Apontamentos sobre o NPEPVS-DA, a primeira organização
ambientalista dos Açores (1)
No
nosso arquipélago, antes da Delegação dos Açores do NPEPVS-DA-Núcleo Português
de Estudos e Proteção da Vida Selvagem, existiram duas organizações de algum
modo ligadas à natureza, o CJN-Centro de Jovens Naturalistas de Santa Maria e
“Os Montanheiros”, da ilha Terceira, mas nenhuma delas teve uma intervenção
social digna de registo. Com efeito, enquanto o CJN se limitava ao estudo e à
divulgação do património natural, “Os Montanheiros”, apresentavam um carácter
meramente desportivo e de ocupação dos tempos livres. O NPEPVS-DA, por seu
lado, foi mais além, isto é, procurou associar as duas vertentes: a educação
não formal dos cidadãos e a intervenção pública junto das entidades
governamentais.
Tendo como principais dinamizadores, Duarte
Furtado e Gérald Le Grand, em janeiro de 1982, começou a funcionar, em São
Miguel, uma delegação totalmente autónoma do NPEPVS- Núcleo Português de Estudo
e Proteção da Vida Selvagem, organização fundada em 18 de dezembro de 1974,
sediada na cidade do Porto e com delegações em Bragança, Coimbra e Lisboa.
Eram
objetivos principais da delegação, entre outros, promover ou apoiar estudos
sobre a fauna e a flora, realizar campanhas de sensibilização e interceder
junto das entidades oficiais.
Na
circular nº 1 de abril de 1982, o NPEPVS-DA anunciava as atividades previstas
para aquele ano, de que se destaca a comemoração do Dia Mundial do Ambiente,
uma campanha para a proteção das aves de rapina (milhafre e mocho) e
conferências para divulgação do Património Natural dos Açores.
Em
maio de 1982, a delegação do NPEPVS, cujo contacto era o da Universidade dos
Açores, já disponibilizava aos associados e a todos os interessados, uma
biblioteca e diverso material de divulgação e didático, como filmes, livros,
posters, autocolantes e folhetos sobre a fauna e a flora.
Em
junho de 1982, o delegado Duarte Soares Furtado, enviava aos responsáveis de
ilha um documento de informação e divulgação sobre a Estratégia Mundial da
Conservação. No mesmo mês, foram divulgados os nomes dos associados que tinham
sido indigitados para responsáveis de ilha, respetivamente Gérald Le Grand, São
Miguel, Dalberto Teixeira Pombo, Santa Maria, Teófilo Braga, Terceira, Maria
José Silveira, São Jorge e Eduardo Carqueijeiro, Faial e Pico. Era competência
de cada responsável de ilha, angariar o número máximo de sócios, informar a
sede sobre os problemas concretos de cada ilha, interferir junto das
autoridades regionais, no sentido de uma verdadeira proteção do ambiente e
remeter bimensalmente para a sede os relatórios das atividades efetuadas em
cada ilha.
No
mesmo mês foi enviada aos responsáveis de ilha uma lista de livros que poderiam
ser emprestados através da Bird Bookshop- Scottish Ornithologists’ Club. Os
livros podiam ser pedidos diretamente para Inglaterra ou através da Delegação.
Em
julho de 1982, foi envido aos responsáveis de ilha um documento sobre os
Princípios e Funcionamento da CODA- Coordinadora para la Defensa de Las Aves,
Secção Espanhola do Conselho Internacional para a Preservação das Aves (ICBP).
Em
agosto de 1982, foi enviado aos responsáveis de ilha, para darem conhecimento a
todos os associados e demais interessados, um caderno da série “Discussion
Papers in Conservation”.
No
mesmo mês, os responsáveis de ilha receberam o artigo “Baleia: ainda ameaçada
apesar da reunião de Brighton”, da autoria de Luís Pinto Enes, publicado no
semanário Expresso, de 31 de julho de 1982.
Na
primavera de 1983, foi editado o primeiro número do boletim “Priôlo”, com 24
páginas. Logo na primeira página, Duarte Furtado, explica a razão da escolha do
nome que era o de uma espécie endémica dos Açores, única no mundo, bastante
ameaçada de extinção. O boletim publica os textos: “Entomologia da idade média
ao século XIX”, condensado por João Tavares a partir do livro Entomologia
Geral, de Zilkar Maranhão, publicado em 1976, “Baleias! Eliminada a ameaça de
extinção?”, de Teófilo Braga, membro do Grupo Luta Ecológica e dos Amigos da
Terra, “O Milhafre (Buteo buteo) a nossa única ave de rapina diurna”, de
Fátima Melo, “Paisagens Protegidas”, de Rolando Cabral, da Divisão do Ambiente
da SRESocial, “Contra a Enxaqueca”, de Gerald Le Grand, “Plantas e saúde- A
acácia”, de Dalberto Teixeira Pombo, do Centro de Jovens Naturalistas de Santa
Maria, e “À mente humana”, de Mário Pinhal, do Grupo Ecológico da Universidade
dos Açores.
(continua)
(Correio dos Açores, 32660, 16 de fevereiro de 2022,
p.15)
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