terça-feira, 25 de julho de 2023
Manuel Vicente: um padre culto e humanista (1)
Alguns dados biográficos
O padre Manuel Vicente, nasceu na Rua João do Rego, 134, em Ponta Delgada, no dia 11 de janeiro de 1866 e faleceu no dia 15 de fevereiro de 1938, na cidade de Artesia, na Califórnia, nos Estados Unidos da América.
A sua missa nova realizou-se na Igreja de São José em Ponta Delgada, em agosto de 1893, com a presença de uma numerosa assistência de todas as classes sociais. O padre Manuel Vicente teve como padrinhos o Dr. Caetano de Andrade Albuquerque e o Dr. José Maria Tavares Ferreira.
O Diário dos Açores, de 30 de agosto de 1893, publicou uma reportagem sobre aquela missa de que abaixo se transcreve alguns extratos:
“…O templo achava-se apinhado de pessoas de todas as classes, que ali tinham concorrido espontaneamente levadas pelo sentimento de simpatia que o nóvel sacerdote tem sabido inspirar no público onde goza de geral estima.
Terminado o ato religioso, foi servido um delicado lunch em casa dos pais do celebrante, levantando-se ao jantar vários brindes, sendo o primeiro do padre Manuel Vicente ao sr. D. Francisco José, bispo da diocese, fazendo o elogio do seu belo coração e esclarecida inteligência, em rápidas, mas levantadas e sentidas palavras.
Brindou em seguida ao ilustre titular e nobilíssimo cavalheiro, sr. conde de Fonte Bela, a quem era devedor, bem como sua família, da mais generosa proteção.
Ao sr. visconde de Porto Formoso, bom amigo, e herdeiro de um título e de um nome imaculado.
Aos srs. Marquês da Praia e conde de Jácome Corrêa, dois cavalheiros que lhe mereciam gratidão.
Muitos outros brindes se trocaram entre os convivas, que exprimiam a cordialidade expansiva que presidia àquela festa íntima.
Foram lembrados os nomes dos srs. Dr. Henrique Ferreira de Paula Medeiros, Francisco Maria Supico, Manuel Pereira de Lacerda, padre Francisco Horta, cónego Reis Fisher, cónego Machado, padre João Pereira Dâmaso, família Carreiro de Mendonça, João Bernardes d’Abreu e Lima, família do padre Manuel Vicente, padre Januário Velosa, Clemente Pereira da Costa, padre Francisco José Carreiro, padre José Augusto da Silva, os alferes Andrade, Reis e Miranda, Francisco Manuel Bicudo Corrêa, etc.
Terminou, levantando um entusiástico brinde ao novo sacerdote, o sr. dr. Guilherme Poças Falcão, que na sua palavra fluente e convicta falou das belas qualidades que ornam o coração do padre Manuel Vicente, dirigiu congratulações aos seus pais, e agradeceu os numerosos brindes que lhe forma dirigidos por todos os convivas.
Entre as ofertas feitas naquele dia ao padre Vicente, lembramo-nos de ter visto uma cadeia de oiro para relógio, uma salva de prata, um par de jarras do Japão e uma caneta de prata doirada.”
Distinto orador sacro, o padre Manuel Vicente foi cura do Cabouco, de novembro de 1895 a outubro de 1898.
Também paroquiou na ilha de Santa Maria, na Relva, em São Pedro, na Matriz de Ponta Delgada, foi capelão no Recolhimento de Santa Bárbara e nos Estados Unidos da América.
Em 1897, o Padre Manuel Vicente fez parte de uma comissão que preparou a visita do Padre Sena Freitas à sua terra natal, depois de uma ausência de 40 anos. Para além do Padre Vicente, entre outros faziam parte o farmacêutico e jornalista Francisco Maria Supico, que presidia, e Eugénio Pacheco que chegou a ser reitor do Liceu de Ponta Delgada.
Mais tarde, foi viver para os Estados Unidos, onde fundou a igreja Paroquial da Sagrada Família, em Artesia, pertencente à Arquidiocese de Los Angeles.
Como prova do seu empenho na construção da igreja, na mesma encontra-se uma placa com os seguintes dizeres: “Esta placa comemora a fundação da Igreja da Sagrada Família pelo Padre Manuel Vicente, português, e seus concidadãos e paroquianos, em 25 de dezembro de 1930”.
Quando faleceu, os seus paroquianos mandaram embalsamar o corpo numa urna com tampa de vidro que veio para Ponta Delgada, onde chegou no dia 15 de abril de 1938. Depois de estar exposto na Igreja Matriz, a urna foi colocada no jazigo da família no Cemitério de São Joaquim.
T. Braga
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