sábado, 30 de março de 2024

Pau-branco


Pau-branco

O pau-branco (Picconia azorica (Tutin) Knobl.) é uma planta endémica dos Açores, da família Oleaceae, que existe em todas as ilhas dos Açores, exceto na Graciosa.

É uma árvore ou arbusto que pode atingir 15 m de altura de casca lisa e esbranquiçada, de folhas persistentes, glabras, de forma lanceolada ou oval. As suas flores, que surgem de março a maio, são brancas, pequenas e apresentam-se em cachos. Os frutos são carnudos e ovoides, de cor azul-escura quando estão maduros.

De acordo com o botânico sueco Erik Sjogren (1984) “é a única árvore endémica dos Açores confinada à zona de vegetação situada abaixo da Laurissilva” merecendo ser protegidos “os velhos exemplares” e “os bosques idosos que ainda restam”.

Gaspar Frutuoso, nas Saudades da Terra, menciona por diversas vezes a presença do pau-branco em diversas ilhas dos Açores.

No que diz respeito à ilha de São Jorge, no capítulo XXXIII, do livro VI, escreve o seguinte:

“O mato é de toda sorte de árvores silvestres, como são cedros, faias, louros, ginjas, pau branco, azevinhos, folhados, urzes, tamujos e queirós, e há um caminho pela encumeada da serra, do Topo até a ponta do Rosales, por onde foi o desembargador Fernão de Pina, a quem não ficou monte em toda aquela ilha que não corresse, tão desenvolto e curioso era. A madeira é boa, de que fazem caixas, pernas de asnas, couçoeiras, forro, barcas e navios.”

Sobre o pau-branco, Henri Drouet (1861), funcionário superior da administração pública francesa e malacologista que se destacou pelo estudo dos moluscos em França e na Macaronésia, escreveu o seguinte:

“Linda árvore nativa, com porte semelhante a uma laranjeira, porém mais alta. É mais comum em Santa Maria do que em outros lugares. Aí combina agradavelmente a sua folhagem com a dos louros e das faias, que constituem as principais espécies dos bosques desta ilha. A sua madeira é muito sólida e adequada para a carpintaria. Também é utilizado como abrigo, em quintas.”

De acordo com Acúrcio Garcia Ramos (1871) a madeira do pau branco sendo muito sólida era usada em obras de carpintaria.

Gabriel de Almeida (1893) corroborando a opinião de Garcia Ramos quanto à característica da madeira afirma que a mesma “é própria para carros”.

Vieira, Moura e Silva (2020) sobre as utilizações do pau-branco escreveram o seguinte:

“Tradicionalmente usada na alimentação do gado silvo-pastoril (rama) e de aves (fruto) e como madeira (usada na construção civil, em vigas di teto; na carpintaria, em arados e carros de bois.”

Hoje, não se conhece qualquer utilização em carpintaria, mas o seu uso como ornamental tem vindo a crescer de tal como que já existem alguns exemplares em jardins públicos e privados. Assim, o pau-branco pode ser encontrado no Jardim António Borges, no Jardim do Palácio de Santana, no Jardim Botânico José do canto, no Jardim da Universidade dos Açores, no Pinhal da Paz, no Parque Terra Nostra, no Parque Beatriz do Canto, no Parque Pedagógico Infantil Maria das Mercês Carreiro no Pico da Pedra e na Mata do Dr. Fraga, na Maia.

Teófilo Braga

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