Quem
ganha e quem perde com as touradas?
Ao
longo dos tempos, na ilha Terceira e não só, houve sempre gente que se insurgiu
contra a realização de touradas e quem, não as condenando por completo,
considerasse que as mesmas se realizavam em número excessivo.
Um
texto publicado no dia 31 de agosto de 1974, no jornal de Angra do Heroísmo, “O
Trabalhador” aborda a questão, denunciando quem beneficiava com as touradas e
quem eram os principais prejudicados com as mesmas.
Com
base no texto referido e fazendo algumas atualizações, abaixo abordamos o
assunto.
Quem
mais ganha(va) com as touradas à corda?
- Os ganadeiros (donos dos touros);
- Os donos das fábricas de
refrigerantes e salgadinhos;
- Os que têm quantidades de vinhos em
depósito para venda [Hoje, os vendedores de cerveja, vinda do exterior da
Região];
- Os donos da Empresa de Viação
Terceirense [Hoje, os donos dos Postos de Combustíveis]
Quem
mais perde com as touradas?
A
maioria da população com menos recursos (mais pobres), através do dinheiro:
- Gasto no aluguer dos touros;
- Utilizado na compra dos bilhetes das camionetas [Hoje na
compra dos combustíveis];
- Usado na compra das bebidas, salgadinhos, etc.
Para
além do referido, o jornal denunciava e com toda a razão que quem mais beneficiava
com as touradas (os mais ricos) ainda tinham o descaramento de condenar as
populações mais desfavorecidas com comentários como os seguintes:
“Malandros não querem fazer nada, só querem é toiros”
“Para isto (touradas) o Povo tem sempre dinheiro”
Hoje,
para além das perdas diretas com as touradas, que não criam riqueza nenhuma,
apenas transferem dinheiro diretamente de uns ( os que menos têm) para os
outros ( os que mais têm), perdem todos os açorianos, pois há verbas dos
Serviços de Saúde que são usadas no transporte e tratamento de feridos, há dinheiros vindos da Comunidade Europeia
que são usados para apoiar a criação de touros usados nas touradas, há subsídios
das autarquias para os ganadeiros e há apoios governamentais para as ganadarias
que podiam ser usados para fins úteis à sociedade.
José Sousa (MCATA)
Julho de 2020
(Jornal-Eco, nº 2, julho de 2020)
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