Em defesa da Lagoa do Congro (2)
Hoje,
termino o texto sobre a Lagoa do Congro, esperando que a mesma não continue
esquecida por parte dos nossos governantes e autarcas.
Em
2008, parte da bacia hidrográfica da Lagoa do Congro foi adquirida pela
Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Numa visita realizada ao local, a 28
de junho daquele ano, a Secretária Regional do Ambiente e do Mar, Ana Paula
Pereira Marques, revelou que o governo regional havia adquirido “mais de 50%
daquele sistema ecológico” por cerca de “180 mil euros”. Também referiu que o
projeto de intervenção desenhado para o local previa a reabilitação dos
caminhos, a recuperação da massa de água e a criação de pequenas estruturas,
porque se tratava de uma mata que permitia a fruição humana.
Também em 2008, foi entregue à SRAM, pelos Amigos dos Açores, uma proposta
de recuperação e gestão da área envolvente às Lagoas do Congro e dos Nenúfares,
elaborado por Malgorzata Pietrak, no âmbito do Programa Estagiar-L.
Em
2010, os Amigos dos Açores editaram a brochura “Lagoas do Congro e dos
Nenúfares- Proposta de recuperação e gestão da cratera”, que pretendia ser uma
“ideia base a desenvolver em plano de pormenor” com o objetivo de “recuperar o
património “perdido” e restituir ao local parte do seu antigo esplendor”.
No dia 6 de agosto de 2019, foi publicado
no jornal Correio dos Açores um texto intitulado “Acesso extremamente difícil à
Lagoa do Congro – Percorrer um autêntico calvário para chegar a uma lagoa
idílica”, onde o autor denunciava o mau estado do trilho de acesso à Lagoa do
Congro e apelava para uma intervenção no local. Através do mesmo texto,
ficou-se a saber que nem todas as entidades conheciam que parte da cratera era
pública, como se pode constatar através do seguinte extrato: “O Presidente da
Câmara de Vila Franca do Campo, Ricardo Rodrigues, informou o “Correio dos
Açores” que nunca diligenciou com os proprietários do terreno onde se encontra
a lagoa, para chegarem a um entendimento que levasse ao arranjo do acesso”:
Foi a apatia e mesmo o desleixo de algumas
entidades, nomeadamente da Secretaria Regional da Energia, do Ambiente e do
Turismo e das anteriores que tiveram a tutela do Ambiente, avivada pelo texto
do Correio dos Açores citado que levou a que fosse lançada a petição “Pela
Recuperação da Mata Ajardinada da Lagoa do Congro” que até ao momento já foi
assinada por 545 pessoas e que está em discussão na Assembleia Legislativa da
Região Autónoma dos Açores (ALRA).
De acordo com o texto da petição, são três
as razões para que haja uma intervenção, urgente, na Lagoa do Congro:
1- Ter sido quase nula, após a aquisição pelo Governo
Regional dos Açores, a sua ação no espaço que cada vez é mais visitado, quer
pelos residentes, quer pelos turistas;
2- A importância de respeitar a memória dos nossos
antepassados que usavam aquele verdadeiro monumento natural como área de lazer,
e de honrar o trabalho visionário de José do Canto;
3- O facto de o espaço já ser propriedade pública e ter
potencialidades ímpares, insuficientemente usadas, em termos de interpretação
ambiental, zona de lazer ou polo de atração turística.
A petição que foi enviada à ALRA no dia 1 de setembro de 2019, pretende que
aquela e o Governo Regional dos Açores tomem medidas no sentido de no mais
curto período de tempo implementar um plano de recuperação e gestão que entre
outras ações inclua a recuperação da mata ajardinada criada por José do Canto e
transforme o espaço num Parque Botânico.
Pelas declarações públicas de alguns responsáveis governamentais, pode-se
concluir que há algum interesse em intervir no local. Esperemos que se passe
das declarações e do papel à prática.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32053, 12 de fevereiro de 2020, p. 14)
Sem comentários:
Enviar um comentário