segunda-feira, 29 de julho de 2019

O meu contributo


O meu contributo

Desde muito jovem aprendi que é com trabalho, muito trabalho, com determinação, não virando a cara à luta por maiores que sejam as contrariedades, que quem não nasceu em berço de ouro consegue singrar na vida, sem espezinhar os seus semelhantes.
Aprendi com o exemplo de familiares meus que na sua maioria teve que emigrar para poder sobreviver com alguma dignidade porque este país não trata com equidade os seus filhos. Também, fui aprendendo, através da minha participação em diversos movimentos sociais, como o sindical, o cooperativo, o ecologista, o ambientalista e o de defesa dos direitos dos animais que os de cima nada oferecem se não forem obrigados a isso.
Face às derrotas, em maior número do que as vitórias, habituei-me a não desistir. Ao longo da vida aprendi que, a maior parte das vezes, a razão só nos é dada passadas uma ou mais décadas.
Hoje, face à situação em que o país se encontra, penso que já não há espaço para os movimentos sociais, para o protesto, para manifestações, para greves, mesmo que só de um dia, pois prejudicam a economia nacional mais do que um mau governo a desgovernar todos os dias, ou para simples petições.
Hoje, temos que nos unir todos e colaborar com os nossos governantes para salvar Portugal.
Plagiando o notável e injustamente esquecido, nos Açores, jornalista e escritor terceirense Jaime Brasil, quero afirmar publicamente que não só estou disposto a que me reduzam o vencimento como também, se preciso for, a trabalhar de graça só pelo prazer de ver os meus governantes felizes.
Além disso, como já se fala em aumento do número de horas de trabalho semanal, quero declarar que os horários existentes em Portugal são horários reduzidos, mais adequados a malandros. Assim, apesar dos meus problemas de saúde, terei todo o gosto em trabalhar no mínimo catorze ou quinze horas por dia para que a pátria, que tanto amo, não seja vista aos olhos do mundo como caloteira, embora as dívidas tenham sido feitas em meu nome sem o meu consentimento.
Espero que outros sigam o meu exemplo e que a minha colaboração seja, superiormente, aceite.
Teófilo Braga
(Terra Nostra, nº 590, 30 de Novembro de 2012, p.19)

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