sexta-feira, 31 de maio de 2019
Caldeira Velha- Monumento Natural
Caldeira Velha- Monumento Natural
Em Setembro de 1999, a Associação Amigos dos Açores apresentou à Direcção Regional do Ambiente uma proposta de classificação da Caldeira Velha, com o objectivo de impedir a degradação e descaracterização do local, e, permitir a optimização do seu uso para diversos fins, contrariando-se, assim, a tendência para intervenções avulsas e desarticuladas.
A proposta dos Amigos dos Açores concretizou-se este ano através do Decreto Legislativo Regional nº 3/2004 que classificou a Caldeira Velha como Monumento Natural Regional, tendo em conta, entre outros motivos, a “sua raridade, elevada importância científica, paisagística e social, bem como o inequívoco interesse turístico, recreativo e cultural”.
Desde sempre a Caldeira Velha foi muito procurada, tanto por visitantes nacionais como por estrangeiros, tendo a maioria deles deixado relatos da sua passagem pelo local. Entre os demais visitantes ilustres, destaca-se o médico inglês Joseph Bullar que, com o seu irmão Henry, visitou o local, em 1838, tendo deixado o testemunho da sua visita no livro “Um Inverno nos Açores e um Verão no Vale das Furnas”.
Ocupando uma área de 11,975 ha, a Caldeira Velha localiza-se na vertente Norte do Maciço Vulcânico do Fogo, na freguesia da Conceição, concelho da Ribeira Grande, numa importante fractura daquele maciço vulcânico.
A Caldeira Velha constitui um importante campo fumarólico localizado numa importante falha do complexo vulcânico do Fogo, numa zona de risco vulcânico médio- alto e de baixo risco sísmico.
As águas da Caldeira Velha são sulfatadas e alumínicas, com uma temperatura de 90º C e pH 3,13. Um pouco acima da cota da Caldeira (315m), a água da ribeira, na cota de 328 metros, é alcalina ferruginosa e com a temperatura de 25,2º C. (Zbyszewski,1961).
Em 1985, altura em que os proprietários dos terrenos procederam ao abate da vegetação luxuriante existente no local, alguma centenária, já a primitiva vegetação havia dado lugar a espécies introduzidas para os mais diversos fins, nomeadamente os industriais e ou ornamentais. Assim, entre as espécies de maior porte, encontravam-se, na Caldeira Velha, criptomérias (Cryptomeria japonica), incensos (Pittosporum undulatum), e plátanos (Platanus x hybrida).Depois do referido corte, a par das plantações efectuadas, houve uma recuperação do coberto vegetal por algumas espécies, com predomínio das invasoras, nomeadamente a acácia (Acacia melanoxylon) e a conteira (Hedychium gardneranum).
Para além das espécies referidas, hoje, ainda podem ser encontradas as seguintes: feto pente (Blechnum spicant), feto do botão (Woodwardia radicans), feto- arbóreo (Sphaeropteris cooperi), Leycesteria formosa, feto do cabelinho (Culcita macrocarpa), queiró (Calluna vulgaris), feto real (Osmunda regalis), Selaginella kraussiana e fona de porco (Solanum mauritianum).
No que diz respeito à avifauna, entre outras espécies, podem ser encontradas as seguintes: pombo torcaz (Columba palumbus azorica), tentilhão (Fringilla coelebs moreleti), canário (Serinus canaria), alvéola (Motacilla cinerea patriciae), estrelinha (Regulus regulus azoricus) e melro negro (Turdus merula azorensis).
Nas águas da ribeira da Caldeira Velha vive a rã (Rana perezi) e na zona envolvente à Caldeira Velha podemos encontrar os seguintes mamíferos: o coelho (Oryctolagus cuniculus), o furão (Mustela furo) e o morcego dos Açores (Nyctalus azoreum).
Teófilo de Braga
(Terra Nostra, 28 de maio de 2004)
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