terça-feira, 30 de julho de 2019

Educação Ambiental e Percursos Pedestres



Educação Ambiental e Percursos Pedestres

“Os povos civilizados dependem demasiado da página impressa. Eu voltei-me para o livro do Grande Espírito, que é o conjunto da sua criação. Podeis ler uma grande parte desse livro estudando a natureza. Se tomardes todos os vossos livros e os estenderdes ao sol, deixando durante algum tempo a chuva, a neve, os insectos fazerem a sua obra, nada mais restará. Mas o Grande Espírito fornece-nos a possibilidade de estudar na universidade da natureza: as florestas, os rios, as montanhas e os animais” ( Tatanga Mani dos Stoney)

O caminho percorrido pela Educação Ambiental como procura de respostas para os problemas da biosfera teve início, em Junho de 1972, com a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo. Com efeito, a Declaração sobre o Ambiente Humano recomenda o estabelecimento de um programa internacional de Educação Ambiental e reconheceu a esta o seu papel crítico para combate à crise ambiental no mundo.

Outro marco histórico de enorme importância para o desenvolvimento da Educação Ambiental, talvez o mais decisivo, foi a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Conferência de Tbilisi), que se realizou, entre 14 e 26 de Outubro, na Geórgia (Ex- URSS). A Declaração sobre Educação Ambiental, aprovada em Tbilisi, precisou a natureza da educação ambiental, definiu os seus objectivos e as suas características, assim como as estratégias para o seu desenvolvimento. O princípio geral da Educação Ambiental aprovado na Declaração de Tbilisi pode ser enunciado do seguinte modo:

Fazer compreender às pessoas e à comunidade a natureza complexa resultante dos factores físicos, biológicos, sociais, económicos e culturais, do ambiente natural e urbano e dar a estas pessoas ou comunidades a oportunidade de adquirir os conhecimentos, os valores as atitudes e as aptidões práticas que lhes permitam ajudar de uma maneira responsável e eficaz a prever e resolver os problemas ecológicos e gerir a qualidade do ambiente.
Para alcançar aquele princípio, a Educação Ambiental deverá respeitar, entre outros pontos, os seguintes:

- considerar o ambiente no seu todo (natural, social, económico, político, moral, estético, histórico-cultural);
- constituir um processo contínuo, iniciando-se ao nível do ensino pré- escolar e prosseguir através de todas a s etapas da educação formal e não- formal;
- adoptar uma abordagem eminentemente interdisciplinar orientada para a resolução de problemas locais;
- desenvolver o espírito crítico;
- procurar a autonomia e a participação dos educandos na organização da aprendizagem;

Em 1992, subscrito por 34 associações de defesa do ambiente, entre as quais os Amigos dos Açores, foi aprovado em Évora o “Contributo das Associações de Defesa do Ambiente para uma Estratégia Nacional de Educação Ambiental”. Um dos objectivos definidos naquela proposta foi o de potenciar a participação das populações locais na Educação Ambiental formal e não formal. Para a sua concretização aponta-se a criação de Centros de Iniciação ao Ambiente, bem como de Espaços Educativos de Suporte à Educação Ambiental e o estabelecimento de percursos pedestres de descoberta.

Desde 1985, data da sua fundação, os Amigos dos Açores já promoveram mais de uma centena de passeios pedestres/ visitas de estudo destinadas a adultos e a jovens em idade escolar, já editaram e reeditaram 11 roteiros de percursos pedestres, num total de cerca de 20.000 exemplares publicados, sempre com o objectivo de promover o contacto mais estreito entre o homem e a natureza, possibilitando o conhecimento das espécies animais e vegetais, da história local, da geologia, etc. Para além do referido, os percursos pedestres, não só constituem um importante instrumento pedagógico para a implementação da educação ambiental, mas também têm um papel importante na promoção do turismo e do lazer.

BIBLIOGRAFIA

CONTENTE, J., BRAGA, T. (1996). Educação para o Ambiente, polic
DIAS, G., (1992). Educação Ambiental: princípios e práticas, São Paulo, Editora Gaia, Ltda.
MELO, J., (1999). Os 500 Anos do Brasil e a Educação Ambiental, polic.
OSTOLAZA, M. (1996). Eco- Auditoria Escolar, Vitória- Gasteiz, Servicio Central de Publicaciones del Gobierno Vasco
ROCHA, P., (1999). Arte Educação Ambiental para uma Cidadania Político- Participativa, polic.
-------- (1992), Contributo das Associações de Defesa do Ambiente para a Estratégia Nacional de Educação Ambiental, Évora, Centro de Iniciação ao Ambiente- Liga para a Protecção da Natureza

Teófilo Braga, Presidente da Direcção dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica
(Açoriano Oriental, 5 de junho de 2000)

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