1 – Qual é o
significado do Dia Mundial do Ambiente enquanto ambientalista açoriano?
Criado em 1972,durante a Conferência de Estocolmo, a primeira organizada pelas
Nações Unidas para falar sobre ambiente, com este dia pretende-se sensibilizar
todos os cidadãos para a necessidade de se proteger o Planeta Terra dos
atentados que é vítima por parte de uma sociedade onde é incentivado o consumo
desenfreado que está associado à sobre-exploração dos recursos naturais.
Um pessimista não teria razões para o celebrar, em virtude dos atentados
diários de que é alvo todo o planeta. Embora apreensivo quanto ao futuro,
considero que devemos continuar a espalhar a mensagem de que a nossa maior
riqueza é o património natural e cultural e todos temos o dever de o conservar,
não só neste, mas todos os dias.
2 - Quais são os
principais desafios ambientais que os Açores enfrentam actualmente?
O grande desafio dos
Açores é o da Educação. A região não está bem colocada a nível nacional em
vários índices de que são exemplo o aproveitamento, a assiduidade e o abandono
escolar.
No que diz respeito à
educação ambiente, desde há alguns anos assiste-se a um retrocesso enorme. Este
começou ainda com o governo da responsabilidade do Partido Socialista, com a
extinção das Ecotecas e da Agência Regional da Energia e do Ambiente e o atual
governo nada fez em sentido contrário..
Enquanto nos Açores não
é possível, em Portugal continental as ONGA podem ter professores destacados
para a organização e coordenação de projetos de educação para a
sustentabilidade.
3 - De que forma a
população açoriana pode contribuir para a preservação do meio ambiente?
Os açorianos não devem
deixar nas mãos dos outros a decisão das grandes e pequenas questões que dizem
respeito à vida das comunidades onde estão inseridos. A democracia deve ser
direta tanto quanto for possível e muito mais participativa, os políticos devem
ser forçados a ouvir os eleitores e não tomarem decisões por si. Na área ambiental,
para que se consiga ter um ambiente equilibrado e uma melhor qualidades de vida,
os cidadãos devem ter comportamentos amigos do ambiente, denunciar todas as
infrações que tenham conhecimento e, sempre possível, desenvolver ações de
sensibilização e de defesa do ambiente individualmente ou em grupo, integrados
ou não em organizações formais ou informais.
4 - Considera que as políticas
ambientais nos Açores têm sido eficazes?
Discordo em absoluto com a aposta na
incineração de resíduos, as áreas protegidas terrestres estão quase e só no
papel, as áreas marinhas protegidas idem (poderá vir a acontecer um retrocesso se
for aprovada uma proposta de desclassificação de algumas), a aposta no restauro
ecológico de algumas áreas é diminuta, as árvores continuam a ser vítimas de
podas mal executadas, o “Regime jurídico de
classificação do arvoredo de interesse público na Região Autónoma dos Açores” continua
por ser regulamentado há quase 3 anos, é insuficiente o combate às plantas
invasoras e voltou a ser possível a utilização de herbicidas com glifosato
em áreas urbanas. Fico por aqui, apresentando dois exemplos que acho
inacreditável ainda não terem sido resolvidos, por desleixo ou inação das
entidades responsáveis: a poluição das águas no Ilhéu de Vila Franca do Campo e
a contaminação da praia do Monte Verde, na Ribeira Grande
5 - Que impacto têm as alterações
climáticas nos ecossistemas açorianos?
Só um especialista na
área poderá responder com precisão a esta questão, por isso apenas repito o que
é do meu conhecimento geral. Os Açores não vão escapar ao aumento da
intensidade e frequência de fenómenos extremos que afetarão a agricultura, a
segurança e o próprio turismo. Preocupante será a diminuição da biodiversidade
tanto terrestre como marinha e o favorecimento da proliferação de espécies invasoras
6 - Que papel devem desempenhar as
escolas e os jovens na protecção ambiental?
Não se pode sobrecarregar as
escolas e os professores com a
responsabilidade da educação ambiental,
que deverá ser continua ao longo da vida, formal e não formal, nem
passar para os jovens a responsabilidade pela resolução dos problemas
ambientais que os adultos estão continuamente a criar. Todos os cidadãos, mas
todos, têm o dever de proteger o ambiente.
7 - Como vê o
equilíbrio entre o desenvolvimento turístico e a preservação ambiental nos
Açores?
A aposta no turismo,
que dizem sustentável, não está a ser feita, pois os responsáveis esquecem-se
que dos três pilares do desenvolvimento sustentável, só o económico, a curto
prazo e ao serviço só de alguns, é que conta.
Opilar ambiental e o social são esquecidos.
A pressão humana sobre alguns
espaços é muito grande, nomeadamente em áreas protegidas pelo que deviam ser
tomadas medidas para limitar o acesso a algumas delas, como por exemplo a
Reserva Natural da Lagoa do Fogo.
8 - Que mensagem gostaria de deixar
neste Dia Mundial do Ambiente?
Apesar das nuvens negras que estão a cobrir o mundo,
não podemos ficar de braços cruzados. Que se siga o provérbio chinês: “Prefiro
as lágrimas de não ter vencido à vergonha de não ter lutado”.
Pico da Pedra, 5 de junho de 2025
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