sábado, 27 de julho de 2019

A propósito da energia nuclear


A propósito da energia nuclear

No passado dia 11, um sismo e o tsunami a ele associado, ocorridos no Japão, fizeram voltar à ordem do dia a questão do uso da energia nuclear de fissão para fins pacíficos, isto é para a produção de electricidade.
Não faremos, neste texto, qualquer menção ao seu uso para fins militares pois pensamos ser consensual a sua condenação por parte de todos, embora exista quem se preocupe com o facto de alguns países possuírem armas nucleares e não verem qualquer inconveniente em outros as terem. Isto independentemente de se tratar de democracias ou ditaduras, pois como temos constatado, nos últimos tempos, os ditadores, enquanto não caem em desgraça, são equiparados a democratas desde que sejam “nossos” amigos.
Apresentada como solução para o nosso país fortemente dependente dos derivados do petróleo, quer para os transportes quer para a produção de electricidade, e como o melhor processo de combater o agravamento do efeito de estufa, a nível mundial, pois segundo os seus defensores seria a verdadeira alternativa aos combustíveis fósseis, a energia nuclear apresenta problemas que são escondidos pelo discurso dos tecnocratas.
Segundo aqueles, o desenvolvimento científico e tecnológico já havia feito com que os riscos associados às centras nucleares se tornassem quase nulos e mesmo assim perfeitamente controláveis. Como nos mostra o recente acidente ocorrido nas duas centrais nucleares japonesas, as referidas afirmações não correspondem à verdade nem foi apresentada, até hoje, uma solução segura para o depósito final dos resíduos nucleares.
Face ao exposto, não podemos continuar a apostar na energia nuclear de fissão, vulnerável a catástrofes naturais e a ataques terroristas, para produzir electricidade, mas sim optar por formas mais limpas e seguras, como o são as energias renováveis e, antes disso, apostar na sua utilização racional, pois a energia mais limpa é a que não se produz/consome.
Nos Açores, não podemos ficar satisfeitos e muito menos atirar “roqueiras” com o aumento que se tem verificado na produção de energia eléctrica através das fontes renováveis. É importante, também, saber se esta produção está aberta a todos os interessados ou se é beneficiado, apenas, algum grupo económico e se o aumento do consumo se traduz em melhor qualidade de vida ou em produção de riqueza.
Por último, deixamos aqui uma questão: Será que a ilha de São Miguel precisa da energia eléctrica que pretendem produzir com a queima dos resíduos sólidos urbanos? Ou, em nome do desenvolvimento sustentável, vai ser fomentada, mais do que até aqui, a irresponsabilidade e o desperdício?
Pico da Pedra, 13 de Março de 2011
Teófilo Braga

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