domingo, 25 de fevereiro de 2024
Cipreste-dos-pântanos
Cipreste-dos-pântanos
O cipreste-dos-pântanos ou cipreste-calvo (Taxodium distichum (L.) Rich) é uma planta, pertencente à família Cupressaceae, oriunda das regiões pantanosas do sudeste dos Estados Unidos da América.
O nome do género Taxodium deve-se à semelhança entre as folhas das suas duas espécies com as folhas dos teixos e o da espécie distichum deve-se ao facto das suas folhas estarem distribuídas em duas filas.
O cipreste-dos-pântanos é uma conífera caducifólia que na natureza pode atingir até 40 metros de altura, com copa piramidal e ramos horizontais. O seu tronco alarga-se na base e a sua casca é grossa e fibrosa de cor castanho-avermelhada. As suas folhas com 1 a 2 com de comprimento são em forma de agulha, com cor verde-claro na primavera, um pouco mais escuras no verão e vermelho-acastanhadas no outono. As suas flores, que surgem em março e abril, são de cor púrpura, encontrando-se as masculinas em cachos pendentes e as femininas espalhadas pela árvore.
Em solos inundados, o cipreste-dos-pântanos emite raízes aéreas modificadas que se denominam penumatóforos que têm a função de captar o oxigénio atmosférico e também contribuem para a sustentação das árvores.
É possível observarmos cipreste-dos-pântanos com penumatóforos no Parque Terra Nostra e nas margens da Lagoa das Furnas. No Jardim José do Canto, em Ponta Delgada, como o solo é bem drenado, o exemplar lá existente não os desenvolveu.
Para além dos locais referidos, encontram-se ciprestes-dos-pântanos no Parque Beatriz do Canto e na Mata-Jardim José do Canto, na margem sul da Lagoa das Furnas.
Raimundo Quintal, no seu texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2019, propôs que o exemplar existente no Parque Terra Nostra fosse classificado como de interesse público.
Introduzido na Europa em 1640, o cipreste-dos-pântanos terá, segundo António Saraiva (2020) sido introduzido em Portugal continental “provavelmente por Edmond Goeze, a partir de uma oferta de José do Canto.”
Ao contrário do que supôs António Saraiva (2020) que atribuiu a sua introdução nos Açores a José do Canto, através da leitura de um texto publicado no nº 18, de junho de 1849, de “O Agricultor Michaelense”, fica-se a saber que tal facto se deveu a Thomaz Anglin:
As primeiras árvores desta espécie conhecidas em São Miguel foram importadas da America pelo Sr. Thomaz Anglin, e a despeito d’uma longuíssima e tormentosa viagem, em que morreram outras interessantes plantas que aquelle memso Sr. trazia, vingaram estas, não se ressentindo das contrariedade do mar.Também por intervenção do Sr. Anglin foram introduzidas no anno de 1847 algumas sementes do mesmo cypreste, as quaes nasceram facilmente, e hão crescido rapidamente.
No que diz respeito à sua multiplicação, Saraiva (2020), menciona que a sua propagação se faz por sementes, que devem ser colocadas na terra no outono “ou estratificadas a 4º C durante 90 dias. As jovens plantas devem ficar em solo húmido, mas sem água à superfície.”
A sua madeira, sendo branda e leve, é fácil de trabalhar, sendo por isto usada na construção civil.
Saraiva (2020) destaca o valor paisagístico dada a cor das suas folhas e Quintal num texto intitulado “Ciprestes dos pântanos na Lagoa das Furnas” (2021) ao escrever que “Estas gimnospérmicas caducifólias são um espetáculo de cor!” corroboram o que em 1949 foi escrito em “O Agricultor Michaelense”:
“Esta árvore tão preconizada reúne ainda a propriedade de ser elegante no sue porte, e possuir uma folhagem dificilmente excedida em beleza, por nenhuma outra. Com especialidade na primavera quando as suas mimosas folhas começam a desabrochar, e o verde claro d’ellas principia de avultar por entre os ramos symetricos, e horizontaes, +e de encantador aspecto, e muito para ver.”
Teófilo Braga
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