quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Til

 


TIL

 

O til (Ocotea foetens (Aiton) Baill.) é uma árvore da família Lauraceae, endémica da Madeira e das Canárias que, nos Açores, existe nas seguintes ilhas: São Miguel, Santa Maria, Terceira, Faial e Flores.

 

O til é uma árvore que pode atingir até 30-40 m de altura, perenifólia, com uma copa densa, piramidal a arredondada. As folhas, alternadas, são elípticas a ovado-elípticas, acuminadas, brilhantes e glabras na página superior. A página inferior também é glabra, mas apresenta duas depressões glandulares, cobertas de pelos compridos, na base da nervura principal. As flores, que surgem de junho a agosto, são cheirosas, pequenas, branco-esverdeadas, encontrando-se reunidas em panículas. Os frutos são elipsoidais negros, com uma cúpula que atinge o primeiro terço, assemelhando-se a uma bolota. Servm de alimento a muitas aves, nomeadamente aos pombos-torcazes (Columba palumbus azorica), subespécie endémica dos Açores.

 

Não se sabendo quando foi introduzido o til nos Açores, sabe-se que, em 1844, a Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense apresentou uma proposta às Câmaras Municipais para promoverem a plantação de árvores nos baldios e nas bermas das estradas, tendo sugerido, entre outras espécies a utilizar, o til.

 

De acordo com Quintal (2023), na ilha da Madeira, “os troncos de til (Ocotea foetens) foram muito utilizados nas grandes e potentes varas dos lagares, em vigas para suportar soalhos e em peças de mobiliário. Mas nem só a construção e a marcenaria consumiram os tis desta ilha. Inúmeros foram desfeitos em lenha para alimentar os engenhos do açúcar.” Também usado como árvore de arruamento, nomeadamente no Funchal e na Ribeira Brava.

 

Na freguesia da Fajã da Ovelha, na Madeira, usa-se a planta para “lavagens do corpo, para comichão (género de urticária)” (Freitas e Mateus, 2013). Vieira, Moura e Silva (2020) consideram o til “medicinal (infusão de folhas ou frutos: anti-hipertensivo; cataplasma de folhas e ramos tenros no tratamento de doenças malignas; é rico em óleos essenciais, de odor desagradável).”

 

Em Portugal continental há exemplares notáveis no Jardim Botânico da Ajuda e no Jardim Agrícola Tropical e na Madeira, no Jardim Municipal do Funchal (Jardim Princesa Dona Maria Amélia, no Parque de Santa Catarina, no Parque Municipal do Monte, etc. e seuais

 

Na ilha de São Miguel, entre outros locais, é possível encontrar tis no Jardim Botânico José do Canto, no Pinhal da Paz, na Mata-ajardinada da Lagoa do Congro, no Jardim do Palácio de Santana, no Parque Terra Nostra e na Mata do Dr. Fraga.

 

Ao descrever a Mata da Lagoa do Congro, Raimundo Quintal, no número de outubro de 2023 da revista “Jardins” escreveu o seguinte:

 

Cerca de 150 anos após o final das plantações, algumas espécies desapareceram, outras estão representadas apenas por exemplares isolados e duas espécies arbóreas encontraram condições excecionais para crescerem e multiplicarem-se. O incenseiro (Pittosporum undulatum), nativo da Austrália, e o til (Ocotea foetens), indígena da Laurissilva da Madeira e do qual não há notícia de ter integrado a Laurissilva de São Miguel.

 

Ao percorrer os cerca de 700 metros do trilho, desde a estrada até à margem da lagoa, temos oportunidade de admirar tis monumentais, com 20 a 30 metros de altura. Alguns dobram-se e com os ramos acariciam a água. O sub-bosque é dominado por incontáveis plantas infantis e juvenis. Uma verdadeira Tilândia!”

 

Dos exemplares existentes em São Miguel, Raimundo Quintal (2019) considera que deverá ser classificado como de interesse público um exemplar existente no Jardim José do Canto, junto à estátua do seu fundador.

 

O til, segundo Saraiva (2020), que é uma árvore de crescimento lento e com uma longevidade que ultrapassa os 100 anos, multiplica-se por semente, sendo necessária humidade e alguma luz.

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