Castanheiro-da-índia
O castanheiro-da-índia
ou castanheiro-dos-cavalos (Aesculus x carnea Hayne) é uma planta de
origem hortícola (um híbrido entre o Aesculus pavia L., oriundo a
América do Norte, e o Aesculus hippocastanum L.,
originário da Grécia, Albânia e Bulgária. A designação castanheiro-dos-cavalos
deve-se ao facto de os turcos darem de comer os frutos da espécie hippocastanum
aos cavalos com afeções pulmonares.
A designação Aesculus
é o nome latino de azinheira e carnea provém do latim e significa da
cor da carne, que é a cor das suas flores.
Sobre a origem do híbrido, que é fértil, há quem
afirme que foi descoberto na Alemanha em 1812. Saraiva (2020), por sua vez,
informa que o mesmo terá sido obtido antes de 1818 e que é desconhecida a data
da sua introdução em Portugal.
Em 1849, no nº 13 d’ “O
Agricultor Michaelense”, referente ao mês de janeiro, foi publicada uma notícia
onde se afirma que é possível fazer pão a partir do castanheiro-da-índia e que
se pode extrair da farinha dos seus frutos “uma gomma tão branca e pura como a
da batata e que por não ter travo algum, de certo virá a substituir aquela”. No
mesmo texto é afirmado que existiam poucos castanheiros-da-índia nas ilhas, mas
que em Portugal continental eram muito vulgares.
Em 1856, a espécie Aesculus
hippocastanum já existia no Jardim Botânico José do Canto e, entre maio de
1865 e setembro de 1867, foi plantada no mesmo jardim a espécie Aesculus californica
nativa da Califórnia e do sudoeste
do Oregon.
O castanheiro-da-índia é uma árvore
de folha caduca, que tem um crescimento lento ou médio, podendo atingir 25m de
altura. O tronco tem fissuras rosadas, ficando gretado com os anos e apresenta
uma casca verde-cinzenta escura. A copa é arredondada e as folhas são opostas,
grandes, verde-escuras na página superior e mais claras na página inferior,
rugosas, palmadas, compostas por cinco a sete folíolos ovais, com a margem
serrilhada, ficando amarelo-acastanhadas antes da queda no Outono. A floração
ocorre de abril a junho e as flores são rosa-avermelhadas. Os frutos são
capsulares com espinhos, com duas a três sementes pequenas.
De acordo com Saraiva
(2020) a multiplicação desta planta pode fazer-se por semente, por enxerto em Aesculus
hippocastanum ou por estaquia.
O castanheiro-da-índia
é usado essencialmente como planta ornamental e de sombra. A madeira também
pode ser aproveitada e as sementes podem ser usadas no consumo humano, mas
podem ser tóxicas se forem ingeridas em grandes quantidades. A espécie possui
propriedades ansiolíticas.
Vários autores fazem
referência às propriedades medicinais e usos da espécie Aesculus
hippocastanum. Cunha, Silva e Roque (2003) referem como principais
utilizações o tratamento de hemorroidas e varizes e indicam os seguintes usos
etnomédicos e médicos: “Na insuficiência venosa crónica dos membros inferiores,
hemorroidal, edemas, luxações. A casca e as folhas, mais em diarreias e
inflamações orofaríngeas. Externamente em dores musculares, nevralgias e
varizes”. Lyon de Castro (1981) refere que a planta também se emprega no
tratamento da hipertrofia da próstata.
A farinha da espécie
referida no parágrafo anterior, segundo os autores do livro “Segredos e
virtudes das plantas medicinais” editado em 1983, pelas Selecções do Reader’s
Digest, “é utilizada em cosmética, pois torna a pelo brilhante, e a polpa, no
fabrico de sabões. Misturado na água das regas, o pó de castanhas afasta as
minhocas dos vasos de flores. Da casca da árvore obtém-se uma tinta vermelha.
Na ilha de São Miguel é
possível encontrar o Aesculus x carnea no Jardim António Borges, no
Jardim Padre Sena Freitas-Ponta Delgada, no Jardim do Palácio de Santana, no
Jardim Botânico José do Canto, no Pinhal da Paz e na Mata-Jardim José do Canto,
na margem sul da Lagoa das Furnas, bem como noutros jardins públicos e
privados. Só identificamos a presença do Aesculus pavia no Parque Terra
Nostra e o Aesculus hippocastanum pode ser observado, entre outros
locais, na Mata do Dr. Fraga, na Maia, e na Mata-Jardim José do Canto- Lagoa das
Furnas.
9 de março de 2025
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