domingo, 9 de março de 2025

Castanheiro-da-índia

 


Castanheiro-da-índia

 

O castanheiro-da-índia ou castanheiro-dos-cavalos (Aesculus x carnea Hayne) é uma planta de origem hortícola (um híbrido entre o Aesculus pavia L., oriundo a América do Norte, e o Aesculus hippocastanum L., originário da Grécia, Albânia e Bulgária. A designação castanheiro-dos-cavalos deve-se ao facto de os turcos darem de comer os frutos da espécie hippocastanum aos cavalos com afeções pulmonares.

 

A designação Aesculus é o nome latino de azinheira e carnea provém do latim e significa da cor da carne, que é a cor das suas flores.

 

Sobre a origem do híbrido, que é fértil, há quem afirme que foi descoberto na Alemanha em 1812. Saraiva (2020), por sua vez, informa que o mesmo terá sido obtido antes de 1818 e que é desconhecida a data da sua introdução em Portugal.

 

Em 1849, no nº 13 d’ “O Agricultor Michaelense”, referente ao mês de janeiro, foi publicada uma notícia onde se afirma que é possível fazer pão a partir do castanheiro-da-índia e que se pode extrair da farinha dos seus frutos “uma gomma tão branca e pura como a da batata e que por não ter travo algum, de certo virá a substituir aquela”. No mesmo texto é afirmado que existiam poucos castanheiros-da-índia nas ilhas, mas que em Portugal continental eram muito vulgares.

 

Em 1856, a espécie Aesculus hippocastanum já existia no Jardim Botânico José do Canto e, entre maio de 1865 e setembro de 1867, foi plantada no mesmo jardim a espécie Aesculus californica nativa da Califórnia e do sudoeste do Oregon. 

 

O castanheiro-da-índia é uma árvore de folha caduca, que tem um crescimento lento ou médio, podendo atingir 25m de altura. O tronco tem fissuras rosadas, ficando gretado com os anos e apresenta uma casca verde-cinzenta escura. A copa é arredondada e as folhas são opostas, grandes, verde-escuras na página superior e mais claras na página inferior, rugosas, palmadas, compostas por cinco a sete folíolos ovais, com a margem serrilhada, ficando amarelo-acastanhadas antes da queda no Outono. A floração ocorre de abril a junho e as flores são rosa-avermelhadas. Os frutos são capsulares com espinhos, com duas a três sementes pequenas.

 

De acordo com Saraiva (2020) a multiplicação desta planta pode fazer-se por semente, por enxerto em Aesculus hippocastanum ou por estaquia.

 

O castanheiro-da-índia é usado essencialmente como planta ornamental e de sombra. A madeira também pode ser aproveitada e as sementes podem ser usadas no consumo humano, mas podem ser tóxicas se forem ingeridas em grandes quantidades. A espécie possui propriedades ansiolíticas.

 

Vários autores fazem referência às propriedades medicinais e usos da espécie Aesculus hippocastanum. Cunha, Silva e Roque (2003) referem como principais utilizações o tratamento de hemorroidas e varizes e indicam os seguintes usos etnomédicos e médicos: “Na insuficiência venosa crónica dos membros inferiores, hemorroidal, edemas, luxações. A casca e as folhas, mais em diarreias e inflamações orofaríngeas. Externamente em dores musculares, nevralgias e varizes”. Lyon de Castro (1981) refere que a planta também se emprega no tratamento da hipertrofia da próstata.

 

A farinha da espécie referida no parágrafo anterior, segundo os autores do livro “Segredos e virtudes das plantas medicinais” editado em 1983, pelas Selecções do Reader’s Digest, “é utilizada em cosmética, pois torna a pelo brilhante, e a polpa, no fabrico de sabões. Misturado na água das regas, o pó de castanhas afasta as minhocas dos vasos de flores. Da casca da árvore obtém-se uma tinta vermelha.

 

Na ilha de São Miguel é possível encontrar o Aesculus x carnea no Jardim António Borges, no Jardim Padre Sena Freitas-Ponta Delgada, no Jardim do Palácio de Santana, no Jardim Botânico José do Canto, no Pinhal da Paz e na Mata-Jardim José do Canto, na margem sul da Lagoa das Furnas, bem como noutros jardins públicos e privados. Só identificamos a presença do Aesculus pavia no Parque Terra Nostra e o Aesculus hippocastanum pode ser observado, entre outros locais, na Mata do Dr. Fraga, na Maia, e na Mata-Jardim José do Canto- Lagoa das Furnas.

 

9 de março de 2025

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