domingo, 29 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (64)

 



Virusaperiódico (64)

 

Neste domingo, 29 de janeiro, para além de uma visita a Vila Franca do Campo, estive a ler o livro de José Estêvam Pacheco de Melo intitulado “Sacrifício que edifica: O legado de uma Vida em Vila Franca do Campo”.

 

Trata-se não tenho dúvidas de um importante livro de memórias que é um contributo importante para quem quiser aprofundar a história da nossa vila.

 

Não tendo qualquer interesse nas tricas intrapartidárias, nem querendo discorrer sobre as opções políticas, religiosas ou outras do professor José Estêvam, há assuntos que ele aborda que merecem ser aprofundados por ele (será que terá paciência?) ou por algum historiador que a partir destas memorias confrontasse-as com documentos escritos e com depoimentos de outras pessoas que viveram alguns dos acontecimentos relatados.

 

Uma das questões que me marcou na minha juventude foi o da guerra colonial, nomeadamente as mortes lá ocorridas. Lembro-me dos enterros do professor Emanuel, seu irmão, de outro professor Emanuel, da Ribeira das Tainhas, que lecionou na Escola da Ribeira Seca e de um jovem de sobrenome Santos que morava no Pico d’Él Rei. Gostaria de ver tratado com mais profundidade o assunto e parece-que que José Estêvam não põe de parte a vontade de o fazer.

 

Outra questão que merece ser aprofundada e a merecer uma investigação profunda é a abordada no capítulo “De comunista a fascista”.

 

Nos últimos tempos tenho estado a estudar vários documentos existentes na Torre do Tombo sobre as informações que a PIDE recolhia sobre a vida social e pessoal de várias pessoas da nossa ilha e lido dezenas de livros e teses de doutoramento sobre o Estado Novo e nunca detetei que as opções políticas dos cidadãos fossem assinaladas nos documentos de identificação. Este tema merece ser aprofundado com consulta aos arquivos da PIDE, em Lisboa.

 

Também gostaria de conhecer a razão de José Estêvam ter sido considerado fascista depois do 25 de Abril de 1974. Pelo que tenho pesquisado, em 1973, ele foi, presidente da Comissão de Freguesia de Água d’Alto da ANP (o partido que substituiu a União Nacional). Será esta a explicação? Que atividade desenvolveu no âmbito da ANP? Quem o convidou para tal? (Faço estas questões porque meu pai fez parte de uma comissão idêntica do então Lugar da Ribeira Seca e até hoje não tive qualquer resposta às questões que levanto)

 

Com a leitura do livro enriqueci os meus conhecimentos e faço um apelo para que outros que trabalharam para o bem comum também escrevam as suas memórias.

 

Recomendo a leitura do livro e fico à espera que o professor José Estêvam escreva outro sobre a sua participação na guerra colonial.

 

29 de dezembro de 2024

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