Virusaperiódico (64)
Neste
domingo, 29 de janeiro, para além de uma visita a Vila Franca do Campo, estive
a ler o livro de José Estêvam Pacheco de Melo intitulado “Sacrifício que
edifica: O legado de uma Vida em Vila Franca do Campo”.
Trata-se
não tenho dúvidas de um importante livro de memórias que é um contributo importante
para quem quiser aprofundar a história da nossa vila.
Não
tendo qualquer interesse nas tricas intrapartidárias, nem querendo discorrer
sobre as opções políticas, religiosas ou outras do professor José Estêvam, há assuntos
que ele aborda que merecem ser aprofundados por ele (será que terá paciência?)
ou por algum historiador que a partir destas memorias confrontasse-as com documentos
escritos e com depoimentos de outras pessoas que viveram alguns dos acontecimentos
relatados.
Uma
das questões que me marcou na minha juventude foi o da guerra colonial,
nomeadamente as mortes lá ocorridas. Lembro-me dos enterros do professor Emanuel,
seu irmão, de outro professor Emanuel, da Ribeira das Tainhas, que lecionou na
Escola da Ribeira Seca e de um jovem de sobrenome Santos que morava no Pico d’Él
Rei. Gostaria de ver tratado com mais profundidade o assunto e parece-que que
José Estêvam não põe de parte a vontade de o fazer.
Outra
questão que merece ser aprofundada e a merecer uma investigação profunda é a
abordada no capítulo “De comunista a fascista”.
Nos
últimos tempos tenho estado a estudar vários documentos existentes na Torre do
Tombo sobre as informações que a PIDE recolhia sobre a vida social e pessoal de
várias pessoas da nossa ilha e lido dezenas de livros e teses de doutoramento sobre
o Estado Novo e nunca detetei que as opções políticas dos cidadãos fossem
assinaladas nos documentos de identificação. Este tema merece ser aprofundado
com consulta aos arquivos da PIDE, em Lisboa.
Também
gostaria de conhecer a razão de José Estêvam ter sido considerado fascista
depois do 25 de Abril de 1974. Pelo que tenho pesquisado, em 1973, ele foi, presidente
da Comissão de Freguesia de Água d’Alto da ANP (o partido que substituiu a União
Nacional). Será esta a explicação? Que atividade desenvolveu no âmbito da ANP?
Quem o convidou para tal? (Faço estas questões porque meu pai fez parte de uma
comissão idêntica do então Lugar da Ribeira Seca e até hoje não tive qualquer resposta
às questões que levanto)
Com
a leitura do livro enriqueci os meus conhecimentos e faço um apelo para que
outros que trabalharam para o bem comum também escrevam as suas memórias.
Recomendo
a leitura do livro e fico à espera que o professor José Estêvam escreva outro
sobre a sua participação na guerra colonial.
29
de dezembro de 2024
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