sábado, 6 de julho de 2019

"Se queres conhecer o vilão, põe-lhe uma vara na mão!"


"Se queres conhecer o vilão, põe-lhe uma vara na mão!"

Em texto anterior escrevi que só concebo uma associação de defesa do ambiente que tenha por base a participação voluntária dos seus associados. Sou visceralmente contra qualquer profissionalização das associações, o que não quer dizer que estas não possam ter um ou dois profissionais ao seu serviço, desde que aquelas tenham receitas próprias suficientes para o seu pagamento. Contudo uma condição, também, defendo: os profissionais não podem ter qualquer poder de decisão, isto é, não poderão fazer parte dos órgãos sociais e apenas pontualmente poderão representar a associação.

Mas, para poder funcionar na base do voluntariado é condição necessária que os associados que se disponibilizem para desempenhar qualquer cargo ou implementar determinada acção o façam. Caso contrário, todo trabalho recairá sobre as costas de um grupo reduzido, levando ao cansaço que poderá, no limite, levar ao abandono. Além disso, o simples adiar de compromissos poderá comprometer a actividade toda a associação.

Não entendo as associações como espaço para demonstrações de poder pessoal, qualquer que seja a sua fonte, nem teatro para a imposição de preconceitos ou ideologias de cada um, antes pelo contrário devem ser espaços de participação colectiva, de partilha de conhecimentos, de entreajuda e de colaboração com vista à “construção de um mundo mais justo, limpo e pacífico”.

Por último, as associações não podem, em caso algum, transformar-se em organizações trampolim, isto é servirem para alguns indivíduos ganharem visibilidade social para guindarem-se a cargos ao serviço do estado ou das empresas, esquecendo-se, muito rapidamente, dos “ideais” que defendiam. Se têm dúvidas olhem à sua volta e vejam, quantos membros de associações formais ou informais se envolveram em causas ambientais e que ao ocuparem determinados cargos pouco ou nada fizeram para que nos Açores tenhamos um melhor ambiente e uma melhor qualidade de vida.

(Publicado no Jornal Terra Nostra, nº 366, 15 de agosto de 2008, p. 27)

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