terça-feira, 4 de junho de 2019

ÁREAS PROTEGIDAS DO NORDESTE



ÁREAS PROTEGIDAS DO NORDESTE


O concelho de Nordeste, com uma área de 101 km2, apresenta vastas áreas arborizadas, compostas por manchas de vegetação exótica, essencialmente criptoméria, e por zonas de vegetação primitiva de elevado valor.

Algumas destas áreas, de que são exemplos a Zona de Protecção Especial do Pico da Vara/ Ribeira do Guilherme, e as Reservas Florestais Naturais da Atalhada e dos Graminhais, encontram-se protegidas e classificadas.

A Zona de Protecção Especial do Pico da Vara/ Ribeira do Guilherme é de uma importância ecológica incalculável pois abriga a única população de aves endémicas dos Açores, o Priôlo, constante do Anexo I da Directiva 79/409/CEE (Aves).

A Reserva Florestal Natural da Atalhada, criada por abranger zonas de interesse geológico, riqueza botânica e paisagística, importância para o estudo da evolução das formações vegetais e elevado potencial turístico, é, de acordo com o Doutor Paulo Borges da Universidade dos Açores, uma das áreas mais prioritárias em termos de biodiversidade de artrópodes, situando-se em quarto lugar (em 19) com base no Valor de Importância de Conservação para a fauna do solo e em décimo ( em 19) com base no Valor de Importância de Conservação para a fauna da copa.

Não temos dúvida que a Rede Europeia Natura 2000 de que faz parte a Zona de Protecção Especial “Pico da Vara/Ribeira do Guilherme”, é um importante instrumento de conservação da natureza pois visa a gestão e a conservação in situ das espécies faunísticas e florísticas e dos habitats mais importantes na União Europeia.

Para as áreas protegidas do concelho de Nordeste, consideramos que a proposta de Pereira et al (1999) faz todo o sentido, isto é as áreas existentes deveriam ser integradas numa única, aumentando-se a zona de protecção integral a qual ficaria envolvida por uma zona de protecção parcial, com a possibilidade da criação de um jardim botânico na Atalhada e de um Centro de Educação Ambiental.

Além disso, é urgente a tomada de medidas no sentido de controlar as espécies invasoras, como a cletra, a conteira, o gigante e o incenso e proceder à replantação com espécies que sirvam de fonte de alimento para o priôlo e, por outro lado, disciplinar o acesso do cada vez maior número de visitantes às áreas protegidas.

BIBLIOGRAFIA

BORGES, P. , (ed), (2002), Reservas Florestais dos Açores : Cartografia e Inventariação dos Artrópodes endémicos dos Açores- Análise Final Global e Recomendações, Universidade dos Açores, Angra do Heroísmo.

PEREIRA, A., VERÍSSIMO, L., PEREIRA, M., “Plano de Gestão Preliminar Para a Reserva Florestal Natural do Pico da Vara e Centro de Educação Ambiental Integrado (S.Miguel-Açores)”, in BEJA, P., CATRY, P., OREIRA, F. (eds.), (1999), Actas do II Congresso de Ornitologia da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, SPEA, Lisboa

Teófilo Braga

(Terra Nostra, 241, 10 de dezembro de 2004)

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