segunda-feira, 10 de junho de 2019

PERCURSO PEDESTRE GAITEIRA - RIBEIRA QUENTE


PERCURSO PEDESTRE GAITEIRA RIBEIRA QUENTE

Ponto de Partida- Caminho da Gaiteira (Ponta Garça)

Ponto de Chegada- Praia da Ribeira Quente

Extensão- 5,5 (aprox.)

Duração- 2h (aprox.)


O percurso pedestre inicia-se no entroncamento da estrada que liga a Ponta Garça à Estrada Regional entre Vila Franca e Furnas e um antigo caminho de terra batida que vai até à Ribeira Quente.

Ao longo do trilho que nos conduz à Ponta da Lobeira, a vegetação predominante é constituída, essencialmente, pela criptoméria (Criptomeria japonica), a cletra (Clethra arborea), a leycesteria formosa, cujas sementes fazem parte da dieta do priôlo, a única ave endémica dos Açores, a cavalinha (Equisetum telmateia) e, ainda, outras espécies, estas ornamentais, como o plátano (Platanus hybrida), a cevadilha (Nerium oleander) e o feto arbóreo (Sphaeropteria cooperi).

O percurso prossegue, entretanto, até nos encontrarmos em frente à Ponta da Lobeira, que já Gaspar Frutuoso mencionava nos seguintes termos: “... a qual Lobeira é uma baixa metida no mar tanto espaço que passam navios por antre ela e a terra, e há nela muitas cracas e mariscos. Chama-se a Lobeira por se ver nela um lobo marinho”.

Os lobos marinhos a que Frutuoso se refere, hoje extintos nos Açores, eram animais da corpulência de “um bezerro”, possuíam manchas brancas no corpo e habitavam em grutas litorais. Estas características permitem afirmar que pertenciam à espécie Monachus monachus, cuja distribuição no Atlântico se encontra hoje reduzida a um pequeno número de exemplares nas Ilhas Selvagens, arquipélago da Madeira.

Actualmente, a Ponta da Lobeira integra o Biótopo do Programa CORINE, visto representar um local de grande importância para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais da União Europeia. Este Biótopo apresenta-se como uma zona relevante para a nidificação do milhafre (Buteo buteo rothschildi) e do cagarro (Calonectris diomedea borealis). Constitui, igualmente, local de passagem e repouso para aves migradoras.

O posto final deste percurso localiza-se na Praia da Ribeira Quente, na freguesia com o mesmo nome, pertencente ao concelho da Povoação. A freguesia da Ribeira Quente deve o seu nome à ribeira de águas quentes que a atravessa. A este respeito pode ler-se no Album Micaelense: “A Ribeira Quente dista pouca da Povoação, e é assim chamada por causa d’uma grande ribeira que vinda do vale das Furnas, recebendo também as águas quentes das caldeiras, depois de atravessar aquelle logar, vai lançar-se ao mar”.

A Praia da Ribeira Quente, por seu turno, é, sem dúvida, uma das mais procuradas da ilha, devido, sobretudo, à temperatura agradável das suas águas, aquecidas pelas fumarolas submersas que existem no extremo E da praia. Este areal de cerca de 400 m de extensão é atravessado, mais ou menos a meio do seu comprimento, por um curso de água perene – a Ribeira do Fogo. As arribas que limitam a praia são formadas, essencialmente, por materiais piroclásticos, de origem pomítica.

Teófilo Soares de Braga
Terra Nostra, 265, 22 de julho de 2005

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