quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Para uma educação livre ou ministeriada?

Prometeu agrilhoado é uma imagem terrífica e espantosa para permanecer solidamente à entrada de uma Universidade. Trata-se da escultura que supervisiona o campus da U. do Minho, mas poderia estar em qualquer outro centro de ensino.

Mensagem insidiosa? Metáfora escultural da velha palmatória? Bicada-Punição ministerial? O que pode pensar o aluno do (deste) sistema de educação? A escola e a universidade estão pensadas hoje em dia para que o aluno se liberte do pesadelo prometeico?

Os professores do ensino básico e secundário enfrentam actualmente não o pesadelo, mas a realidade política de uma mentalidade preocupada não com o ensino, os alunos, as escolas, os professores, mas com os números, as estatísticas, os índices, a produtividade. Esta visão mercantilista da educação dificilmente pode ter como finalidade estimular a criatividade, a independência, a capacidade crítica e o desenvolvimento global dos alunos. Fazer da escola um comércio passa por cima da possibilidade de imaginar sujeitos livres, cidadãos autónomos, conscientes socialmente e capazes de ver além do estreito funil de tornar cada aluno um mero grão na engrenagem de um sistema de produção em série.

Perante a política educativa das últimas décadas que argumentos temos à vista para refutar que, na sua essência, ela está orientada de tal modo que à medida que o aluno avança do básico à universidade ele passa a ser uma mera mercadoria?

E, suprema ironia deste sistema de educação, à vista estão os factos: quantos alunos que cumpriram o seu percurso escolar vieram parar à linha de caixas do Jumbo? Ao call-center da PT? Ao fato-de-treino da Ikea? Aos subúrbios de Londres ou ao aeroporto de Barcelona? Ou, simplesmente, ao desemprego com canudo. E quem poderá avaliar esta concepção ministerial falhada da Educação?

Além das reivindicações conjunturais e da luta unida dos professores contra as decisões do governo actual, não devemos – professores, alunos, pais, cidadãos – reflectir sobre a orientação geral do sistema educativo? Se os professores não querem uma ministra a vigiar e punir o seu desempenho quotidiano, pode um aluno continuar com um prometeu agrilhoado no seu imaginário?


Debate - Para uma educação livre ou ministeriada?

Domingo, 30 de Novembro, 17h30

Convidados: António Magalhães (professor universitário/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U. do Porto)

António José Silva (professor do ensino secundário e autor do blogue Pimenta Negra)

Gato Vadio, rua do Rosário 281

Porto


Nota: o texto é apenas um ponto de vista para estimular a reflexão e vincula apenas os Vadios…

http://gatovadiolivraria.blogspot.com/

1 comentário:

Hilda Helena Raymundo Dias disse...

Gostaria que algo muito especial acontecesse tipo uma REVOLUÇÃO EDUCACIONAL não só aí em Portugal e no Brasil, mas no mundo inteiro!!!Pois os bilhões investido em Educação não surtem nenhum efeito positivo ...pelo contrário os resultados,relatórios ,testes,projetos,avaliações são medidas hipócritas para quem não tem ação!É a ação que provoca a mudança,e não resultados estatísticos´...Estou na luta com vocês!!!!