terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Açucena


Açucena

A açucena (Lilium longiflorum Thunb.) é uma planta pertencente à família Liliaceae, oriunda do Japão e de Taiwan, mas que desde há muitos anos passou a ser cultivada em várias partes do mundo, tendo chegado a Inglaterra, em 1819, através de Carl Peter Thunberg, explorador, naturalista e botânico sueco.

Tal como muitas outras plantas não podemos indicar com precisão a data nem o nome de quem introduziu a açucena nos Açores, mas a açucena já fazia parte das plantas existentes na primavera de 1856, no Jardim de José do Canto, em Ponta Delgada, que havia sido criado 10 anos antes.

A açucena é uma herbácea ereta que pode atingir de 40 cm a cerca de 1 metro de altura. Apresenta folhas verdes lanceoladas e brilhantes e flores grandes brancas em forma de trombeta que surgem no verão.

Também conhecida como lírio-japonês, devido à sua origem, a açucena é tal como a rosa uma das mais apreciadas plantas ornamentais, sendo cultivada em filas ao longo de caminhos, muros, paredes, etc. ou em maciços.

A açucena já foi cultivada, nos Açores, com fins económicos, como se pode depreender de um anúncio publicado no jornal “A Folha”, fundado e dirigido pela feminista e defensora dos Animais Alice Moderno:

AÇUCENAS

Alice Moderno encarrega-se de exportar

açucenas para New York.

Fornece todas as informações

Rua do Castilho nº 1

Ponta Delgada

De acordo com um texto publicado no Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 10, publicado em 1949, da autoria do Dr. António da Silveira Vicente, professor do Liceu de Antero de Quental e produtor de açucenas, em São Miguel cultivavam-se duas variedades a “Formosum” e a “Harrisii”.

De acordo com a mesma fonte, a plantação de açucenas deve ocorrer na primeira quinzena de outubro, sendo os bolbos colocados a uma distância de 20 a 25 cm e a colheita deve ser feita no final de julho ou início de agosto.

A beleza das suas flores faz com que a açucena seja muito usada para ornamentação das casas de muitos açorianos e é a flor rainha na ornamentação em algumas festividades religiosas que ocorrem em todas as ilhas dos Açores.

Na minha infância e juventude, lembro-me sempre de ver no meu quintal e em algumas terras que meu pai cultivava, nomeadamente na Courela, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, pelo menos um rego de açucenas que serviam para ornamentar a casa de meus pais e de alguns familiares ou para oferecer aos mordomos do Espírito Santo.

A açucena é alvo da escrita de vários autores. Por assemelhar a várias quadras da cultura popular açoriana, transcrevo uma da brasileira, recolhida por João Simões Lopes Neto:

Açucena quando nasce,

Arrebenta pelo pé:

Assim arrebenta a língua

De quem diz o que não é.

Teófilo Braga

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