O Parque Pedagógico Recreativo
Infantil Maria das Mercês Carreiro 4 anos depois
No
passado dia 10 de agosto, pouco mais de 4 anos depois de ter sido inaugurado,
voltei a visitar o Parque Pedagógico Recreativo Infantil Maria das Mercês
Carreiro, localizado na Avenida da Paz, na freguesia do Pico da Pedra.
O
espaço verde referido é gerido pela Câmara Municipal da Ribeira Grande que
mantém no local permanentemente duas pessoas, uma delas com formação
universitária na área da Geografia e outra que é responsável pela guarda e
limpeza do local.
Há
quatro anos, escrevi que a sua localização no centro da freguesia e quase em
frente à Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico podia fazer do mesmo um precioso
auxiliar para os docentes daquele estabelecimento de ensino que tivessem a
ousadia de ensinar, começando por derrubar os muros das salas de aula e apostar
no ensino por projetos e cooperativo.
Temos
conhecimento de que o espaço tem sido usado pela escola do Pico da Pedra, mas
não sabemos que tipo de atividades são lá implementadas, nomeadamente se são
formativas ou se são apenas recreativas. Também sabemos que, sobretudo no
Verão, têm sido muitas as crianças de outras localidades da ilha de São Miguel
que têm visitado o espaço, algumas permanecendo lá por longas horas.
A
presença de várias espécies da flora de vários pontos do globo constitui uma
mais valia que tem de ser aproveitada pelos visitantes e devidamente potenciada
pela Câmara Municipal da Ribeira Grande que, se efetivamente estiver
interessada na formação cívica dos cidadãos, deverá criar todas as condições
para que sejam organizadas visitas guiadas destinadas não só a crianças ou
jovens estudantes, mas também a todos os visitantes, residentes ou estrangeiros
com, entre outros, os objetivos de sensibilização e consciencialização para a
importância das plantas para a vida humana e para os ecossistemas.
Embora
não se trate de um Jardim Botânico, o espaço tem de fazer jus ao nome que
ostenta, isto é parque pedagógico, quer através da presença de espécies nativas
dos Açores, quer na disponibilização a todos os visitantes de placas informativas
sobre as plantas existentes, com a indicação do nome comum, nome científico,
família e origem geográfica de cada espécie.
Como
complemento à identificação das plantas, nos dias de hoje, faz todo o sentido
que o espaço tenha uma presença nas redes sociais, como o Facebook e uma página
com informações mais completas sobre as espécies presentes, que poderão estar
ligadas às placas informativas se estas tiverem um código QR.
Sobre
as espécies dos Açores presentes, a maioria das quais teve um crescimento
significativo desde a última visita que efetuei, merecem destaque a: urze, o
sanguinho, o azevinho, o cedro-do-mato, o folhado, a faia e a vidália.
A
vidália (Azorina vidalii) é um pequeno arbusto de folhas glabras, de cor
verde escuras e com flores brancas a cor-de-rosa que, de acordo com Virgílio
Vieira, Mónica Moura e Luís Silva, autores do livro “Flora Terrestre dos
Açores, pode ser encontrada “dispersa em costas rochosas, arribas, praias de
calhau rolado e de areia, escoadas lávicas, zonas urbanizadas; geralmente até
50-80 m de altitude.” Embora exista em todas as ilhas dos Açores, a vidália
apresenta, segundo Erik Sjögren, “o maior número de populações naturais nas
ilhas do Pico, São Jorge, Flores e Corvo.
A
vidália que se reproduz com relativa facilidade, bastando para tal espalhar as
suas sementes, pode ser e é usada em alguns locais como planta ornamental.
Existe em alguns jardins no estrangeiro e já a vimos na ilha da Madeira, nos
Jardins do Palheiro.
Das
plantas introduzidas, destaco o ginco, o carvalho-dos-pântanos, o eucalipto, a
acácia e a rosa-louca (Hibiscus mutabilis), um arbusto, originário do
sul da China e de Taiwan, que tem a particularidade das suas flores mudarem de
cor durante o dia, sendo brancas de manhã, cor-de-rosa de tarde e à noite ao
murcharem ficarem magenta.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32516, 25 de agosto de 2021, p. 9)
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