TIL
O til (Ocotea foetens (Aiton)
Baill.) é uma árvore da família Lauraceae, endémica da Madeira e das
Canárias que, nos Açores, existe nas seguintes ilhas: São Miguel, Santa Maria,
Terceira, Faial e Flores.
O til é uma árvore
que pode atingir até 30-40 m de altura, perenifólia, com uma copa densa,
piramidal a arredondada. As folhas, alternadas, são elípticas a
ovado-elípticas, acuminadas, brilhantes e glabras na página superior. A página
inferior também é glabra, mas apresenta duas depressões glandulares, cobertas
de pelos compridos, na base da nervura principal. As flores, que surgem de
junho a agosto, são cheirosas, pequenas, branco-esverdeadas, encontrando-se
reunidas em panículas. Os frutos são elipsoidais negros, com uma cúpula que
atinge o primeiro terço, assemelhando-se a uma bolota. Servm de alimento a
muitas aves, nomeadamente aos pombos-torcazes (Columba palumbus
azorica), subespécie endémica dos Açores.
Não se sabendo quando foi introduzido o til nos Açores, sabe-se
que, em 1844, a Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense apresentou uma
proposta às Câmaras Municipais para promoverem a plantação de árvores nos
baldios e nas bermas das estradas, tendo sugerido, entre outras espécies a
utilizar, o til.
De acordo com Quintal (2023), na ilha da Madeira, “os troncos de
til (Ocotea foetens) foram muito utilizados nas grandes e potentes varas
dos lagares, em vigas para suportar soalhos e em peças de mobiliário. Mas nem
só a construção e a marcenaria consumiram os tis desta ilha. Inúmeros foram
desfeitos em lenha para alimentar os engenhos do açúcar.” Também usado como
árvore de arruamento, nomeadamente no Funchal e na Ribeira Brava.
Na freguesia da Fajã da Ovelha, na Madeira, usa-se a planta para
“lavagens do corpo, para comichão (género de urticária)” (Freitas e Mateus,
2013). Vieira, Moura e Silva (2020) consideram o til “medicinal (infusão de
folhas ou frutos: anti-hipertensivo; cataplasma de folhas e ramos tenros no
tratamento de doenças malignas; é rico em óleos essenciais, de odor
desagradável).”
Em Portugal continental há exemplares notáveis no Jardim Botânico
da Ajuda e no Jardim Agrícola Tropical e na Madeira, no Jardim Municipal do
Funchal (Jardim Princesa Dona Maria Amélia, no Parque de Santa Catarina, no
Parque Municipal do Monte, etc. e seuais
Na ilha de São Miguel, entre outros locais, é possível encontrar
tis no Jardim Botânico José do Canto, no Pinhal da Paz, na Mata-ajardinada da
Lagoa do Congro, no Jardim do Palácio de Santana, no Parque Terra Nostra e na
Mata do Dr. Fraga.
Ao descrever a Mata da Lagoa do Congro, Raimundo Quintal, no
número de outubro de 2023 da revista “Jardins” escreveu o seguinte:
Cerca
de 150 anos após o final das plantações, algumas espécies desapareceram, outras
estão representadas apenas por exemplares isolados e duas espécies arbóreas
encontraram condições excecionais para crescerem e multiplicarem-se. O
incenseiro (Pittosporum undulatum), nativo da Austrália, e o til (Ocotea
foetens), indígena da Laurissilva da Madeira e do qual não há notícia de ter
integrado a Laurissilva de São Miguel.
Ao
percorrer os cerca de 700 metros do trilho, desde a estrada até à margem da
lagoa, temos oportunidade de admirar tis monumentais, com 20 a 30 metros de
altura. Alguns dobram-se e com os ramos acariciam a água. O sub-bosque é
dominado por incontáveis plantas infantis e juvenis. Uma verdadeira Tilândia!”
Dos exemplares existentes em São Miguel, Raimundo Quintal (2019)
considera que deverá ser classificado como de interesse público um exemplar
existente no Jardim José do Canto, junto à estátua do seu fundador.
O til, segundo Saraiva (2020), que é uma árvore de crescimento
lento e com uma longevidade que ultrapassa os 100 anos, multiplica-se por
semente, sendo necessária humidade e alguma luz.
Sem comentários:
Enviar um comentário