Apontamentos sobre
António Borges (1)
António Borges da Câmara Medeiros, 3° filho do morgado António Pedro Borges
da Câmara Medeiros e de Maria Francisca de Andrade e Albuquerque Bettencourt
nasceu no solar do Calço da Furna, na Fajã de Baixo, a 14 de junho de 1812 e
faleceu em Ponta Delgada, no dia 19 de março de 1879. O que viria ser um homem
robusto foi batizado, em casa, logo após o nascimento, devido à sua debilidade
física.
O seu interesse pelas plantas e jardins e pela agricultura poderá estar
associado ou foi potencializado pelo fato de António Borges ter frequentado um curso
agrícola na escola de Grignon, em França.
António Borges casou-se com sua prima Maria das Mercês de Andrade Albuquerque (1820- 1906), filha de Mateus
Francisco de Andrade Albuquerque Bettencourt e de sua 1.ª mulher Maria Soares
de Albergaria, que era viúva de Caetano de Andrade Albuquerque Bettencourt.
Embora não tenha herdado os morgadios familiares, através das várias
heranças que recebeu e do património de sua prima com quem casou passou a ser
possuidor de meios que lhe garantiram uma vida faustosa.
De
acordo com Francisco Maria Supico, foi António Borges que projetou a rua
Formosa (hoje rua de Lisboa), cuja obra de abertura começou em 1839. De acordo
com o mesmo autor, os terrenos que a rua atravessou eram na sua maioria
pertencentes ao seu irmão mais velho Duarte Borges da Câmara Medeiros que os
cedeu gratuitamente à Câmara Municipal de Ponta Delgada.
António
Borges teve uma atividade política muito reduzida, sendo adepto da tendência
mais conservadora do liberalismo. Foi governador civil em 1848.
Relativamente
à sua atividade relacionada com a agricultura, no Agricultor Micaelense, nº 25,
de janeiro de 1850, pode ler-se o seguinte: “O Sr. Antonio Borges da Câmara e
Medeiros, nosso consocio, tem introduzido recentemente várias egoas, alguns
cavalos pães e uma vaca de Yorkshire”.
A
participação de António Borges na vida da Sociedade Promotora da Agricultura
Micaelense não foi tão intensa como a de José do Canto ou de José Jácome
Correia. Com efeito, enquanto aqueles fizeram parte dos órgãos sociais da
associação, António Borges teve um envolvimento muito reduzido, sabendo-se que
a 15 de dezembro de 1850 foi nomeado para fazer parte de uma comissão
encarregada de fazer a revisão das contas de gerência apresentadas pela direção.
Em
1853, António Borges instalou, no seu prédio na Lombinha dos Cães, uma pequena
estufa, por ele desenhada, em ferro e vidro que terá custado, no total da obra,
1 200§000 Reis.
Sobre
as estufas de vidro, recorde-se que, segundo José do Canto, em carta de Paris,
datada de 13 de outubro de 1853, António Borges já naquela altura estava a
desenhar uma estufa, tendo a intenção de levar para os Açores a armação de
ferro e os vidros. No mesmo ano; aos 41 anos de idade, fez uma demorada viagem
pela Europa, tendo na ocasião adquirido um grande número de plantas exóticas.
Em
1854, de acordo com carta de Paris de José do Canto a seu primo Jácome Correa,
datada de 15 de fevereiro, onde considera
António Borges “excessivo em
todas as cousas a que se aplica, e como é facilmente absorvido por ellas”
aquele que também estava na referida cidade, para além de passar os dias “nos
viveiros ou no Jardim das Plantas, e as noutes, com pequenas excepções, são
empregadas em folhear catálogos e tomar notas”,
Na
mesma carta fica-se a saber que António Borges havia adquirido grande
quantidade de plantas tanto em Paris como em Londres. A quantidade era tanta
que José do Canto, escreve que só as provenientes do “Jardim das Plantas, não ocuparão
menos de 20 estufas grandes portáteis, afóra os caixões.”
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32350, 3 de fevereiro de 2021,
p.14)
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