jovis glans – noz
de Júpiter e o nigra, negra deve-se à cor da casca e dos frutos. O nigra,
segundo um texto publicado no jornal “Agricultor Michaelense”, nº 23, de
novembro de 1849, “vem-lhe de que o cerne de cor violeta, se torna preto,
exposto ao ar.”
O
nogão é uma árvore de folha caduca, de tronco cinzento perfurado que pode
atingir uma altura de 15 metros e possui uma longevidade próxima dos 75 anos.
As suas folhas são grandes e compostas, podendo atingir 60 cm de comprimento,
sendo os folíolos de margens serradas e de cor verde baça. Cada árvore possui
flores dos dois sexos, sendo as masculinas de cor verde, sendo o período de
floração nos meses de abril, maio e junho. Os frutos são globosos, com um
diâmetro de 4 a 5 cm.
O
nogão foi introduzido em Inglaterra em 1629 e daí terá passado para outros
países, como Portugal.
À
nossa ilha, tudo leva a crer que terá sido introduzido em 1849, como se pode
depreender do texto já mencionado publicado no órgão da Sociedade Promotora da
Agricultura Michaelense:
“Apenas
tem decorrido alguns mezes depois que possuímos em S. Miguel uma destas
plantas; a sua vegetação ressentiu-se da viagem: na futura primavera
informaremos os nossos leitores do seu andamento: mas bom seria que outros
experimentassem a sua cultura, porque ensaios desacompanhados não dão resultado
em que ninguém se fie.”
Sobre
os usos do nogão, ainda no texto que vimos citando pode-se ler o seguinte:
“A
madeira é rigissima, não racha, pule-se bem, e não é atacada de bicho algum.
Fazem-se d’ ella forro para cazas, excelentes cubos para rodas; nos tapumes das
terras fincam ás vezes estacas desta madeira, que duram mais de 25 annos sem
apodrecer: e em toda a architectura
civil e naval d’ella fazem grande uso. É co, a casca verde das nozes que esta
nogueira produz, que se tingem estofos de lan.”
Para
além do mencionado, regista-se que as nozes são comestíveis e também são usadas
para a extração de um óleo.
Embora
pouco usado entre nós, o nogão pode ser utilizado como planta ornamental.
Em
Portugal continental há alguns exemplares notáveis, nomeadamente na cidade do
Porto, nos arruamentos da cidade universitária, e em Ponte de Lima, no Parque
da Lapa (Saraiva, 2020).
Na
ilha da Madeira, pode-se encontrar o nogão em vários jardins, como a Quinta do
Palheiro Ferreiro, a Quinta Monte Palace, a Quinta do Santo da Serra e o Campo
de Educação Ambiental do Santo da Serra, este propriedade e gerido pela
Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal (Quintal, 2022).
Na
ilha de São Miguel, pode-se observar alguns exemplares, nas Furnas, no Parque
Terra Nostra, e na Mata-Jardim José do Canto e na freguesia da Fajã de Cima,
concelho de Ponta Delgada, no Pinhal da Paz.
7
de novembro de 2024
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