domingo, 4 de fevereiro de 2024

Vidália


Vidália

A vidália é considerada por alguns autores a mais “importante” das espécies endémicas dos Açores, sendo a única espécie do seu género.

A vidália é um pequeno arbusto perenifólio que pode atingir cerca de 1,5 m de altura, possuindo folhas glabras, lanceoladas a lineares, de cor verde-escura ou verde- acastanhado. As flores, que surgem de março a setembro, têm a forma de sinos e são brancas a cor-de-rosa.

O seu nome científico é Azorina vidalii (H. C. Watson) Feer e pertence à família Campanulaceae.

Virgílio Vieira, Mónica Moura e Luís Silva, no seu livro “Flora Terrestre dos Açores”, editado pela Letras Lavadas edições, em 2020, sobre esta espécie escreveram o seguinte: “Estudos moleculares recentes demonstraram que esta planta pertence ao género Campanula, tal como originalmente foi proposto por H.C.Watson”, botânico inglês, pioneiro da biogeografia e da ecologia vegetal que visitou os Açores em 1842, onde colheu plantas para herbários de várias instituições científicas e para o seu.

A designação vidalii foi atribuída por Watson em homenagem ao capitão da marinha real britânica Alexander Thomas Emeric Vidal (1792 – 1863), responsável pelo levantamento hidrográfico dos Açores, entre 1841 e 1845.

Sobre o trabalho realizado por pelo capitão Vidal nos Açores, na Wikipédia (1) podemos ler o seguinte:

Para além do levantamento hidrográfico e de defesa das ilhas, as expedições do Capitão Vidal permitiram a realização de alguns estudos de história natural. Entre os estudos realizados, contam-se os trabalhos de herborização e pesquisa botânica de Hewett Cottrell Watson, levados a cabo durante a campanha que teve lugar de Maio a Setembro de 1842. Tais trabalhos originaram a publicação de várias listas das plantas existentes nos Açores, posteriormente consolidadas no capítulo sobre botânica (intitulado Botany of the Azores), escrito por Watson e inserto na obra Natural History of the Azores or Western Islands, editada em 1870 por Frederick du Cane Godman.

A vidália encontra-se sobretudo junto ao litoral, em arribas costeiras, praias de calhau rolado ou areia. Também pode ser encontrada em zonas urbanizadas, nomeadamente em muros de pedra ou construções abandonadas.

Virgílio Vieira, Mónica Moura e Luís Silva (2020) sobre a distribuição nos Açores referem que a vidália existe em “todas as ilhas e ilhéus de Vila Franca do Campo (ilha de São Miguel) e da Praia (ilha Graciosa).

A presença da vidália no ilhéu de Vila Franca do Campo é recente e tudo leva a crer que terá sido introduzida por mão humana. Posso comprovar o referido, pois fiz vários levantamentos da flora existente naquele ilhéu, que como vila-franquense visitei várias vezes, e o professor Frias Martins não menciona a sua presença naquela área protegida em mais do que uma publicação sobre a mesma, de que é exemplo o seu livro “O Anel da Princesa”, publicado em 2004.

A vidália, que se encontra protegida pela Convenção de Berna e pela Diretiva Habitats, de acordo com o livro “Top 100. As cem espécies ameaçadas em termos de gestão da região europeia biogeográfica da Macaronésia” encontra-se ameaçada pelo que é sugerido, entre outras medidas, o ordenamento da zona costeira, o controlo de exóticas e campanhas de informação e consciencialização social.

A vidália está presente em vários jardins botânicos fora dos Açores, tendo tido a oportunidade de a observar na Quinta do Palheiro Ferreiro na ilha da Madeira, no dia 13 de agosto de 2002.

Apesar da beleza das suas flores, a vidália muito raramente é cultivada como planta ornamental, nos Açores, não havendo qualquer justificação para tal, pois não é exigente em termos de solos e multiplica-se muito bem por semente.

(1)https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Thomas_Emeric_Vidal

Teófilo Braga

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