terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Costela-de-adão


Se é verdade que a costela-de-adão é uma planta ornamental muito conhecida entre nós não será menos verdade dizer que muito poucos conhecem o agradável sabor do seu fruto que para a princesa Isabel (1846-1921), filha do Imperador D. Pedro II do Brasil, era o melhor de todos.

A costela-de-adão, banana-d’água, filodendro, banana-de-macaco ou fruto-delicioso, na Madeira (Monstera deliciosa Liebm.), é uma planta pertencente à família Araceae, nativa da América Central e cultivada em todo o mundo, sobretudo em regiões tropicais e temperadas.

A designação científica da planta é explicada por João Santos Costa, na página Web da revista Jardins, do seguinte modo:

“O epíteto específico do seu nome deliciosa significa “delicioso”, referindo-se objetivamente ao seu fruto comestível e enormemente apreciado por todo o mundo, sendo que o seu género, Monstera, tem origem na palavra latina com tradução de “monstruoso” ou “anormal” e refere-se às folhas incomuns com buracos naturais que os membros do género têm, chamadas tecnicamente fenestrações.” (https://revistajardins.pt/)

A costela-de-adão é uma planta trepadeira, facilmente identificável pela forma e tamanho das suas folhas que são muito grandes, cordiformes, perfuradas e com longos pecíolos. O caule é lenhoso, podendo atingir até 3 m de comprimento. A suas flores, que surgem durante todo o ano, são esbranquiçadas e muito aromáticas. Os frutos são verdes, em forma de pinha alongada e quando maduros apresentam aroma a banana-ananás.

Nos Açores, é cultivada ou encontra-se naturalizada no Faial, Flores, Graciosa, Pico e São Miguel, surgindo na floresta de incenso, ravinas, locais incultos, geralmente abaixo dos 300 m de altitude.

O seu valor ornamental foi reconhecido por José do Canto que ao construir o seu jardim em Ponta Delgada, incluiu a costela-de-adão entre as plantas que lá colocou. Assim, em 1856, faziam parte da lista das plantas existentes naquele espaço a Monstera linnei e a Monstera pertusa.

Mais tarde, em 1868, os mesmos taxa faziam parte de uma lista de plantas, de José do Canto, multiplicadas em maior número, disponíveis para doação ou permuta.

A costela-de-adão é muito usada como planta ornamental de interior e existe em vários jardins, tanto públicos como privados, como o Jardim António Borges ou o Jardim José do Canto, em Ponta Delgada.

Os seus frutos quando bem maduros são comestíveis e muito deliciosos. Podem ser comidos frescos isoladamente ou em salada de frutas. Por conterem uma elevada percentagem de oxalato de cálcio os frutos verdes ou não completamente maduros não devem ser consumidos, pois podem provocar irritações na garganta.

Yolanda Corsépius, no seu livro “Algumas Plantas Medicinais dos Açores”, na segunda edição, de maio de 1997, menciona o uso medicinal de 40 g das folhas secas, em decocção num litro de água durante 5 minutos. A mesma autora apresenta as seguintes recomendações: “Para se comer o polme do fruto- doce, carnudo e laxante- deve apanhar-se o fruto maduro e deixar que os discos da cobertura caiam espontaneamente. Come-se o polme com o auxílio de um garfo.”

Vieira, Moura e Silva (2020) referem que as folhas e os frutos da costela-de-adão são usados medicinalmente, pois possuem as seguintes propriedades: antiartrítica, antirreumática e laxante.

Teófilo Braga

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