domingo, 16 de junho de 2019

PERCURSO PEDESTRE “LAGOA DAS FURNAS- RIBEIRA QUENTE”



PERCURSO PEDESTRE “LAGOA DAS FURNAS- RIBEIRA QUENTE”


Ponto de Partida – Caldeiras da Lagoa das Furnas
Ponto de Chegada- Ribeira Quente
Extensão: 12 km
Duração média: 4h
Grau de Dificuldade: Médio
Grau de Perigosidade: Médio

O percurso inicia-se nas “Caldeiras da Lagoa das Furnas”, um dos mais importantes campos fumarólicos dos Açores. Estas fumarolas estão associadas a aquíferos superficiais em ebulição, localizados a 100-200 m de profundidade e a temperaturas de cerca de 160º C, cuja fonte de calor provém de corpos magmáticos introduzidos associados ao vulcanismo recente da Caldeira das Furnas.

A Caldeira das Furnas é uma depressão vulcânica de subsidência, com cerca de 6 km de diâmetro e que atinge 250 metros de desnível nos sectores Norte e Este da depressão, nomeadamente junto ao miradouro do Salto do Cavalo.A Lagoa das Furnas ocupa uma área de cerca de 2 km2 e possui uma profundidade máxima de cerca de 12 metros.

O segundo posto localiza-se em frente à Ermida de Nossa Senhora das Vitórias. Mandada edificar por José do Canto, a ermida foi inaugurada a 15 de Agosto de 1886, encontrando-se implantada num num terreno com mais de 600 hectares, todo ele mandado arborizar pelo seu proprietário, que foi um dos principais introdutores de novas espécies, que hoje fazem das nossas ilhas um autêntico jardim botânico. Contudo, segundo Jácome Corrêa “os folhados (Viburnun tinus ssp. subcordatum), os paus brancos (Picconia azorica), os sanguinhos (Frangula azorica), a uveira da serra (Vaccinium cylindraceum) da flora insular e própria da região foram conservados”. Muito perto da ermida e da casa, situa-se o Vale dos Fetos, uma grande atracção para quem tem a oportunidade de o visitar.

O terceiro posto localiza-se junto ao entroncamento com o trilho que vai até ao Pico da Areia, relativamente perto do Pico do Gaspar.A região da Lagoa Seca e do Pico do Gaspar é apontada por Guest et al. como o local do centro eruptivo do episódio vulcânico que terá ocorrido nas Furnas por volta dos anos 1444-45. Esta erupção terá tido características muito idênticas a outra que também ocorreu, em 1630, no interior da Caldeira das Furnas, e que, em ambos os casos, se caracterizaram por uma fase inicial hidrovulcânica, explosiva (com formação de um anel pomítico) e uma fase final efusiva com a formação de um doma de composição traquítica.

A região da Lagoa Seca está ocupada essencialmente por pastagens e por pequenas matas de criptomérias (Cryptomeria japonica) e de acácias (Acacia melanoxylon). Neste posto, e nos anteriores, é possível observar a nossa única ave de rapina diurna, o milhafre (Buteo buteo rotschildi).

O quarto posto localiza-se no cume do Pico da Areia, uma elevação com 471 m de altitude, onde é possivel observar algumas espécies da flora primitiva dos Açores, com destaque para a urze (Erica azorica), o louro (Laurus azorica), a uva da serra (Vaccinium cylindraceum) e o folhado(Viburnun tinus ssp. subcordatum).

O percurso termina junto ao porto da Ribeira Quente, freguesia que deve o seu nome à ribeira de águas quentes que a atravessa. A este respeito pode ler-se no Album Micaelense: “A Ribeira Quente dista pouca da Povoação, e é assim chamada por causa d’uma grande ribeira que vinda do vale das Furnas, recebendo também as águas quentes das caldeiras, depois de atravessar aqelle logar, vai lançar-se ao mar”.

Na Ribeira Quente é digna de visita a sua praia, devido, essencialmente, à temperatura agradável das suas águas, aquecidas por fumarolas submersas que existem no extremo E da praia, uma das mais procuradas da ilha.

Teófilo Braga

(Terra Nostra, 279, 10 de fevereiro de 2006)

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