quarta-feira, 20 de abril de 2022

A propósito de tulipeiros

 


A propósito de tulipeiros

 

O tulipeiro-arbóreo (Liriodendron tulipifera L.) é uma árvore caducifólia, da família Magnoliaceae, oriunda do Leste da América do Norte que entre nós está em floração nos meses de maio e junho.

 

Alguns autores, afirmam que o tulipeiro foi trazido para a Europa, em 1640, por John Tradescant filho, que era botânico e jardineiro do rei Carlos I, de Inglaterra, numa das suas viagens realizadas aos Estados Unidos para colher sementes.

 

A primeira descrição da espécie, que terá ocorrido cerca de vinte anos depois, deve-se a John Evelyn, jardineiro, horticultor e escritor inglês que foi um dos fundadores da Royal Society.

 

De acordo com Paulo Araújo, Maria Carvalho e Manuela Ramos, cujo livro “À sombra de árvores com história”, editado pela associação de defesa do ambiente Campo Aberto, do Porto, em 2004, vimos citando, o tulipeiro só foi introduzido em França “um século mais tarde, mas em 1880 é publicada uma Histoire du Tulipier, com menção especial à forma das flores desta árvore e sua semelhança com as tulipas, razão para o nome vulgar em vários idiomas e para o epíteto da espécie, tulipifera. A palavra que identifica o género Liriodendron deriva dos termos gregos leirion, lírio e dendron, árvore.”

 

O tulipeiro, que é uma árvore que em condições excecionais pode atingir uma altura de 50 metros e o perímetro de 7 metros, tendo uma velocidade de crescimento média a alta, para além de ser usado como planta ornamental, é utilizado para a extração de um óleo com propriedades medicinais. A sua madeira para além de poder ser utilizada no fabrico de pasta de papel também serve para a produção de mobiliário.

 

Para além de poder ser usado com a função de “melhoria climática”, através do abaixamento de temperatura e sombreamento, o tulipeiro, que de acordo com António Saraiva, “é uma árvore de grande beleza, de folhas verde-claras com forma muito particular, e com flores lindíssimas” e “as folhas outonais, de cores amareladas são muito bonitas”, embeleza as paisagens

 

Há exemplares notáveis em Portugal Continental, sobretudo no norte do país, sendo de destacar os existentes na cidade do Porto. António Saraiva, no livro “As árvores na cidade”, destaca entre outros, um existente na Rua João de Deus que será o mais antigo, com cerca de 300 anos. Na Madeira, destacam-se os tulipeiros existentes na Quinta do Palheiro Ferreiro, no Parque Municipal do Monte e na Quinta Monte Palace.

 

Desconhece-se data exata da sua introdução nos Açores, contudo sabe-se, através do órgão da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, “O Agricultor Micaelense”, que, em abril de 1848, foram pedidas sementes de tulipeiros ao sr. Dabney, da ilha do Faial e que aqueles já “medravam bem nesta ilha (de S. Miguel)”.

 

Em 1849, o mesmo periódico refere a presença de um tulipeiro existente no jardim de João Carlos Scholtz, em Ponta Delgada, “que chegou em poucos anos a majestosas dimensões”.

 

Em virtude de os tulipeiros preferirem solos um pouco ácidos e locais com elevada humidade ambiental, os Açores têm todas as condições para os usar como plantas ornamentais.  O único senão está no facto de serem necessários grandes espaços.

 

Na ilha de São Miguel há exemplares muito bonitos e de grande porte, nomeadamente no Jardim Antero de Quental e no Jardim Botânico José do Canto, em Ponta Delgada, no Jardim Dr. António da Silva Cabral, em Vila Franca do Campo, no Parque Terra Nostra, no Parque Beatriz do Canto e na Mata-Jardim José do Canto, nas Furnas.

 

Raimundo Quintal no texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel”, publicado em 2019, defende a classificação de um conjunto de exemplares na Mata Jardim José do Canto, de um conjunto de exemplares no Parque Terra Nostra e de um exemplar no Parque Beatriz do Canto.

 

Teófilo Braga

(Correio dos Açores, 32713, 20 de abril de 2022, p.11)

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