terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (65)

 


Virusaperiódico (65)

 

No dia 30 de dezembro a minha atividade foi reduzida, sendo a causa principal uma constipação que não ata nem desata.

 

Descobri que há alguém no Pico da Pedra muito preocupado com a (boa) imagem das ruas. A criatura retira sacos com lixo da Rua Capitão Manuel Cordeiro, que são lá colocados para serem levados pelos serviços respetivos, e coloca-os na pastagem em frente.

 

Comecei a ler os primeiros textos do livro “In Memoriam do doutor Teófilo Braga 1834-1924”, um dos quais de Alice Moderno., que era sua amiga.

 

Comecei o dia 31 a dedicar alguns minutos ao associativismo ambiental no âmbito do Núcleo dos Açores da IRIS- Associação Nacional de Ambiente. Ainda de manhã, redigi os primeiros parágrafos de um texto sobre a relação entre Alice Moderno e Teófilo Braga.

 

No fim do dia, li um texto, no jornal “A Batalha” sobre Henry David Thoreau, o autor de “Walden” e de “A desobediência civil”.

 

Termino este que não foi um bom ano com a frase de Thoreau: 'O melhor governo é o que não governa. Quando os homens estiverem devidamente preparados, terão esse governo”.

 

Espero que 2025 seja, pelo menos, melhor do que este que agora termina.

 

31 de dezembro de 2024

domingo, 29 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (64)

 



Virusaperiódico (64)

 

Neste domingo, 29 de janeiro, para além de uma visita a Vila Franca do Campo, estive a ler o livro de José Estêvam Pacheco de Melo intitulado “Sacrifício que edifica: O legado de uma Vida em Vila Franca do Campo”.

 

Trata-se não tenho dúvidas de um importante livro de memórias que é um contributo importante para quem quiser aprofundar a história da nossa vila.

 

Não tendo qualquer interesse nas tricas intrapartidárias, nem querendo discorrer sobre as opções políticas, religiosas ou outras do professor José Estêvam, há assuntos que ele aborda que merecem ser aprofundados por ele (será que terá paciência?) ou por algum historiador que a partir destas memorias confrontasse-as com documentos escritos e com depoimentos de outras pessoas que viveram alguns dos acontecimentos relatados.

 

Uma das questões que me marcou na minha juventude foi o da guerra colonial, nomeadamente as mortes lá ocorridas. Lembro-me dos enterros do professor Emanuel, seu irmão, de outro professor Emanuel, da Ribeira das Tainhas, que lecionou na Escola da Ribeira Seca e de um jovem de sobrenome Santos que morava no Pico d’Él Rei. Gostaria de ver tratado com mais profundidade o assunto e parece-que que José Estêvam não põe de parte a vontade de o fazer.

 

Outra questão que merece ser aprofundada e a merecer uma investigação profunda é a abordada no capítulo “De comunista a fascista”.

 

Nos últimos tempos tenho estado a estudar vários documentos existentes na Torre do Tombo sobre as informações que a PIDE recolhia sobre a vida social e pessoal de várias pessoas da nossa ilha e lido dezenas de livros e teses de doutoramento sobre o Estado Novo e nunca detetei que as opções políticas dos cidadãos fossem assinaladas nos documentos de identificação. Este tema merece ser aprofundado com consulta aos arquivos da PIDE, em Lisboa.

 

Também gostaria de conhecer a razão de José Estêvam ter sido considerado fascista depois do 25 de Abril de 1974. Pelo que tenho pesquisado, em 1973, ele foi, presidente da Comissão de Freguesia de Água d’Alto da ANP (o partido que substituiu a União Nacional). Será esta a explicação? Que atividade desenvolveu no âmbito da ANP? Quem o convidou para tal? (Faço estas questões porque meu pai fez parte de uma comissão idêntica do então Lugar da Ribeira Seca e até hoje não tive qualquer resposta às questões que levanto)

 

Com a leitura do livro enriqueci os meus conhecimentos e faço um apelo para que outros que trabalharam para o bem comum também escrevam as suas memórias.

 

Recomendo a leitura do livro e fico à espera que o professor José Estêvam escreva outro sobre a sua participação na guerra colonial.

 

29 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (63)



 

Virusaperiódico (63)

 

No dia 26 de manhã continuei as minhas pesquisas sobre Camões e as plantas e de tarde estive em Vila Franca a colher goiabas e (muito poucas) bananas. No fim do dia estive a ler os últimos textos da revista “A Ideia”.

 

Durante a manhã do dia 28 estive na Biblioteca Pública de Ponta Delgada a fazer pesquisas no Diário dos Açores de 2005 e em várias obras sobre Camões. Requisitei alguns livros sobre a poesia de Camões e Os Lusíadas, que odiei quando fui obrigado a estudar quando frequentei o antigo 5º ano (atual 9º ano de escolaridade), no Externato de Vila Franca do Campo.

 

De tarde estive a ler o livro “Autoficções Virais” de Henrique Garcia Pereira. Não estou a gostar.

 

Comecei o dia 28 a ler algumas páginas da “Flora d’Os Lusíadas”, livro escrito pelo Conde de Ficalho e outras do livro “Cantos Populares do Arquipélago Açoriano”, coligidos e anotados por Teófilo Braga. Deste fica a seguinte quadra:

 

Deixai vós falar quem fala,

Deixai vós dizer quem diz,

Deixai vós correr as águas

Direitas ao chafariz

 

De tarde, estive na Livraria Letras Lavadas onde assisti à apresentação do livro “Alimentação para Gente de Palmo e Meio”, da minha antiga aluna Ana Rita Sousa. Foi um momento ímpar, pois para além dela encontrei outras alunas na mesma turma, como a Diana, a Lia, a Maria, a Sara e a Mariana. Os meus parabéns à Ana Rita e, desde já, recomendo a leitura do livro que é “um guia para uma alimentação saudável dos 0 aos 6 anos.”

 

28 de dezembro de 2024

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (62)

 


Virusaperiódico (62)

 

Depois de um domingo, onde não houve nada de importante a registar, para além de uma visita de familiares, comecei a segunda-feira, dia 23, a ler uns textos de e sobre Simone Weil, autora desconhecida para mim. Fiquei curioso e quando houver tempo disponível irei aprofundar o meu conhecimento sobre a sua vida e obra.

 

Com a vida a correr mais devagar, hoje apreciei pela primeira vez inhames da Fajã de Cima. Estão aprovados!

 

No fim do dia estive a ler sobre plantas referidas por Camões nos seus poemas. Será que muitas delas existem nos Açores?

 

O dia 24 foi destinado à leitura de alguns textos sobre Ferreira de Castro e o terceirense Jaime Brasil, à escrita de uns apontamentos sobre as plantas referidas por Camões na sua obra existentes nos Açores ou usadas na medicina popular no nosso arquipélago. Numa saída de casa fotografei uma agave-pescoço-de-cisne e o labirinto do Parque Maria das Mercês Carreiro. O princípio da noite foi dedicado a convívio familiar.

 

No dia 25, para além do convívio familiar voltei a Camões e às suas plantas com a ajuda de um texto do botânico Jorge Paiva.

 

25 de dezembro de 2024

Til

 


TIL

 

O til (Ocotea foetens (Aiton) Baill.) é uma árvore da família Lauraceae, endémica da Madeira e das Canárias que, nos Açores, existe nas seguintes ilhas: São Miguel, Santa Maria, Terceira, Faial e Flores.

 

O til é uma árvore que pode atingir até 30-40 m de altura, perenifólia, com uma copa densa, piramidal a arredondada. As folhas, alternadas, são elípticas a ovado-elípticas, acuminadas, brilhantes e glabras na página superior. A página inferior também é glabra, mas apresenta duas depressões glandulares, cobertas de pelos compridos, na base da nervura principal. As flores, que surgem de junho a agosto, são cheirosas, pequenas, branco-esverdeadas, encontrando-se reunidas em panículas. Os frutos são elipsoidais negros, com uma cúpula que atinge o primeiro terço, assemelhando-se a uma bolota. Servm de alimento a muitas aves, nomeadamente aos pombos-torcazes (Columba palumbus azorica), subespécie endémica dos Açores.

 

Não se sabendo quando foi introduzido o til nos Açores, sabe-se que, em 1844, a Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense apresentou uma proposta às Câmaras Municipais para promoverem a plantação de árvores nos baldios e nas bermas das estradas, tendo sugerido, entre outras espécies a utilizar, o til.

 

De acordo com Quintal (2023), na ilha da Madeira, “os troncos de til (Ocotea foetens) foram muito utilizados nas grandes e potentes varas dos lagares, em vigas para suportar soalhos e em peças de mobiliário. Mas nem só a construção e a marcenaria consumiram os tis desta ilha. Inúmeros foram desfeitos em lenha para alimentar os engenhos do açúcar.” Também usado como árvore de arruamento, nomeadamente no Funchal e na Ribeira Brava.

 

Na freguesia da Fajã da Ovelha, na Madeira, usa-se a planta para “lavagens do corpo, para comichão (género de urticária)” (Freitas e Mateus, 2013). Vieira, Moura e Silva (2020) consideram o til “medicinal (infusão de folhas ou frutos: anti-hipertensivo; cataplasma de folhas e ramos tenros no tratamento de doenças malignas; é rico em óleos essenciais, de odor desagradável).”

 

Em Portugal continental há exemplares notáveis no Jardim Botânico da Ajuda e no Jardim Agrícola Tropical e na Madeira, no Jardim Municipal do Funchal (Jardim Princesa Dona Maria Amélia, no Parque de Santa Catarina, no Parque Municipal do Monte, etc. e seuais

 

Na ilha de São Miguel, entre outros locais, é possível encontrar tis no Jardim Botânico José do Canto, no Pinhal da Paz, na Mata-ajardinada da Lagoa do Congro, no Jardim do Palácio de Santana, no Parque Terra Nostra e na Mata do Dr. Fraga.

 

Ao descrever a Mata da Lagoa do Congro, Raimundo Quintal, no número de outubro de 2023 da revista “Jardins” escreveu o seguinte:

 

Cerca de 150 anos após o final das plantações, algumas espécies desapareceram, outras estão representadas apenas por exemplares isolados e duas espécies arbóreas encontraram condições excecionais para crescerem e multiplicarem-se. O incenseiro (Pittosporum undulatum), nativo da Austrália, e o til (Ocotea foetens), indígena da Laurissilva da Madeira e do qual não há notícia de ter integrado a Laurissilva de São Miguel.

 

Ao percorrer os cerca de 700 metros do trilho, desde a estrada até à margem da lagoa, temos oportunidade de admirar tis monumentais, com 20 a 30 metros de altura. Alguns dobram-se e com os ramos acariciam a água. O sub-bosque é dominado por incontáveis plantas infantis e juvenis. Uma verdadeira Tilândia!”

 

Dos exemplares existentes em São Miguel, Raimundo Quintal (2019) considera que deverá ser classificado como de interesse público um exemplar existente no Jardim José do Canto, junto à estátua do seu fundador.

 

O til, segundo Saraiva (2020), que é uma árvore de crescimento lento e com uma longevidade que ultrapassa os 100 anos, multiplica-se por semente, sendo necessária humidade e alguma luz.

sábado, 21 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (61)

 



Virusaperiódico (61)

 

No dia 20 fiquei a saber o que sempre soube, isto é, que há deputados que estão na ALRA a defender os seus interesses particulares e /ou o dos seus amigalhaços. Não só deputados fazem isto, primeiro o seu bolso depois o bem comum!

 

Comecei a leitura do livro “Sobre a mudança- Justiça climática e transição ecológica no século XXI, do físico Luís Fazendeiro, editado pela Outro Modo, cooperativa cultural. O prefácio é do filósofo Viriato Soromenho Marques que a dado passo escreve: “Apesar de toda a retórica “verde” e “sustentável”, a velocidade inercial da degradação ambiental e climática continua a impor-se, perante o tímido ritmo das tentativas de mitigação e redução de danos.” Vale a pena a leitura.

 

O dia 21, o último dia de trabalho na terra deste ano, começou com a leitura dos jornais e com a pesquisa de informações sobre a posição de organizações internacionais sobre o glifosato. Confirmei que a oposição total ao seu uso é predominante, mas os “negócios” estão sempre acima da saúde de todos e da qualidade ambiental. Até quando?

 

Foi dia de refazer a latada dos quivis, de cuidar das abelhas que se queixam da falta de flores e de desobstruir a entrada da terra na Ribeira Nova devido à “queda” de uma acácia. O cansaço não permitiu que fossem feitas leituras.

 

No regresso, fotografei o tradicional presépio que anualmente tem sido construído na Ribeira Seca, penso que pelo Dinis e pelo Vitorino.

 

Fui presentado com produtos da nossa terra, batata abóbora e feijão verde.

 

21 de dezembro de 2024

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (60)

 


Virusaperiódico (60)

 

Depois de três dias de pausa e não de repouso e de uma viagem atribulada com uma turbulência severa, no dia 16 estive a observar no computador plantas do Jardim Gulbenkian, depois de ter visitado o jardim nos dias anteriores.  Li uma brochura sobre sindicalismos.

 

No dia 17, estive a ler uma brochura sobre a não violência, a divulgar uma petição contra o regresso de herbicidas com glifosato às ruas e caminhos dos Açores. Que vergonha de deputados (não todos)! Outra nojeira é o apoio do Governo Regional dos Açores a um evento sobre tortura de animais (touradas). Não me venham depois falar em preocupações com o bem-estar animal.

 

No dia 18, andei por Vila Franca do Campo. Verifiquei que alguém havia cortado uma grande acácia que existia na Ribeira Nova e levado uma parte grande do tronco. Li o primeiro texto da revista “A Ideia” relativa ao outono de 2024.

 

Comecei o dia 19 a redigir um texto sobre o uso de herbicidas com glifosato. Para caminhos, ruas e afins são perfeitamente dispensáveis herbicidas com ou sem glifosato. Continuei a leitura de “A Ideia”, revista de cultura libertária.

 

19 de dezembro de 2024

 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Freixo (s)

 


Freixo (s)

 

O freixo, freixo-de-flor ou freixo-da-sicília (Fraxinus ornus L.) é uma planta de folha caduca, da família Oleaceae, originária de África e da Europa (região Mediterrânica, desde Espanha até à Turquia.

 

O nome do género Fraxinus deriva da palavra grega “phraxis”, que significa separação que estará relacionado com o facto da sua madeira rachar com facilidade ou com o facto da planta ser usada na separação de terrenos. Por sua vez, o nome específico ornus, deriva do latim “orno” que significa adornar, devido ao facto das suas inflorescências serem muito decorativas em comparação com as do freixo comum (Fraxinus excelsior).

 

O freixo-de-flor, que normalmente possui uma altura próxima dos 10 m, podendo alcançar os 20 m, possui um ritidoma liso e cinzento. As suas folhas apresentam folíolos de margem dentada, podendo apresentar pelos na página inferior. As flores, que surgem nos meses de abril, maio e junho, são brancas ou creme muito vistosas, de aroma agradável e os frutos apresentam a forma de língua, com uma asa que permite a disseminação.

 

Os freixos possivelmente terão chegado ao nosso arquipélago no século XVIII, pelo menos já existiam na Ilha Terceira, segundo um relatório concluído em Angra do Heroísmo no dia 29 de dezembro de 1798.

 

No que diz respeito à ilha de São Miguel, sabe-se que José do Canto possuía no seu jardim de Santana, em 1856, 12 taxa (espécies, subespécies, variedades, etc.) de freixos.

 

No jornal “O Agricultor Michaelense”, de julho de 1849, sobre o freixo, no caso o Fraxinus excelsior, pode ler-se o seguinte:

 

“Infelismente esta arvore era completamente desconhecida em S. Miguel ha alguns anos, e ainda hoje é raríssima.

 

As primeiras plantas que vegetaram no nosso clima foram enviadas d’Inglaterra pelo Sr. Harvey, estrangeiro distincto que introduzio muitas arvores novas n’esta Ilha, para povoar um prédio, que adquirira, adjacente á Lagoa das Furnas. Sucedeu que taes freixos se espalhassem por varias localidades da Ilha, e seja qual for a causa a que se possa atribuir o mau exito da sua naturalização, bem poucos são as que tem medrado.”

 

O botânico William Trelease, natural dos E.U.A., que visitou os Açores, cita “para a ilha das Flores, o Fraxinus angustifólia […] que lhe foi trazida como indígena, mas que considera, sem dúvida, inicialmente cultivada.” (Palhinha, 1966)

 

No número mencionado do “Agricultor Michaelense” há referência à espécie Fraxinus lentiscifolia (sinónimo de Fraxinus angustifolia subsp. angustifolia) que na ilha de Santa Maria era conhecido por carrasqueiro.

 

Sobre o carrasqueiro pode ler-se, entre outras coisas, o seguinte:

 

“… é uma linda arvore, de mimosa, e elegante folhagem: propaga-se facilmente por semente, em que abunda, a qual nasce de ordinário no fim de seis mezes. Cresce logo muito, lançando em cada anno vergônteas de 4 a 5 palmos. Torna-se em breve, frondosa arvore, e produz uma das mais preciosas madeiras que se podem alcançar. Tão boa e útil é, que, de muitas que haviam em Santa Maria, não poupou p machado a mais do que a só duas, que ainda hoje se admiram n’aquela Ilha.”

 

Nos Açores, como se pode constatar, há várias espécies do género Fraxinus, com destaque, na atualidade, para o freixo-de-flor e o freixo-comum.

 

 Na ilha de São Miguel, o freixo-de-flor pode ser encontrado no Pinhal da Paz, na Fajã de Cima, na Estrada da Ribeira Grande, na Mata do Dr. Fraga, na Maia, no Parque Terra Nostra, nas Furnas e na Mata-Jardim José do Canto, nas margens da Lagoa das Furnas.  O freixo-comum pode ser observado no Jardim da Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, no Jardim Botânico José do Canto, também em Ponta Delgada, e no Parque Terra Nostra.

 

19 de dezembro de 2024

 

Teófilo Braga

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (59)

 



Virusaperiódico (59)

 

Comecei o dia 8 a divulgar um estudo que revela que o herbicida “glifosato” utilizado na agricultura pode causar danos duradouros no cérebro. Há um partido político sempre virado para o passado que defende o seu regresso às ruas e caminhos dos Açores.

 

Hoje, estive a colocar em vasos diferentes trigo e ervilhaca. As boas tradições são para serem conservadas.

 

Passei uma grande parte do dia 9 a ler “O canto do melro - A Vida do Padre José Martins Júnior”. Continuo a ouvir notícias sobre o derrube de uma ditadura na Síria e sobre a transformação de terroristas em “democratas”. Não se esperava outra coisa, num mundo em que para além de grupos terroristas há estados terroristas que recebem apoio das democraCIAs.

 

Comecei o dia 10 a ler uma reportagem sobre o possível regresso do glifosato às ruas da nossa terra. A iniciativa é de um partido que parece querer o regresso de tudo, até de Oliveira Salazar (?). Vamos ver quem o vai acompanhar!

 

De manhã estive na Biblioteca Pública de Ponta Delgada onde por uma quantia irrisória adquiri livros e brochuras maravilhosas, como um livro de Alice Moderno e outro sobre Teófilo Braga. De tarde, estive na festa de Natal do Centro de Dia da Casa do Povo do Pico da Pedra.

 

A chuva fez com que a manhã do dia 11 fosse passada com leituras diversas. Acabei de ler o romance sobre o Padre Martins da Madeira e recomendo a que todos os que não têm a alma pequena. Também, li uma pequena publicação de José da Mota Vieira, confirmei que a República foi(mal) construída com não republicanos tal como a democracia que temos é fruto de adeptos da ditadura. Não me refiro a Mota Vieira que sendo republicano nem sempre foi bem tratado por aqueles.

 

Informaram-me que a ALRA aprovou o regresso do glifosato. É a sustentabilidade insustentável açoriana!

 

11 de dezembro de 2024

domingo, 8 de dezembro de 2024

O Parque Pedagógico Recreativo Maria das Mercês Carreiro merece uma visita

 


O Parque Pedagógico Recreativo Maria das Mercês Carreiro merece uma visita

 

No passado dia 13 de novembro, dia de São Martinho, voltei a visitar o Parque Maria das Mercês Carreiro, coisa que faço com regularidade, pois não me canso de observar as suas plantas e de apreciar a beleza das suas flores. Naquele dia, fui com outro objetivo, o de averiguar se havia alguma degradação daquele espaço tal como me haviam afirmado algumas pessoas.

 

Pelo que me foi dado observar, não posso concordar que aquele espaço ajardinado esteja degradado. Tal como todos jardins necessita de um cuidado permanente não só na limpeza dos caminhos- estava impecavelmente limpo- mas também no cuidado das plantas, nomeadamente através da retirada de ramos secos ou na substituição de plantas que morrem.

 

Concretizando, com alguma preocupação notei que algumas faias (Morella faya) do labirinto estão mortas, sendo necessário averiguar as causas e substituí-las por outras, o mesmo acontecendo com a maior parte dos buxeiros ou buxos (Buxus sempervirens) de uma pequena sebe que devem ser arrancados e substituídos por plantas de outra espécie. Por último, carece de limpeza um canteiro com urzes (Erica azorica) e queirós (Calluna vulgaris) já que algumas das plantas parecem estar sem vida.

 

Para além do referido, sugiro que se continue o louvável e difícil, para não botânicos, trabalho de identificação de algumas espécies e que se faça a substituição da única placa identificativa que não está de acordo com a planta lá existente

 

Mas como tristezas não pagam dívidas, apresento a seguir algumas boas razões para a manutenção e visita daquele parque que do meu ponto de vista é, neste momento, o principal ponto de atração de visitantes ao Pico da Pedra.

 

O Parque Maria das Mercês Carreiro é um excelente equipamento de educação ambiental, que as escolas e organizações de juventude ou de defesa do ambiente poderão tirar o máximo proveito. A título de exemplo, recordo que lá já ocorreu uma parte de uma ação de formação contínua de professores, maioritariamente docentes da Escola Secundárias das Laranjeiras, que este ano já foi visitado por um grupo de jovens da Lagoa que participaram numa atividade dinamizada pelos Amigos dos Açores-Associação Ecológica e que no referido dia da visita encontrei lá uma turma da Escola Secundária da Lagoa.

 

Mas, ao contrário do que se pensa, não é só na primavera que o parque está atraente para os visitantes. No outono, a passos largos para o inverno, o visitante pode deleitar-se com a beleza das flores de algumas espécies, de que, entre ouras, menciono as seguintes:

 

A primeira espécie em floração é a rosa-louca (Hibiscus mutabilis), nativa da Ásia (China e Taiwan), cujas flores mudam de cor durante o dia, abrindo brancas, passado por róseas até ficarem magentas ao murcharem.

 

A segunda é a lança-de-fogo ou guarda-do-cardeal (Odontonema cuspidatum), planta endémica do México, cujas bonitas flores vermelhas de grande durabilidade podem ser usadas como flor de corte.

 

Por último, o aloé, aloé-do-natal ou foguetes-de-natal (Aloe arborescens), oriundo do Sul de África, que apresenta flores vermelhas/alaranjadas.

 

Pico da Pedra, 13 de novembro de 2024

 

Teófilo Braga

sábado, 7 de dezembro de 2024

Virusaperiódico (58)

 


Virusaperiódico (58)

 

Comecei o dia 6 com a leitura de mais algumas páginas do livro “Três Hectares de Liberdade”, de Bolton Hall, um dos fundadores do Movimento de Regresso à Terra. Não vou acabar de o ler, pois o livro apenas tem interesse histórico e adaptado à realidade dos EUA.

 

De manhã, andei pela Biblioteca Pública de Ponta Delgada a fazer pesquisas sobre Alice Moderno e a sua relação com Teófilo Braga. Numa passagem por uma livraria comprei dois livros: “O canto do melro - A Vida do Padre José Martins Júnior, de Raquel Varela e “A Planta do Mundo – Aventuras de Plantas e Pessoas, de Stefano Mancuso.

 

O dia 7 foi dedicado a uma profunda limpeza do quintal, trabalho que não havia sido feito há muito tempo. A criptoméria que estava envasada foi transformada em árvore de Natal.

 

Depois de uma manhã soalheira cheguei a Vila Franca do Campo e fui recebido com uma forte pancada de água que felizmente não durou muito. Aqui podei uma mangueira (manga) e estive na Ribeira Nova onde “alimentei” as abelhas e limpei as entradas das colmeias. Foi mais um dia de aprendizagem com o meu “professor” de apicultura.

 

No fim do dia recebi a oferta de feijão-verde. Tal como o Natal é quando um homem (mulher) quiser, parece que as colheitas hoje dependem da altura da plantação e não da época do ano. O clima anda maluco?

 

7 de dezembro de 2024

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Casuarina

 


Casuarina

 

A casuarina ou filau (Casuarina equisetifolia Forst. & Forst. f.) é uma árvore oriunda da Austrália pertencente à família Casuarinaceae, à qual pertencem pelo menos 91 espécies.

 

O nome do género, Casuarina, está associado ao facto de os ramos da planta serem semelhantes às penas do casuar, ave do grupo das aves ratitas de grande porte, nativas da Austrália, Nova Guiné e ilhas circundantes. O nome da espécie, equisetifolia, é devido à semelhança entre as suas folhas e as frondes de equisetum (cavalinha ou rabo-de-asno), planta de zonas húmidas.

 

De acordo com um texto publicado no periódico da SPAM. “O Agricultor Michaelense”, nº 22, de outubro de 1849, a casuarina foi introduzida na Europa, em 1776, pelo 1º Lord Byron e na ilha de São Miguel, antes da data que Saraiva (2020) aponta para a sua introdução em Portugal, isto é, “após 1890”. Assim, segundo o texto referido aquela planta terá sido introduzida em São Miguel por Francisco Alves Vianna Serra que trouxe sementes do Rio de Janeiro e as entregou a Jorge Nesbitt.

 

Ainda de acordo com a mesma fonte as plantas adaptaram-se bem às condições do clima e solos da nossa ilha. Para além do referido, o autor do texto escreve que “o Filau chega a grande altura, sendo o tronco muito direito, e pouco ramificado: produz tão bons paus, que d’elles fazem mastros de Navios, e é empregado em todas as mais construções navaes.”

 

A casuarina é uma árvore perenifólia de casca acastanhada e copa verde-acinzentada com ramos pendentes que pode facilmente ser confundida com uma conífera. A sua altura pode atingir 30 metros e em termos de longevidade pode alcançar os 60 anos.

 

As folhas são muito pequenas, cerca de 1 mm, dispostas em raminhos e as flores, que surgem de julho a outubro, são unissexuais e encontram-se agrupadas em inflorescências: as masculinas são amareladas e femininas apresentam estiletes e estigmas cor de sangue. Os frutos são pequenas sâmaras (fruto seco, com uma semente, com um prolongamento em forma de asa membranosa), ovaladas agrupados ao longo do eixo da estrutura floral. 

 

A casuarina em alguns locais é considerada uma espécie invasora, nomeadamente nas Bermudas, Flórida e Brasil, pois tem a capacidade de produzir compostos que não permitem o desenvolvimento de outras espécies na sua proximidade.

 

A casuarina é uma planta usada na fixação de dunas e como planta ornamental. A sua madeira é também um bom combustível, podendo ser utilizada na construção civil e em marcenaria. A sua casca, rica em tanino, é utilizada no controlo de diarreias, as folhas são adstringentes e as raízes servem para a preparação de unguentos para uso dermatológico.

 

Entre nós, na ilha de São Miguel, não se conhece qualquer uso da casuarina para além do ornamental. Assim, entre outros locais, é possível encontrar casuarinas no Jardim do Palácio de Santana, no Jardim da Universidade dos Açores, no Jardim Botânico José do Canto e no Parque Pedagógico Recreativo Infantil Maria das Mercês Carreiro, no Pico da Pedra.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

A um tal Godofredo de Vera-Cruz

 


A um tal Godofredo de Vera-Cruz

 

No passado dia 29 de novembro o senhor Godofredo de Vera-Cruz, brindou-nos com o último texto que escreveu a propósito de uma homenagem a António Borges Coutinho.

 

Sobre a organização da sessão de homenagem ao resistente antifascista, que foi o último governador civil do distrito de Ponta Delgada, António Borges Coutinho, realizada no passado dia 26 de outubro em Ponta Delgada, o senhor Godofredo de Vera-Cruz ou está mal informado ou é mal-intencionado, não sendo de excluir que padeça dos dois males.

No seu texto, Vera-Cruz, afirma que a homenagem foi promovida pela família e por comunistas (os tais que matavam os velhinhos com uma injeção atrás da orelha?). Tal afirmação não corresponde à verdade, pois o evento foi uma organização da família e da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.

 

Querendo mostrar alguma eloquência, Vera Cruz discorre sobre trotskismo e estalinismo a propósito dos putativos comunistas responsáveis pela organização do evento. Tal facto, assemelha-se ao que se passava antes de 25 de Abril de 1974. Com efeito, para os fascistas e seus fiéis servidores, os pides, quem não pensava como eles e seus chefes, Salazar e Caetano, era apodado de comunista e terrorista. Faltou coragem ao Vera-Cruz, para nomear quem era ou eram os trotskistas e quem era ou eram os estalinistas?

 

No que diz respeito aos oradores parece que Vera- Cruz tem algum ou alguns inimigos de estimação. Mas vamos ao que interessa, pelos nomes apresentados não é difícil constatar que havia pessoas de algum modo ligadas a vários partidos políticos (PSD, PS, PCP- desconhecemos se havia de outros) e outras sem qualquer filiação partidária. Pelas comunicações apresentadas foi fácil depreendermos que quem falou ou era familiar do homenageado ou conviveu com ele em ditadura ou em democracia ou havia feito investigações sobre o seu pensamento e ação.

 

José dos Santos Verdadeiro