segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024
Perrexil
Perrexil
O perrexil, perrexil-do-mar ou funcho-do- mar (Crithmum maritimum L.) é uma planta da família Apiaceae, nativa das costas do mar Mediterrâneo e do Atlântico europeu, das Canárias, da Madeira e dos Açores, existindo em todas as ilhas açorianas.
O perrexil é uma planta herbácea de porte pequeno, podendo atingir 50 cm. E uma planta suculenta com folhas carnudas, lanceoladas e acinzentadas. As flores apresentam-se em umbelas terminais com pétalas verde-amareladas. Os frutos são ovoides amarelados.
O perrexil encontra-se preferencialmente em zonas supralitorais rochosas, geralmente até aos 20 m de altitude.
Utilizado desde os primeiros tempos do povoamento dos Açores, Gaspar Frutuoso no capítulo XLII do livro IV das Saudades da Terra, ao descrever o litoral da Lagoa, ilha de São Miguel, fez referência ao perrexil nos seguintes termos:
Deste lugar donde saíram os franceses a dois tiros de besta, correndo a costa direita, está uma pequena ponta que por ser alta se chama o Muimento, onde há muito perrexil;
…
Indo dali para loeste, está o biscoutal grande, em comparação dos outros pequenos, seus vizinhos, que terá légua de comprido por aquela costa, toda de pedra de biscouto seco e raso, com o mar, sem rocha nenhuma alta, onde se acha muito perrexil, agradável e apetitoso manjar para enjoados e famintos no mar, e fartos e enfastiados na terra; e pela banda da terra, vinhas e pomares ornados com quintas e casas alvas, antre sua fresca verdura, com que fica todo aquele sítio muito aprazível à vista de quem o vê e muito mais deleitoso a quem o goza.
Durante as navegações já se conheciam as propriedades curativas do perrexil de modo que a planta era usada para combater o escorbuto.
De acordo com o médico Acúrcio Garcia Ramos, no seu livro “Noticia do Archipelago dos Açores e do que ha mais importante na sua história natural”, publicado em 1871, costumava “servir-se nas mesas em conserva de vinagre”.
Em 1884, António Borges do Canto Moniz, ao escrever sobre a flora e fauna da ilha Graciosa faz referência ao perrexil nos seguintes termos: “encontra-se grande abundância d’esta planta nas rochas e vinhas próximas do mar, e d’ella fazem os graciosenses apreciável conserva.”
Na página “Produtos Tradicionais Portugueses” da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, apresenta o modo de preparar o perrexil para uso na alimentação:
“Ingredientes utilizados: Perrexil; cebolinha; pimento vermelho; sal e vinagre.
Modo de preparação: Separar a flor da planta, deixando somente as folhas a reservar. Lavar as folhas, mergulhando-as em água por algum tempo para lhes retirar alguma sujidade e reservar. Descascar a cebolinha e reservar; cortar o pimento em tiras finas e reservar. Preparar os recipientes para conserva (frascos). Escorrer as folhas do excesso de água, e separá-las em pequenos galhos com três ou quatro folhas cada e reservar. Colocar os galhos dentro dos frascos, adicionar a cebolinha e o pimento vermelho, borrifar com um salpico de sal grosso. Encher os frascos com vinagre de vinho e fechar. O curtume está pronto a consumir quando a planta atingir a tonalidade verde azeitona, ou seja, um verde desmaiado, o que acontece entre os 15 e 30 dias, mínimo/máximo; retirar do recipiente e passar por água corrente.” (https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/)
O Dr. Oliveira Feijão, no livro “Medicina pelas Plantas” refere o uso das “folhas frescas em infuso ou cozimento…como diuréticas (gota, hidropisias, etc.)”.
Teófilo Braga
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