segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A Madeira continua a ser um jardim


A Madeira continua a ser um jardim

Já visitei a ilha da Madeira por quatro vezes, sempre com objetivos diferentes. Por razões profissionais, para troca de experiências no âmbito da Educação Ambiental, numa visita integrada num Projeto INTERREG, como integrante de um Curso sobre Património Cultural e Natural, destinado a professores, promovido pelo Centro Nacional de Cultura, em viagem turística e, por último, para participar no lançamento de um livro sobre o Jardim José do Canto.

Se me perguntassem que razões apresentava para aconselhar uma visita à Madeira, apontava as seguintes: o património natural, os trilhos pedestres, os jardins, o património cultural, a sua Biblioteca Pública e Arquivo Regional e a Livraria Esperança.

No que diz respeito ao património natural e à sua conservação, não vou referir-me à riqueza dos seus endemismos. Neste texto, apenas, quero realçar o trabalho hercúleo de reflorestação com espécies autóctones no maciço montanhoso do Pico do Areeiro, realizado pela Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal.

Tendo já participado há alguns anos, como voluntário, numa sessão de plantação, este ano tive a oportunidade de visitar uma parte da área intervencionada e de conhecer o Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha onde a associação tem instalações e onde também faz plantações.

Relativamente aos jardins, poderia enumerar vários cuja visita deve ser obrigatória, como o Jardim da Quinta do Palheiro Ferreiro, o Jardim Botânico da Madeira, o Jardim Tropical Monte Palace, o Jardim da Quinta da Vigia, a Quinta Jardins do Lago e o Jardim da Quinta da Casa Branca.

Na recente visita, estive nos últimos três jardins referidos, onde tive a oportunidade de ver plantas que para mim eram totalmente desconhecidas. Embora recomende uma visita a todos, destaco o Jardim da Quinta da Casa Branca que para além do jardim propriamente dito, possui uma área agrícola com bananeiras, papaeiras, abacateiras e maracujazeiros e uma pequena horta de plantas aromáticas.

Na Quinta da Casa Branca, hotel botânico, entre as mais de 260 espécies que podem ser observadas no jardim, destaco a árvore da canela (Cinnamomum verum), a macadâmia (Macadamia integrifólia), o pau-brasil (Paubrasilia echinata), a coralina-crista de galo (Erythrina crista-galli), a planta-dos-dentes (Plumeria rubra var. acutifólia), a chama-da-floresta (Spathodea campanulata), a palmeira azul (Brahea armata) e a árvore-das-salsichas (Kigelia africana).

Em relação ao património religioso/arte sacra, aberto a crentes e não crentes, recomenda-se uma visita à Sé do Funchal que possui uma cruz processional que é considerada um dos melhores exemplares da ourivesaria manuelina ou à Igreja do Colégio, um bom exemplo de templo jesuíta, cuja capela-mor possui um retábulo que é “uma das joias da talha madeirense”.

O que mais me encantou na última visita à Madeira foi, sem sombra de dúvidas, a Livraria Esperança que visitei todos os dias em que esteve aberta.

Localizada no centro do Funchal, a Livraria Esperança que é a maior livraria de Portugal e “uma das maiores livrarias do Mundo” possui “mais de 20 salas num espaço de cerca de 1200 m2 e mais de 107 000 livros diferentes expostos de capa.”

Criada em 1886 por Jacinto Figueira de Sousa, a partir de 1991, a livraria que se encontra informatizada, passou a pertencer à Fundação Livraria Esperança, uma Instituição Particular de Solidariedade Social que destina metade das receitas à oferta de livros às crianças da Madeira.

O leitor açoriano, na Livraria Esperança, pode encontrar muitos livros editados nos Açores ou sobre os Açores que hoje não estão disponíveis entre nós. A título de exemplo, refiro que encontrei um livro sobre Alice Moderno, que não tive a oportunidade de adquirir noutro local, vários livros da autoria do Marquês de Jácome Correia e o livro de Manuel Ferreira intitulado “As voltas que Santa Clara Deu”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31608, 28 de agosto de 2018, p. 16)

Sem comentários: