Araucárias
há muitas!
A
paixão que tenho pelas plantas vem desde criança, de tal modo que desde muito
novo me impressionaram duas árvores existentes na minha terra natal, a Ribeira
Seca de Vila Franca do Campo, existentes num prédio então pertencente ao senhor
Arcádio Teixeira: uma araucária e um carvalho, ambas de enorme porte.
No
texto desta semana, apenas vou fazer referência às araucárias, nomeadamente a
algumas das espécies existentes em São Miguel, a sua origem, onde poderão ser
encontradas e como terão cá chegado.
A
araucária da Ribeira Seca, tal como a esmagadora maioria das araucárias
existentes na ilha de São Miguel, é a Araucaria heterophylla, oriunda da
ilha de Norfolk, podendo ser encontrada em todas as ilhas dos Açores, exceto no
Corvo.
Outra
araucária, um pouco menos comum, é a denominada pinheiro-da-Nova Caledónia (Araucaria
columnaris), oriunda da Nova Caledónia e das Novas Hébridas (Vanuatu). Na
ilha de São Miguel pode ser encontrada no Jardim do Palácio de Santana, no
Jardim Botânico José do Canto, no Jardim da Universidade dos Açores, no Parque
Terra Nostra, na Praia do Pópulo e no Bairro Alcino-Alves, na Relva.
A
araucária-de-bidwill (Araucaria bidwillii), oriunda da Austrália pode ser
encontrada na nossa ilha, nomeadamente no Jardim do Palácio de Santana, no
Jardim Botânico José do Canto, no Parque Terra Nostra e no Parque Beatriz do
Canto.
No
Jardim do Palácio de Santana e no Parque Terra Nostra é possível encontrar
outra araucária, conhecida pelo nome de pinheiro-do-Paraná (Araucaria
angustifolia), originária do Brasil.
No
Jardim do Pico Salomão é possível encontrar a Araucaria rulei, da Nova
Caledónia.
A
araucária-do-Chile (Araucaria araucana), nativa do sul do Chile e do
sudoeste da Argentina é uma das cinco espécies presentes no Parque Terra
Nostra.
No
Jardim Botânico José do Canto e no Jardim do Palácio de Santana encontra-se a Araucaria
cunninghamii, nativa da Austrália e da Nova Guiné.
De
acordo com Carreiro da Costa os principais responsáveis pela introdução de
araucárias na ilha de São Miguel, no século XIX, foram José do Canto, António
Borges e Simplício Gago da Câmara. Enquanto os dois primeiros as adquiriram a
viveiristas europeus, o último trouxe-as da Austrália.
O
mesmo autor afirma também que através da consulta que fez ao “Agricultor
Micaelense” chegou à conclusão de “que as primeiras araucárias semeadas ou
plantadas em S. Miguel se deveram, realmente, ao construtor do Yankee Hall das
Furnas, ou seja, a Thomas Hickling, ou então a alguém da sua família”.
Embora
a madeira das araucárias possa ser usada para os mais diversos fins, entre nós
a planta é usada para fins ornamentais, quer em jardins públicos ou privados.
Raimundo
Quintal, no texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São
Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2919, defende a classificação
das seguintes araucárias da ilha de São Miguel:
Araucaria
bidwillii- um exemplar no Jardim Botânico José do Canto, um no
Parque Beatriz do Canto e um no Parque Terra Nostra;
Araucaria
columnaris- Um exemplar no Jardim António Borges, um no Jardim
José do Canto, um no Jardim do Palácio de Santana, um no Jardim da Universidade
dos Açores e um no Parque Terra Nostra;
Araucaria
heterophylla- Um exemplar no Jardim António Borges, um
no Jardim José do Canto, um no Jardim do Palácio de Santana, um no Parque
Beatriz do Canto, um no Parque Terra Nostra e um no Centro de Monitorização e
Investigação das Furnas, na margem Sul da Lagoa das Furnas.
Teófilo
Braga
(Correio
dos Açores, 17 de novembro de 2021, p.15)
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