sexta-feira, 28 de junho de 2019

A Pegada Ecológica dos Açores


A Pegada Ecológica dos Açores

A pegada ecológica, como medida da exigência do homem na biosfera, foi um conceito desenvolvido pelos autores do livro “Our Ecological Footprint - Reducing Human Impact on the Earth” (1996), Mathis Wackernagel e William Rees.

A pegada ecológica, que pode ser definida como sendo a área produtiva equivalente de terra e mar necessária para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos gerados por uma dada unidade de população, tem crescido demasiado nos últimos anos. De acordo com o Relatório Planeta Vivo-2006, da responsabilidade do WWF- Rede de Organizações Não Governamentais, criada em 1961, cuja finalidade é “conter a degradação do ambiente e construir um futuro em que o homem viva em harmonia com a natureza”, a pegada ecológica global da humanidade, entre 1961 e 2003, quase que quadruplicou, tendo este aumento sido muito maior do que o da população mundial que, no mesmo período de tempo, apenas aumentou quase o dobro.

De acordo com o citado relatório, entre 1961 e 2003, uma das componentes da pegada ecológica, a do dióxido de carbono (CO2), resultante do uso dos combustíveis fósseis aumentou mais de 10 vezes. De acordo com o estudo “Perspectivas para a Sustentabilidade na Região Autónoma dos Açores”, publicado em 2006, no ano de 2003, era de 6,5 t de CO2 equivalente per capita o valor da emissão de GEE, nos Açores, sendo as fontes combustíveis responsáveis por 4,2 t equivalente por habitante e a meta de aumento da emissão de GEE estabelecida pelo Protocolo de Quioto já tinha sido ultrapassada nos Açores, desde 1988.

Ainda, segundo a publicação “Perspectivas para a Sustentabilidade na Região Autónoma dos Açores”, em 2002, a pegada ecológica dos Açores era de 3,9 ha/hab, sendo a bio-capacidade (área efectivamente existente) de 2,25 ha/hab o que significa que temos um deficit ecológico de -1,65 ha/hab. Assim sendo, para sustentar o actual estilo de vida necessitariamos de é 1,7 Açores.

Perante tal situação, há que repensar o actual modelo de desenvolvimento, baseado no crescimento económico ilimitado, há que adoptar uma nova ética, abandonando a actual antropocêntrica e caduca, e há que tomar medidas para que, com a partipação de todos os açorianos, se construa uma Região mais justa, limpa e pacífica.

Por último, há que desmistificar, a ideia de que as questões ambientais são um campo das ciências biológicas ou das engenharias, bem como ultrapassar a noção que considera que o ambiente é o mesmo que natureza e os seus recursos. Sendo muito mais do que isso, a luta dos activistas (ambientalistas, ecologistas, etc.), deve ser feita em várias frentes, nomeadamente a técnica, a política e a ética.

Teófilo Braga


(Publicado no Jornal “Terra Nostra”, 3 de agosto de 2007)

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