sábado, 16 de março de 2024
Banksia
Banksia
A banksia, cigarrilha ou cigarrilheira (Banksia integrifolia L.) é uma espécie australiana pertencente à família Proteaceae que se adaptou bem nos Açores, encontrando-se já naturalizada em algumas ilhas, exceto na Terceira, no Pico e no Corvo.
Nos Açores, para além de aparecer em sebes, a banksia pode ser vista sobretudo nas zonas costeiras geralmente até aos 400 m de altitude.
A banksia é uma árvore de folha persistente que pode atingir 25 metros de altura, apresenta folhas verde-escuras por cima e brancas por baixo e flores cilíndricas que pela sua forma terão dado origem ao nome comum cigarrilheira por que é, também, conhecida nos Açores. O seu período de floração é de junho a outubro.
Na Austrália, a banksia é muito utilizada como planta ornamental, sendo muito comum em jardins e ruas. Também usada na estabilização de dunas.
Nos Açores, foi muito utilizada em sebes vivas por associar às vantagens das suas folhas persistentes o seu crescimento rápido e a sua resistência aos ventos provenientes do mar. Sobre este assunto, o engenheiro agrónomo Arlindo Cabral, escreveu, em 1953, que na ilha de São Miguel, juntamente com o incenso e a faia a banksia era uma das plantas mais usadas no abrigo de pomares.
Em 1985, José Norberto Brandão de Oliveira, num texto intitulado “Espécies vegetais usadas nos Açores na formação de sebes”, considera a banksia como a segunda espécie mais importante, depois do incenso (Pittosporum undulatum Vent.) na formação de sebes altas de proteção de frutícolas, referindo que é uma “espécie bastante resistente e de crescimento bastante rápido.”
Relativamente à sua propagação, Arlindo Cabral (1953) mencionou o seguinte:
“Pega com certa dificuldade, se não forem dedicados cuidados especiais à sua propagação. Devem ser escolhidas pequenas hastes, as quais deverão, segundo uns, apanhar uma unha de inserção no ramo a que pertencia e, segundo outros, ser cortada ao nível de um nó, para melhor enraizamento. Os raminhos escolhidos devem estar meio atempados e o comprimento das estacas deve regular por 0,2 m. Estas, podem ser dispostas em viveiro ou em lugar definitivo. Há, porém, quem afirme que pega mal por transplantação e se atrasa e que um excesso de estrume também dificulta o pegamento.”
No passado, nos Açores, a banksia também foi muito apreciada como planta ornamental, tendo existido, entre outros, no Jardim de Sebastião do Canto em Vila Franca do Campo, no Jardim José do Canto (existiam em 1856 e em 1868, havia banksias para oferta e permuta) e no Jardim António Borges (existiam em 1865).
Várias espécies do género Banksia foram assunto de diversas cartas trocadas entre José do Canto e o seu primo e amigo José Jácome Correia. Assim, numa carta enviada de Paris, datada de 24 de agosto de 1853, José do Canto escreveu o seguinte:
“As banksias mesmo forão duplicadas, e triplicadas e quasi todas não classificadas, mas não se encontrava nada, ou caríssimo, e tu tinhas-me dado a entender que sendo plantas boas que te não importava a repetição.
…
Se quisessem dar aqui em Pariz mil francos por uma dúzia de Banksias não as havia. Eu querendo algumas, tenho-as mandado vir d’Hamburgo, e Vienna d´Áustria, por um preço superior ao de Londres.”
Hoje, é possível encontrar banksias no Jardim do Palácio de Santana, em Ponta Delgada, na Quinta da Torre, nas Capelas, e na Mata do Dr. Fraga, na Maia.
Teófilo Braga
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