quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Tupinambo


Tupinambo

O tupinambo, alcachofra-de-jerusalém ou girassol-batateiro (Helianthus tuberosus L.) é uma planta da família Asteraceae, muito parecida com o girassol, nativa da América do Norte e é cultivada em virtude do seu tubérculo ser comestível.

É uma planta herbácea perene, com caules cilíndricos e direitos que podem atingir dois metros de altura. As suas folhas são alternas e de forma oval ou cordiforme. As suas flores são amarelas e encontram-se dispostas em capítulos.

Trazida para a Europa pelo navegador Samuel Champlain, em 1625, alguns autores consideram que mais do que ser comestível pelos humanos a sua importância está na sua utilização na alimentação do gado.

A plantação do tupinambo faz-se na primavera e a colheita, que deve ser feita anualmente, no fim do inverno. Como os tubérculos conservam-se melhor na terra devem ser retirados à medida das necessidades.

O tupinambo deve ser plantado em linhas, em covas distanciadas entre si de 0,5 m, colocando em cada uma um tubérculo à profundidade aproximada de 0,15 m.

Hoje, a sua cultura nos Açores é quase nula, apenas conhecendo-se, uma quinta em modo de produção biológico existente na freguesia das Capelas, ilha de São Miguel, que cultiva e usa o tupinambo na alimentação.

Não se conhece com precisão a data da introdução do tupinambo nos Açores, mas sabe-se que a sua cultura foi fomentada no século XIX, pela Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense que publicou vários textos sobre o seu cultivo em diversos números do seu órgão periódico, “O Agricultor Micaelense”.

No nº 1 da referida publicação do ano de 1848, é publicado um anúncio onde é pedido aos interessados em cultivar o tupinambo para se inscreverem na tipografia onde era impressa a revista a fim de receberem depois os tubérculos destinados a tal fim. No texto, pode ler-se o seguinte: “ d’esta útil planta, que substitue as batatas ordinárias, sem ser sujeita ao mal que as tem perseguido, nos últimos anos, possuindo a vantagem de medrar no péssimo dos terrenos, sem auxilio d’estrume…”

No nº 2, relativo ao ano referido, é publicado um texto sobre o modo de cultivo do tupinambo que se transcreve um extrato:

“O tempo da sementeira é no fim de Fevereiro, e o mais tardar, até aos primeiros quinze dias de Março. A todos os terrenos se amolda; nos bons melhor produz; mas nos áridos sujeitos a secas não descontenta. Não carece de estrume, quem o quiser, porém amimar, pode usar de cinza: se a terra for grossa, e fechada, areia ou cascalho é o melhor correctivo. Plantam-se as todas em regos de 6 palmos de intervalo, com distância de 3 palmos de pé a pé, e na fundura de meio palmo.

Em a planta chegando a palmo e meio d’altura, dá-se um sachinho a matar a monda, e alguns dias depois abarba-se bem abarbada. Cortam-se todas as flores amarelas do tupinambo, mal aparecem, quando não, diminuem a colheita…”

Na alimentação de animais são usados os tubérculos crus ou cozidos e os ramos e as folhas verdes.

Na alimentação humana o tupinambo pode substituir a batata, sendo um alimento indicado para diabéticos pelo facto de ser rico em inulina (um frutano, polissacarídeo da frutose). Além disso é pouco calórico e contém as vitaminas A, B, C e D e os minerais ferro, silício e potássio). Os tubérculos podem ser consumidos crus, cozidos, fritos, em conservas ou transformados em farinha.

O tupinambo, também, pode ser usado como matéria-prima para o fabrico de um álcool de boa qualidade.

No livro “Medicina pelas Plantas”, o médico Oliveira Feijão, escreveu que a maceração das folhas em vinho tinto é utilizada como calmante e resolutivo e o infuso das flores como febrífugo e anti oftálmico”.

Teófilo Braga

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