sexta-feira, 28 de julho de 2017

Percurso Pedestre do Pico da Vara


Percurso Pedestre do Pico da Vara

Embora haja vários trilhos para se chegar ao Pico da Vara, recomenda-se o que tem início na freguesia da Algarvia, localizada na costa Norte de São Miguel a cerca de 11 km do Nordeste.

O trilho referido é, não temos dúvida, o mais percorrido do Concelho de Nordeste e um dos mais procurados pelos micaelenses por conter o ponto mais alto da ilha, o Pico da Vara, que possui a altitude de 1103 m.

O trilho que liga a Algarvia ao Pico da Vara foi percorrido anualmente pelos Amigos dos Açores desde 1984, data da sua criação. Contudo, o primeiro roteiro do trilho mencionado só foi editado, pela referida associação não governamental de ambiente, em 2007. O texto é da autoria de Nuno e Avelar e de Teófilo Braga, sendo as fotografias deste, bem como do geólogo Rui Coutinho.

O percurso pedestre inicia-se no 4º troço da Tronqueira, a cerca de 4,3 km do centro da freguesia da Algarvia e desenvolve-se na Reserva Florestal Natural do Pico da Vara.

Neste local, devidamente sinalizado, para além das matas de criptoméria destaca-se a presença de duas espécies invasoras: o gigante e o verdenaz (cletra). A primeira, originária da América do Sul, foi introduzida com fins ornamentais nos jardins das Furnas e a segunda é uma árvore ou arbusto endémico do arquipélago da Madeira.

Depois de uma longa subida, chega-se a uma zona plana onde se avista parte do concelho da Povoação. Vira-se à esquerda e ao fim de algum tempo encontra-se um cruzeiro que assinala a queda de um avião, em 27 de Outubro de 1949.

Sobre aquele desastre, o jornal Açoriano Oriental, de 29 de Outubro de 1949, publicou o seguinte: “...sabendo-se então que era um super-Constelation da ”Air France” que, da uma para as duas da madrugada, fôra avistado sobrevoando a freguesia da Algarvia, vindo a despenhar-se no Pico Redondo nas faldas do Pico da Vara, do que resultou a morte de 11 tripulantes e 37 passageiros, entre os quais Marcel Cerdan, campeão francês de box, que seguia para a América, afim de ali disputar o campeonato mundial, no dia 1 do próximo mês.”

Neste local, entre outras espécies vegetais podemos observar o canicão, o patalugo, o feto do pente, o feto cabelinho e o queiró. Aqui, bem como ao longo do percurso é possível observar algumas aves com destaque para o melro-negro e o tentilhão.

Continuando o percurso, já próximo do Pico da Vara chega-se a um segundo cruzeiro, localizado na freguesia de Santo António, que assinala a queda de outro avião, ocorrida a 13 de maio de 1943. Neste acidente apenas foi vítima o 2º sargento Manuel Cardoso.

O trilho “termina” no cimo do Pico da Vara que está implantado na Reserva Natural do Pico da Vara, onde para além da presença do priolo, podemos encontrar quase todas as espécies da avifauna terrestre que nidificam nos Açores, sendo um dos raros locais da ilha de São Miguel de nidificação da narceja e da galinhola.

O priolo é uma espécie endémica da ilha de São Miguel que exibe uma coroa negra na cabeça e um bico forte, curto e cónico, de cor preta, apresentando a cobertura das asas e a parte superior da cauda acastanhada.
O priolo que no século XIX era abundante na parte Este da ilha de São Miguel foi considerado uma praga para os laranjais da ilha, hoje tem o seu habitat na floresta natural açoriana de altitude, constituída por várias espécies de árvores e arbustos endémicos, com destaque para o cedro do mato, o azevinho, a ginja, a urze, o pau branco e a uva da serra.
Depois de algum tempo de descanso no Pico da Vara, regressa-se à origem, chegando-se lá depois de se ter percorrido uma distância aproximada de 7 km e demorado cerca de 3 horas.
Teófilo Braga

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