quinta-feira, 13 de setembro de 2012

No dia Europeu do Pedestrianismo: os primeiros passos, nos Açores




No dia europeu do pedestrianismo, que hoje se comemora, importa, em primeiro lugar, tentar explicar o seu conceito e dar a conhecer os seus primeiros passos nos Açores.

De acordo com a Portaria n.º 1465/2004, de 17 de Dezembro, pedestrianismo é a “atividade de percorrer distâncias a pé, na natureza, em que intervêm aspetos turísticos, culturais e ambientais, desenvolvendo-se normalmente por caminhos bem definidos, sinalizados com marcas e códigos internacionalmente aceites.”

É antiga e perde-se nos tempos, a prática de participar em passeios a pé. Contudo, se quisermos falar em passeios a pé como prática organizada, sobretudo pelas famílias, recuaríamos ao século XVIII e como local apontaríamos a Inglaterra.

No século XIX, a prática de andar a pé em passeios organizados estende-se e passa a ser muito apreciada em França, na Alemanha, na Áustria, na Polónia e nos países escandinavos.

No pós-guerra, final da década de 40, princípio da década de 50 do século XX, em França, começa a implantação de percursos e, em Portugal, só na década de 80 do século passado é que começaram a ser sinalizados os primeiros percursos.

Não recuámos muito no tempo, fomos consultar algumas publicações da primeira metade do século XX e deparámo-nos com notícias relativas a algumas “excursões”. A título de exemplo, mencionamos uma excursão às Sete Cidades, onde parte do trajeto foi feita de “jerico, o mais clássico e tradicional meio de transporte destas paragens” (“Os Açores”, nº 1, Jan de 1928) e um passeio à Caldeira, no Faial, em Julho de 1928, feito a pé e de burro (“Os Açores”, nº9, Set 1928).

Nos primeiros anos da década de 70 do século passado, o Sr. Dr. George Hayes, descendente do comerciante inglês George Hayes (1816-1879) que se estabeleceu em São Miguel no século XIX, começou a organizar passeios pedestres, nalguns dos quais tivemos oportunidade de participar, que contavam com a adesão jovens seus explicandos e amigos.

No início da década de 80, por iniciativa do Sr. Albano Cymbron, começam a ser organizados, em São Miguel, os primeiros passeios pedestres para turistas e, na ilha Terceira, os Montanheiros - Sociedade de Exploração Espeleológica começam a promover os primeiros passeios pedestres. Em 1985, no dia 4 de Maio, os Amigos dos Açores organizam o seu primeiro passeio pedestre que constou de uma subida à Lagoa do Fogo, a partir da Praia de Água d’Alto.

Em 1990, foi editado o livro “Landscapes of the Azores - S.Miguel”. Nele, o seu autor, Andreas Stieglitz, descreve 8 passeios pedestres.

Um ano mais tarde, em 1991, David Sayers e Albano Cymbron editam o livro “The Azores - Garden Islands of the Atlantic - A Guide Walks & Car Tours”, onde, para além de sugerirem diversos percursos de carro, apresentam 32 passeios a pé: 12, em São Miguel, 1 na Terceira, 3 na Graciosa, 8 em São Jorge, 3 no Faial e 5 no Pico.

Em 1992, o Circulo de Leitores, edita o livro “Roteiros da Natureza - Região Autónoma dos Açores”, de António Pena e José Cabral. Nele, os seus autores apresentam 15 circuitos de carro e propõem alguns troços a pé, com destaque para a subida da Montanha do Pico.

Em 1993, os Amigos dos Açores - Associação Ecológica editam o seu primeiro roteiro de um percurso pedestre, o da Ribeirinha, no concelho da Ribeira Grande.

Dois anos depois, em 1995, a Câmara Municipal das Lajes das Flores edita o livro “Roteiro dos Antigos Caminhos do Concelho das Lajes das Flores, Açores”, onde o seu autor, Pierluigi Bragaglia, descreve 26 itinerários, alguns dos quais de muito pequena extensão.

Em Julho do ano 2000, os Amigos dos Açores, no âmbito de um protocolo celebrado com a Secretaria Regional da Economia, promovem a ação de formação “Pedestrianismo e Percursos Pedestres” que contou com a participação de 25 formandos. A 23 de Setembro do mesmo ano, realizou-se a abertura simbólica do primeiro percurso pedestre sinalizado dos Açores, o da Serra Devassa, que contou com a presença do senhor Secretário Regional da Economia, Prof. Doutor Duarte Ponte.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 12 de Setembro de 2012)

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