A
propósito de tulipeiros
O
tulipeiro-arbóreo (Liriodendron tulipifera L.) é uma árvore caducifólia,
da família Magnoliaceae, oriunda do Leste da América do Norte que entre nós
está em floração nos meses de maio e junho.
Alguns
autores, afirmam que o tulipeiro foi trazido para a Europa, em 1640, por John
Tradescant filho, que era botânico e jardineiro do rei Carlos I, de Inglaterra,
numa das suas viagens realizadas aos Estados Unidos para colher sementes.
A
primeira descrição da espécie, que terá ocorrido cerca de vinte anos depois,
deve-se a John Evelyn, jardineiro, horticultor e escritor inglês que foi um dos
fundadores da Royal Society.
De
acordo com Paulo Araújo, Maria Carvalho e Manuela Ramos, cujo livro “À sombra
de árvores com história”, editado pela associação de defesa do ambiente Campo
Aberto, do Porto, em 2004, vimos citando, o tulipeiro só foi introduzido em
França “um século mais tarde, mas em 1880 é publicada uma Histoire du
Tulipier, com menção especial à forma das flores desta árvore e sua
semelhança com as tulipas, razão para o nome vulgar em vários idiomas e para o
epíteto da espécie, tulipifera. A palavra que identifica o género Liriodendron
deriva dos termos gregos leirion, lírio e dendron, árvore.”
O
tulipeiro, que é uma árvore que em condições excecionais pode atingir uma
altura de 50 metros e o perímetro de 7 metros, tendo uma velocidade de
crescimento média a alta, para além de ser usado como planta ornamental, é utilizado
para a extração de um óleo com propriedades medicinais. A sua madeira para além
de poder ser utilizada no fabrico de pasta de papel também serve para a
produção de mobiliário.
Para
além de poder ser usado com a função de “melhoria climática”, através do
abaixamento de temperatura e sombreamento, o tulipeiro, que de acordo com
António Saraiva, “é uma árvore de grande beleza, de folhas verde-claras com
forma muito particular, e com flores lindíssimas” e “as folhas outonais, de
cores amareladas são muito bonitas”, embeleza as paisagens
Há
exemplares notáveis em Portugal Continental, sobretudo no norte do país, sendo
de destacar os existentes na cidade do Porto. António Saraiva, no livro “As
árvores na cidade”, destaca entre outros, um existente na Rua João de Deus que
será o mais antigo, com cerca de 300 anos. Na Madeira, destacam-se os tulipeiros
existentes na Quinta do Palheiro Ferreiro, no Parque Municipal do Monte e na
Quinta Monte Palace.
Desconhece-se
data exata da sua introdução nos Açores, contudo sabe-se, através do órgão da
Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, “O Agricultor Micaelense”, que,
em abril de 1848, foram pedidas sementes de tulipeiros ao sr. Dabney, da ilha
do Faial e que aqueles já “medravam bem nesta ilha (de S. Miguel)”.
Em
1849, o mesmo periódico refere a presença de um tulipeiro existente no jardim
de João Carlos Scholtz, em Ponta Delgada, “que chegou em poucos anos a
majestosas dimensões”.
Em
virtude de os tulipeiros preferirem solos um pouco ácidos e locais com elevada
humidade ambiental, os Açores têm todas as condições para os usar como plantas
ornamentais. O único senão está no facto
de serem necessários grandes espaços.
Na
ilha de São Miguel há exemplares muito bonitos e de grande porte, nomeadamente
no Jardim Antero de Quental e no Jardim Botânico José do Canto, em Ponta
Delgada, no Jardim Dr. António da Silva Cabral, em Vila Franca do Campo, no
Parque Terra Nostra, no Parque Beatriz do Canto e na Mata-Jardim José do Canto,
nas Furnas.
Raimundo
Quintal no texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São
Miguel”, publicado em 2019, defende a classificação de um conjunto de
exemplares na Mata Jardim José do Canto, de um conjunto de exemplares no Parque
Terra Nostra e de um exemplar no Parque Beatriz do Canto.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32713, 20 de abril de 2022, p.11)
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