Mariano d’Arruda, político e poeta vila-franquense
Em
texto anterior fizemos referência à atividade do Dr. Mariano Arruda, como
administrador do seu concelho natal, Vila Franca do Campo, como procurador à
Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada e em Lisboa no parlamento nacional,
onde pugnou pela melhoria socioeconómica das populações insulares.
No
mesmo texto, mencionámos a sua ligação ao jornal “A Pátria”, de Vila Franca do
Campo, de duração efémera, que acabou de se publicar devido à ida de Mariano
d’Arruda para Ponta Delgada, para se dedicar à Junta Geral. De igual modo, foi
feita menção à sua colaboração no jornal “O Debate”, de que foi um dos
fundadores e um colaborador assíduo até ir para Lisboa, onde acabou por falecer
pouco tempo depois.
Através
de Alice Moderno, tomei conhecimento de que Mariano Arruda não foi apenas um
prosador exímio sempre em defesa do ideal republicano, mas também um apreciador
de literatura.
Sobre
a sua amizade com Mariano d’Arruda, no jornal “O Debate”, de 24 de dezembro de
1915, Alice Moderno escreveu o seguinte:
“Pobre Mariano! Conheci-o desde
o dia em que veio timidamente oferecer-me um exemplar do seu primeiro livro! E
nunca mais, nem quando aluno do liceu, nem quando estudante da Universidade,
nem depois de bacharel, e, recentemente, de deputado deixou de me procurar e de
ter para comigo atenções bem dignas da sincera estima que sempre lhe tributei.”
Alice
Moderno, no mesmo texto, referiu-se ` a atividade jornalística de Mariano
d’Arruda nos seguintes termos:
“Formou-se com uma boa
classificação. Foi jornalista de combate e soube sê-lo sem envergonhar a
classe, sob os pontos de vista da intelectualidade e da dignidade profissional”
Por
sua vez, através de uma pequena nota publicada no “Açoriano Oriental” ficamos a
conhecer uma apreciação à sua obra como poeta. Abaixo transcrevo um extrato:
“O sr. Mariano d’Arruda era um
rapaz inteligente e afável.
Foi na sua mocidade um poeta muito apreciável,
tendo deixado vários volumes de versos”
Não
sabemos quantos livros publicou, mas na Biblioteca Pública e Arquivo Regional
de Ponta Delgada, encontramos dois: “Devaneios” e “Horas de expansão”.
O
primeiro a ser publicado, “Horas d’Expnsão” (prosa e verso), datado de 1902,
tem 198 páginas e foi editado pela Livraria do Telegrapho - Empresa Editora. O
outro, “Devaneios” (poesias), datado de 1903, tem 128 páginas, foi prefaciado
por Francisco Maria Supico e impresso na Typographia Ruy Moraes, de Ponta
Delgada.
Outras
obras da sua autoria foram anunciadas, mas não foi possível confirmar a sua
publicação. Foram elas: Páginas Açorianas (descrição e análise crítica), Cenas
Principescas (Romance) e Homens e Letras (crítica).
Da
sua autoria, apresentamos duas quadras de um poema intitulado Saudação, escrito
em Vila Franca do Campo.
Em teu rosto formoso
Dá-te hoje a Primavera
O beijo gracioso
Que sorrindo te espera
Não vês as avezinhas
Como o teu nome cantam?
Té as próprias florinhas
De o ouvirem se encantam!...
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32580, 10 de novembro de 2021, p.15)
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