A propósito das plantas na obra de Camões
(Apontamentos para a
sessão realizada, na Escola Secundária da Ribeira Grande, no dia 21 de março de
2025)
1º slide- Mostra-nos uma
vidália, espécie endémica dos Açores, protegida por lei.
2º slide- Jorge Paiva, Botânico e Biólogo
Jubilado da Universidade de Coimbra, 91 anos. Ainda hoje passa
treze horas por dia no seu gabinete e está a preparar um livro sobre as plantas
na obra de Camões que deve sair em breve. O meu trabalho sobre plantas usadas
na medicina popular nos Açores em parte deve-se à sugestão que ele me fez para
fazer inquéritos junto da população e a apresentação que faço hoje baseia-se
num texto da sua autoria.
3º slide-
Como selecionei as plantas para este trabalho? Consultei o texto “As plantas na
obra poética de Camões (épica e lírica) de Jorge Paiva que faz parte da
publicação “Humanismo Ciência- Antiguidade e Renascimento” e depois fui
verificar quais das plantas por ele mencionadas estavam nos livros “Árvores dos
Açores” e “Plantas usadas na medicina popular nos Açores”, tendo selecionado 22
plantas. Camões nos Lusíadas refere cerca de 50, a maioria asiáticas e
aromáticas; na Lírica menciona cerca de 30, a maioria europeias, campestres e
ornamentais
4º slide- Alho
(Adivinha)
Qual a coisa qual é ela,
Que tem barbas como home,
Tem dentes e não come?
5º slide-
Castanheiro, introduzido no século XVII.
(Cancioneiro, Ferreira Moreno)
Encostei-me ao castanheiro,
Das folhas fiz um encosto,
Tenho visto caras lindas
Só tu foste a do meu gosto
6º slide-
Erva-das-verrugas, andorinha, erva de golpe
Não deve ser usada em
feridas profundas. Usava-se para acabar com os “cravos”
7º slide-
Laranjeira-azeda
A laranjeira (género Citrus) foi introduzida no século XVI
Atirei c´uma laranja
À menina da janela
A laranja caiu dentro,
Ó menina, quem na dera.
8º slide- Limoeiro
A madressilva cheirosa
Anda no seu limoeiro,
Anda de ramo em raminho,
Se cae no chão, perde o cheiro.
9º slide- Cipreste
Introduzido no século XIX
10º slide- Faia,
Faia-europeia
Nos Açores
há uma espécie nativa a faia-da-terra que é usada em sebes
11º slide- Figueira
Não é correta a informação desta quadra, pois as flores existem e estão
no interior daquilo que designamos por figo.
Quero ir para a
figueira
Já que não tenho
amor;
Que a figueira é
árvore
Que dá fruto sem dar
flor.
Que tal uma pesquisa na internet para saber como é feita a polinização
das flores das figueiras?
12º slide- Alface
Bom alimento e calmante
13º slide- Louro
Há um louro ou loureiro endémico, no passado usado para extração do
“azeite” de baga de louro usado na alimentação e em mezinhas nas fogueiras de
Santa Antão e de São João
São João é divertido
Amigo das
brincadeiras
Abençoa as
criancinhas
Quando saltam as
fogueiras
De acordo com a “tradição popular que, quem saltar uma
fogueira na noite de S. João, em número ímpar de saltos, ficará todo o ano
protegido contra todos os males.”
14º slide- Hortelã
Hortelã é crueza,
Menina, não seja crua;
Seu pai não a tem pr´a freira,
Aceite quem a procura.
15º slide- Murta
Aquele que estiver
doente
Vá tomando chá de
murta
Que os remédios da
botica
Põem a vida mais
curta
Cantador Tenrinho (Terceira):
Eu
louvo o desembaraço
Da
medicina moderna;
A
gente queixa-se dum braço
E
corta-se logo uma perna
João Caetano
da Rocha (Terceira)
Já minha avó me dizia
Pela grande fé que tinha,
Quando não fosse a da morte
Água fria era mezinha.
16º slide - Oliveira
17º slide- Pinheiro
18º slide-Choupo-branco
Terá sido introduzido no século XIX.
A folha do al’mo branco
De noite luz como prata;
Quero falar-te, menina,
A vergonha é que me mata.
19º slide-Romãzeira
20º slide-
Carvalho-roble
21º slide- Silva
Introduzida para servir de sebe no século XVI
O silvado na parede
Vai comer à outra banda;
Teus olhos hão-de ser meus,
Ainda que corra em demanda
22º slide-Salgueiro
Terá sido introduzido no século XIX
23º slide- Trigo
Deus dá o trigo e o milho,
E tudo quanto se come:
Porque há aí tanto filho
No mundo a morrer de fome?
24º slide- Ulmeiro
Famoso foi o conjunto existente no Relvão em Ponta Delgada
25ºslide- Violeta
Bibliografia
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(1982). Cantos Populares do Arquipélago Açoriano. Ponta Delgada, 502 pp.
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(2023). As plantas na medicina popular nos Açores. Ponta Delgada, Letras
lavadas. 232 pp.
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da lírica de Camões. https://revistajardins.pt/flora-da-lirica-de-camoes/(consultado no dia 24 de dezembro
de 2024).
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Martins, Publicações Europa-América. 427 pp.
Ficalho, Conde de (1994). Flora dos
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Moreno, F.
(1991). O castanheiro na Madeira e no Cancioneiro (37). In Diário Insular,
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Pavão, J.
(1981). Aspectos do Cancioneiro Popular Açoriano. Ponta Delgada, Universidade
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Quintal,
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Letras Lavadas. 240 pp.
Paiva, J.
(2015). As plantas na obra poética de Camões (épica e lírica). https://books.uc.pt/chapter?chapter=70013 (consultado no dia 24 de
dezembro de 2025)
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