domingo, 2 de junho de 2019

Caldeira das Sete Cidades


Caldeira das Sete Cidades

A caldeira das Sete Cidades, com um diâmetro médio de 5 quilómetro e uma profundidade máxima de 400 metros, nas proximidades do marco geodésico dos Remédios, foi formada por colapsos sucessivos do topo da montanha , o primeiro dos quais terá ocorrido há cerca de 21.000 anos. Após a sua formação, ocorreram numerosos erupção vulcânicas explosivas no seu interior, estando actualmente contabilizadas cerca de dezenas e meia de erupções.

Os bordos da caldeira das Sete Cidades apresentam-se quase sempre segundo vertentes muito inclinadas, sendo sobretudo nestas que é possível encontrarmos alguns vestígios da vegetação primitiva dos Açores. Outrora, revestida de matas de cedro, faias e louros etc., hoje, a caldeira das Sete Cidades está profundamente humanizada, desenvolvendo-se diversas actividades, com predomínio para a silvicultura e a agro-pecuária.

No interior da Caldeira, para além das Lagoas Azul e Verde existem mais duas lagoas: a Rasa e a de Santiago. Esta, ocupa uma cratera alongada, segundo a direcção Norte-Sul, com um comprimento máximo de cerca de 1150 m e uma largura máxima de cerca de 850 m. Outrora rodeada por vegetação primitiva, no interior da cratera onde está implantada a Lagoa de Santiago predominam espécies exóticas, com destaque para o incenso (Pittosporum undulatum), a criptoméria (Cryptomeria japonica) e a conteira (Hedychium gardneranum). Contudo, ainda podemos encontrar muitos elementos da vegetação natural como o louro, (Laurus azorica), o tamujo (Myrsine africana), a uva da serra (Vaccinium) cylindraceum), o azevinho (Ilex perado ssp. azorica), o cedro do mato (Juniperus brevifolia), a urze (Erica scoparia ssp. azorica) e o sanguinho (Frangula azorica).

As Lagoas Azul e Verde estão orientadas segundo uma direcção SW/NE. A lagoa Verde possui uma área de 0,82 Km2 e um perímetro de 4 Km, sendo a sua profundidade máxima 29,6m e a média 18,7m enquanto que a Azul possui uma área de 3,55 Km2 e um perímetro de 8,5 Km, sendo a sua profundidade máxima 33,5m e a média 17,81m.

A flora da zona litoral das duas lagoas apresenta diversas espécies, entre as quais se destacam: Potamogeton polygonifolius, Potamogeton lucens, Myriophyllum alterniflorum, Ceratophyllum demersum, Egeria densa, Eleocharis palustris, Nymphaea alba e Chara fragilis.

Relativamente à fauna ictiológica destacam-se, actualmente, entre as espécies existentes na lagoa, o Rutilus macrolepidotus (ruivaca), o Rutilus rutilus (ruivo), o Cyprinus rex (carpa espelho), o Cyprinus carpio (carpa comum), a Perca fluviatilis (perca) e o Esox lucius (lúcio).


O túnel com o canal de fixação do nível da água da lagoa das Sete Cidades que liga a lagoa à Grota do Alqueive que corre em direcção aos Mosteiros foi projectado pelo Eng. Francisco Xavier Vaz Pacheco de Castro e os trabalhos de perfuração iniciaram-se no dia 1 de Outubro de 1930, pelo lado da lagoa, no vale do Cabouco e, a 11 de Março de 1935, pelo lado Oeste na grota do Alqueive. O volume do material escavado foi de 539 m3, a céu aberto e 8 398 m3 em túnel, dos quais 4 415 m3 de rocha maciça. Uma curiosidade que importa registar é o facto de, à distância de 133 m da boca Leste, ter sido encontrado um galho de cedro, que a pedido da Secção de Geologia e Mineralogia do Museu Carlos Machado, foi enviado para o laboratório Geofísico da Mobil, em Dallas, Texas (E. U. A.) para datação. A idade atribuída por aquele laboratório, em 6 de Junho de 1965, foi de 4167 anos, sendo portanto contemporâneo das pirâmides do Egipto.

Bibliografia:
CONSTÂNCIA, J., BRAGA, T., NUNES, J., MACHADO, E., SILVA, L., (2001), Lagoas e Lagoeiros da Ilha de São Miguel. Amigos dos Açores – Associação Ecológica, Ponta Delgada, 2ª edição.

Teófilo Braga
(Terra Nostra, 241, 20 de agosto de 2004)

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