sexta-feira, 26 de julho de 2019

“Charcos com Vida” uma campanha com potencialidades


“Charcos com Vida” uma campanha com potencialidades

Com já escrevi em textos anteriores, a educação ambiental deixou de ser prioridade nos Açores, pelo menos a nível oficial, primeiro com as dificuldades criadas à participação dos professores nos encontros anuais de educação ambiental, depois com o desaparecimento destes e mais recentemente com o desmantelamento da Rede Regional de Ecotecas.
Por parte das associações de ambiente a situação não é melhor, com efeito, tendo apenas em conta as informações que nos chegam através da comunicação social ou as constantes nas suas páginas internet ou blogues, a maioria das associações tem uma actividade muito reduzida, concentrando a sua actividade na campanha SOS Cagarro, ou está mesmo inactiva. Para as mais interventivas, o grosso das actividades está relacionado com o lazer, como são os percursos pedestres organizados pelo que penso serem as maiores associações dos Açores, os Amigos dos Açores e os Montanheiros ou com a prestação e serviços.
Vem esta introdução a propósito do desaparecimento (?), pelo menos em São Miguel, da campanha “Coastwatch Europe”, que durante algum tempo envolveu algumas escolas, alguns professores, muitos alunos e um número razoável de voluntários e cujo objectivo era “alertar para os principais problemas do litoral, através da sua observação directa, nomeadamente aqueles que resultam da ocupação humana ao longo de várias gerações”, e do surgimento da campanha “Charcos com Vida”.
A Campanha “Charcos com Vida”, iniciativa do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, unidade de Investigação e Desenvolvimento “que desenvolve investigação básica e aplicada em todas as componentes da biodiversidade: genes, espécies e ecossistemas”, pretende, através da realização de um conjunto variado de actividades, descobrir, valorizar e investigar os charcos e a sua biodiversidade.
Dadas as potencialidades da Campanha “Charcos com Vida”, tanto em termos da promoção da curiosidade científica, como pelo facto de ser um meio de implementar a educação ambiental, seria uma pena que a mesma não se estendesse a todo o território nacional, designadamente ao arquipélago dos Açores.
Assim, em virtude da campanha referida ser direccionada para todas as escolas do ensino básico e secundário e estar aberta à participação de outros interessados, como autarquias, centros de educação ambiental e associações, deixamos aqui o desafio, nomeadamente às associações escutistas e às associações de defesa do ambiente, para que adiram à mesma.
De igual modo, o desafio é extensivo a todas as Eco-escolas dos Açores. A sua participação na Campanha “Charcos com Vida”, para além de não sobrecarregar muito mais o trabalho voluntário que já é realizado pelos docentes, poderá constituir um valioso complemento às actividades já realizadas quando o tema em estudo é o da água.

Pico da Pedra, 9 de Janeiro de 2011
Teófilo Braga
(Publicado no jornal Terra Nostra, nº 493, p.22, 21 de Janeiro de 2011)

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